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Só 14% aprovam Temer, mas metade dos brasileiros prefere que ele fique no Planalto

Depois de hiato, Datafolha volta a medir percepção sobre o impeachment e economia Lula lidera todos os cenários de primeiro turno para 2018, mas não em segundo turno

Dilma Rousseff em ato em São Paulo em 8 de julho.
Dilma Rousseff em ato em São Paulo em 8 de julho.MIGUEL SCHINCARIOL

Após hiato de três meses, o instituto Datafolha fez novo levantamento nacional que traz boas notícias para o Governo Interino de Michel Temer. A cerca de quarenta dias da  data prevista para a votação final do impeachment no Senado, que deve ratificá-lo no Planalto ou trazer de volta ao palácio a presidenta afastada Dilma Rousseff, metade dos brasileiros prefere que ele permaneça no comando do país, embora apenas 14% o considerem bom ou ótimo. De acordo com os dados publicados neste sábado pela Folha de S. Paulo, 32% defendem que Dilma seja reempossada e outros 18% se dividem entre os que querem novas eleições ou não souberam escolher.

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Os números mostram que Temer, cujo Governo deu sinais de estabilização após um início tumultuado pela implicação no escândalo da Lava Jato, se beneficia do contraste com a petista, rejeitada por 65% do eleitorado antes do afastamento, e do próprio desconhecimento a seu respeito. Mesmo dois meses após ocupar a presidência, 33%, ou um em cada três brasileiros, não sabe o nome do atual ocupante do Planalto. Se 31% consideram sua performance ruim ou péssima, 42% parecem lhe dar o benefício da dúvida classificando o Governo de regular (na última pesquisa com Dilma, eram 24% que consideravam sua gestão regular).

Outra pergunta do levantamento dá pistas dessa boa vontade genérica com Temer: a melhora das expectativas em relação à economia. O índice de confiança elaborado pelo próprio Datafolha, que mescla percepção da economia com avaliação do sentimento em relação ao país, atingiu a melhor marca desde dezembro de 2014 - antes, portanto, do começo do ajuste fiscal anunciado por Dilma Rousseff, em dissonância com seu discurso eleitoral, e dos sinais mais fortes da crise que devem levar a um recuo de 7,1% do PIB em dois anos. Como muitos analistas adiantavam, o mandatário interino foi beneficiado por sinais de que o pior da recessão já passou.

Frágil pela interinidade e suscetível às exigências parlamentares, o Governo não tomou medidas relevantes de corte de gasto público - pelo contrário, aumentou o teto para o déficit previsto para 2016 - e sugere que só lançará mão de iniciativas impopulares tidas como inevitáveis, como o aumento de impostos, depois do impeachment. Seja como for, a carta de intenções do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, segue amplamente chancelada pelos agentes do mercado financeiro, que vive dias positivos com a melhora do índice da Bovespa. O dólar, em queda também por motivos externos, faz parte do cenário menos turbulento. O Planalto interino conta ainda com apoio ostensivo do empresariado, que melhora mês a mês sua confiança na economia, em espécie de profecia autocumprida.

Novas eleições e Lula

Os números para 2018

Confira os cenários do Datafolha.

Simulação para 2018 1º Turno

Cenário 1 - com Aécio

Lula 22% - Marina 17% - Aécio 14% - Bolsonaro 7% - Ciro 5%

Brancos e nulos 18% - Não opinaram 7%

Cenário 2 - com Alckmin

Lula: 23% - Marina: 18% - Alckmin: 8% - Bolsonaro: 8% - Ciro: 6%

Brancos e nulos: 20% - Não opinaram: 7%

Cenário 3 - com Serra

Lula: 23% - Marina: 17% - Serra: 11% - Bolsonaro: 7% - Ciro: 6%

Brancos e nulos: 19% - Não opinaram: 7%

Cenário 4: com Aécio, Serra e Alckmin e Sérgio Moro

Lula: 22% - Marina: 14% - Aécio: 10% - Moro: 10% - Bolsonaro: 5%

Brancos e nulos: 14% - Não opinaram: 6%

2º Turno

Marina 44% X Lula 32%

Serra 40% X Lula 35%

Aécio 38% x Lula 36%

Alckmin 38% X Lula 36%

Marina 46% X Aécio 28%

Marina 47% x Alckmin 27%

Marina 46% x Serra 30%

Rejeição

Lula 46% - Aécio 29% - Temer 29% - Serra 19% - Jair Bolsonaro 19% - Marina 17% - Geraldo Alckmin 16% - Ciro 13% -Luciana Genro 12% - Eduardo Jorge 10% - Ronaldo Caiado 10% - Sergio Moro (sem partido) 9%

O Datafolha só fez levantamento nacional a respeito do impeachment em abril, dias antes da controversa sessão da Câmara que aprovou o processo. De lá para cá, o apoio à destituição de Rousseff caiu um pouco mais:  já tinha ido de 68% a 61% e agora está em 58%. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Chama especialmente atenção a queda drástica de apoio a novas eleições, de acordo com a pesquisa. Se em abril, questionados sobre a opção, 79% disseram apoiar a saída, em caso de renúncia dupla de Dilma e Temer, agora só 3% mencionaram essa preferência. Na pesquisa de abril, também se perguntou sobre a defesa de um impeachment também de Temer e 58% se disseram favoráveis - como a íntegra do levantamento ainda não foi publicada, não é possível saber se a pergunta foi repetida nos dias 14 e 15 deste mês.

Além da acomodação da opção Temer ante a opinião pública, a falta de adesão às novas eleições é uma notícia especialmente ruim para Dilma Rousseff. Uma das últimas cartadas da presidenta afastada para conseguir os votos de senadores para se salvar do impeachment é se comprometer com um plebiscito para realizar um novo pleito. Sem entusiasmo popular por esse caminho, a tarefa fica ainda mais difícil.

O Datafolha também repetiu as simulações para eleição de 2018. Com lastro entre os mais pobres, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera todos os cenários de primeiro turno, com entre 23% e 22%, mas também lidera o índice de rejeição (46%). Ele não venceria nas simulações de segundo turno num momento de ainda grande indefinição a respeito da votação prevista para daqui a pouco mais de dois anos.

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