Frio solidário: paulistanos mobilizados para doar roupas a moradores de rua
Temperatura pode atingir 4 graus na cidade durante o fim de semana Mobilização nas redes pede para que as pessoas doem casaco velho aos que passam frio
A intensa onda de frio que atravessa atualmente as regiões Sul e Sudeste do Brasil tem assustado muitos brasileiros, mas também inspirado campanhas que pretendem espalhar um pouco de calor humano pelo país. É uma boa notícia em meio ao desalento do clima – e também da crise econômica, que tem colocado mais cidadãos em situação vulnerável.
Em São Paulo, a iniciativa mais difundida em redes sociais na semana que passou foi a do SP Invisível – um movimento que quer “abrir os olhos e a mente das pessoas” para motivá-las a ter um olhar mais humano em relação a quem habita a cidade, mas que quase ninguém vê. O que se pede é simples: “Leve uma blusa a mais na bolsa e aqueça quem está com frio”, diz o texto compartilhado cerca de 11.000 vezes no Facebook.
Essa campanha não é a única. Os pedidos têm sido disparados inclusive através do Whatsapp, mais ou menos nos mesmos moldes. Uma corrente que tem convertido até os mais resistentes a esse tipo polêmico de prática típica do mundo virtual alerta: “Quando for sair de casa, coloque na bolsa um casaco extra. Aquele velhinho que você não usa mais. Se sair de carro, leve um cobertor, cachecol, um par de sapatos ou luvas”. Um ato simples, que pode salvar quem não tem teto.
Na capital paulista, são mais de 15.000 moradores em situação de rua, segundo o censo divulgado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – Fipe em 2015. Segundo a pesquisa, é uma população que sobe ano a ano: em 2000, eram 8.706. No Facebook, o padre Julio Lancelotti alertou para um caso de morte de um morador de rua em decorrência do frio da madrugada desta sexta-feira no bairro do Belém, na zona Leste, onde, segundo ele, não foi aberto nenhum abrigo de emergência pela Prefeitura até o momento. O nome dele é João Carlos Rodrigues, e seu corpo foi levado ao IML.
Temperaturas extremas impõem ao organismo um estresse físico e o submete a uma necessidade de mais energia, explicou o cardiologista e professor titular da PUC-RS Luiz Carlos Bodanese ao jornal Zero Hora, do Rio Grande do Sul, onde as temperaturas esperadas para este fim de semana estão abaixo de zero. “O agasalho vai impedir que isso se torne um problema grave, porque podem haver situações extremas, como danos nos dedos, até uma necrose, se não for bem cuidado. Com o corpo agasalhado, o organismo é menos agredido, reage menos”, afirmou Bodanese.
São Paulo registrou a mínima de 5,5 graus na madrugada desta sexta– que foi o dia mais frio dos últimos 22 anos na cidade. O número é expressivo, porque chega perto do recorde histórico, de 1,2 graus, vivido pelos paulistanos em junho de 1994. As medições são sempre do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
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