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Mapa mundial da estatura mostra em quais países as pessoas mais crescem

No Brasil, os homens ganharam 10 cm em um século; as mulheres, 11 cm

Nuño Domínguez
A altura média parou de crescer nos EUA, mas continua avançando na maioria dos países.
A altura média parou de crescer nos EUA, mas continua avançando na maioria dos países.Getty

A estatura de uma pessoa é muito mais do que alguns dígitos. Ser alto é associado com uma saúde melhor e uma vida mais longa. As pessoas de maior estatura tendem também a possuir um nível educativo mais elevado, maior renda e maior status social. Em troca, as pessoas altas são mais propensas a sofrer alguns tumores. Em geral, quanto mais rico um país, mais altos tendem a ser seus habitantes, o que faz da estatura um indicador de desenvolvimento. Agora, o novo mapa mundial de estaturas revela as mudanças mais importantes ocorridas no último século e mostra quais países crescem mais. O Brasil é um deles: os homens nascidos em 1996 têm uma estatura média de 1,73 metro, um aumento de 10 cm em relação aos nascidos um século antes. As mulheres, que antes mediam um metro e meio, alcançam hoje 1,61 em média – um avanço de 11 cm, segundo os dados do estudo, publicados hoje na revista científica de acesso gratuito eLIFE.

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O monumental trabalho abrange de 1914 a 2014 e contém a altura de mais de 18 milhões de pessoas em 200 países – a análise mais detalhada já realizada até o momento. Os dados ilustram como a estatura está se estancando em alguns países ricos, enquanto avança sem parar em outras partes do planeta tradicionalmente menos favorecidas.

Realizado em coordenação com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o estudo é fruto de uma rede de colaboração de cerca de 800 pesquisadores do mundo todo, com dados nacionais sobre doenças não transmissíveis. Fernando Artalejo, da Universidade Autônoma de Madri, é um dos cientistas espanhóis que forneceram dados para o estudo. Sua análise dos resultados é a de que “a altura dos indivíduos mede o desenvolvimento de um povo”. “A genética influi muito na altura das pessoas, mas a nutrição adequada, a educação, as boas condições de vida e a prosperidade econômica fazem com que os indivíduos alcancem a máxima altura que sua genética permite”, explica. “Como o crescimento econômico tem sido muito desigual, os habitantes dos países mais ricos continuam sendo aproximadamente 20 centímetros mais altos que os dos países mais pobres”, afirma.

Os habitantes dos países mais ricos continuam sendo aproximadamente 20 cm mais altos que os dos países mais pobres

Na maioria dos países analisados, a estatura continua aumentando. Neste grupo entram o Brasil, boa parte da América Latina e as nações do leste da Ásia. Em outros países, o crescimento se estancou, incluindo EUA e Reino Unido. Por último, a estatura média está diminuindo em países da África negra como Serra Leoa, Uganda e Ruanda, onde as novas gerações medem cerca de 5 cm menos que há 30 ou 40 anos. Os dois países cuja população mais cresceu em estatura no último século são o Irã e a Coreia do Sul. No primeiro, os homens ganharam 16 cm em média em apenas quatro gerações. No segundo, as mulheres cresceram 20,2 cm. Japão, Groelândia e países do sul da Europa, como Espanha, Grécia e Itália, também registram aumentos muito destacados. Os EUA, que em 1914 tinham ou terceiro ou quarto posto mundial em estatura de homens e mulheres, caiu para os lugares 37 e 42, respectivamente. Enquanto os norte-americanos ganharam 6 cm no último século, os chineses somaram até 11 cm.

A brecha entre os homens mais altos e os mais baixos do planeta é agora cerca de 4 cm maior que a de 1914. Entre as mulheres, a diferença continua em torno de 11 cm – similar à diferença global entre homens e mulheres.

Os homens mais altos do planeta são os holandeses (1,82 m em média) e os mais baixos são os de Timor Leste (1,62 m). Entre as mulheres, as da Letônia ocupam a primeira posição mundial (1,70 m) e as da Guatemala, a última (1,49 m).

Em países da África negra, como Serra Leoa, a estatura média está diminuindo

Majid Ezzati, pesquisador da Imperial College de Londres e coordenador dos trabalhos, diz que a análise, especialmente a brecha entre os países ricos e pobres, “confirma que temos que nos ocupar do entorno e da alimentação de crianças e adolescentes em escala global, dando-lhes as melhores oportunidades possíveis”. O problema tem relação também com as piores epidemias que as nações mais ricas enfrentam. “Os países de língua inglesa, em especial os EUA, estão caindo em relação a outros países ricos da Europa e da Ásia. Como a situação desses países também está piorando em relação à obesidade, isto mostra a necessidade de políticas mais efetivas para promover uma nutrição mais saudável ao longo de toda a vida.”

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