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Por que o governo chinês decidiu comprar a Syngenta?

Crescimento demográfico e escassez de terras explicam o interesse da na gigante suíça de sementes

Foto: cnbc | Vídeo: CNBC / MICHAEL BUHOLZER
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A compra da gigante suíça de sementes Syngenta pela empresa pública China National Chemical (ChemChina), em um negócio avaliado em 43 bilhões de dólares (170,27 bilhões de reais), não só responde a interesses comerciais. Também tem a ver com uma estratégia nacional da China, um país que precisa abastecer 21% da população mundial com apenas 9% de suas terras aráveis.

Por isso, o Partido Comunista chinês incentivou Ren Jianxin, presidente da ChemChina, a adquirir a Syngenta com a intenção de aproveitar a experiência da empresa suíça no campo dos pesticidas e organismos geneticamente modificados, comumente chamados de transgênicos. A oferta recebeu a recomendação “unânime” do conselho de administração da Syngenta, cujas ações subiram 6,63% na Bolsa de Valores de Zurique.

Com 1,4 bilhões de bocas para alimentar, a China precisa de um forte impulso à sua produção agrícola. Por isso, o presidente chinês e secretário-geral do Partido Comunista, Xi Jinping, reiterou a necessidade de utilizar os cultivos transgênicos para aumentar a produção, além da compra ações de empresas agrícolas com o objetivo de garantir o abastecimento de alimentos para uma população mais numerosa e mais rica.

“Com o aumento da demanda de alimentos, a segurança alimentar se torna uma prioridade política para o governo chinês”, disse Nirgun Tiruchelvam, diretor de pesquisa da Religare Capital Markets. “Este acordo tem como objetivo garantir a segurança alimentar da população, por isso é provável que nos próximos anos vejamos operações similares”, acrescenta Tiruchelvam.

A compra da Syngenta atingiu um valor total de 43 bilhões de dólares. A Syngenta tem uma das carteiras de sementes mais importantes da indústria, com 6.800 variedades registradas. Junto com a Monsanto e a DowDuPont – a empresa criada pela fusão da Dow Chemical com a DuPont em dezembro –, a Syngenta é líder no campo da pesquisa genética e biotecnológica.

A proposta de compra da ChemChina, que representaria a maior aquisição internacional já feita por uma empresa chinesa, prevê o pagamento de 480 francos suíços por ação da Syngenta, além de permitir que os atuais acionistas recebam em maio de 2016 o dividendo ordinário de 11 francos suíços.

Organismos Geneticamente Modificados

“A China está interessada no desenvolvimento dos organismos geneticamente modificados e especialmente das sementes modificadas, que permitem a redução do uso de produtos químicos e fertilizantes”, diz Wei Ruan, economista do Instituto de Pesquisa Norinchukin de Tóquio. “A biotecnologia vai ajudar a impulsionar a produção agrícola na China e permitir que os produtores possam responder à crescente demanda doméstica”, acrescenta Norinchukin.

Cada vez há menos terra arável, e a biotecnologia e as sementes modificadas vão se tornar um instrumento fundamental para aumentar a produção agrícola, destaca o banco britânico HSBC em um relatório. Embora a China seja o segundo maior produtor de milho do mundo, e está tentando melhorar sua produtividade através dos fertilizantes, sua colheita é 44% inferior à dos Estados Unidos.

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