Justiça manda desbloquear WhatsApp
Desembargador de Sergipe anula medida que interrompeu serviço por 24 horas no Brasil
O desembargador Ricardo Múcio Santana de Abreu Lima, do Tribunal de Justiça do Sergipe, ordenou nesta terça-feira o desbloqueio do WhatsApp em todo o Brasil. O aplicativo estava fora do ar desde segunda a tarde, quando o juiz Marcel Montalvão, da sergipana Lagarto, ordenou sua suspensão por 72 horas. O serviço deve ser reestabelecido pelas operadoras de telefonia nas próximas horas e alguns usuários conseguiam usá-lo. Em nota, o Tribunal de Sergipe afirmou que "a decisão já foi disponibilizada no site para dar ciência às partes e autoridades interessadas". No entanto, a página está fora do ar após ser alvo de ataque do grupo de hackers Anonymous Brasil em protesto contra o bloqueio.
A decisão de retirar o aplicativo do ar provocou críticas de especialistas em direito digital e liberdade de expressão na Internet, que consideraram-na "desproporcional". O presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Rezende, afirmou que a suspensão "acaba punindo todos os usuários". Montalvão justificou a medida dizendo que a empresa responsável pela ferramenta se recusa a colaborar com uma investigação da polícia sobre tráfico de drogas em Sergipe. O processo corre em segredo de Justiça. O magistrado é o mesmo que determinou, em março deste ano, a prisão do vice-presidente da rede social Facebook na América Latina, Diego Jorge Dzodan, alegando que a empresa não estava colaborando com esta mesma investigação - a rede social é dona do WhatsApp.
Por sua vez, a companhia afirma que utiliza desde abril deste ano um sistema de criptografia que torna impossível a quebra do sigilo ou o rastreamento das mensagens.“Ninguém consegue acessar o conteúdo dessa mensagem: nem os criminosos, nem os hackers, nem os regimes opressores. Nem sequer nós mesmos”, explicou em entrevista ao EL PAÍS ESPANHA Jan Koum, co-fundador do WhatsApp, para dar uma ideia da dimensão da medida adotada.
Durante a madrugada o desembargador do TJSE, que estava de plantão, Cezário Siqueira Neto, havia negado um recurso do WhatsApp para que o uso da ferramenta fosse liberado - em sua decisão ele chegou até mesmo a indicar outros aplicativos que poderiam ser usado em seu lugar, como o Telegram. O WhatsApp é o aplicativo mais usado pelos internautas brasileiros (93%), segundo pesquisa divulgada no final do ano passado pelo instituto Ibope.
É a segunda vez que o Whatsapp é bloqueado no país - a outra foi em dezembro de 2015, foi tirado do ar por 48 horas por determinação da Justiça de São Paulo, mas voltou a operar após 13 horas. À época a medida foi tomada para que investigadores tivessem acesso a conversas e mensagens trocadas entre integrantes do Primeiro Comando da Capital.
Caso semelhante ocorreu em fevereiro de 2015, quando a Justiça do Piauí determinou o bloqueio do Whatsapp para forçar a empresa a colaborar com investigações do Estado em casos de pedofilia. A medida foi suspensa logo em seguida, por liminar, e o aplicativo não chegou a ficar fora do ar.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.