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#MeuAmigoSecreto, nova investida feminina contra o machismo velado

Campanha nas redes se torna viral ao denunciar as atitudes machistas do cotidiano Mulheres pedem que mulheres denunciem os preconceituosos que não sabem que o são

4ª Marcha Internacional Mundial das Mulheres em Santana do Livramento, em setembro.
4ª Marcha Internacional Mundial das Mulheres em Santana do Livramento, em setembro.Marcelo Pinto/Aplateia

Mais uma campanha em prol da integridade feminina foi lançada nos últimos dias nas redes sociais, aproveitando o engajamento esperado nesta quarta-feira, 25 de novembro – dia de luta mundial contra a violência contra as mulheres e de novos protestos no Brasil contra o projeto de lei que dificulta o acesso à pílula do dia seguinte em postos públicos. Com a hashtag #MeuAmigoSecreto, as mulheres querem agora denunciar o comportamento incoerente de pessoas de sua convivência – aquelas que não se julgam machistas ou preconceituosas, mas são.

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A primeira grande iniciativa do gênero foi a campanha #MeuPrimeiroAssédio, que se tornou viral no fim de outubro, quando milhares de pessoas se mobilizaram nas redes para contar suas histórias de abuso na infância e na adolescência. Esse novo movimento usa a tradicional brincadeira do Amigo Oculto, comum durante a troca de presentes de fim de ano, para mostrar como muitas pessoas têm comportamentos que contrariam a imagem que querem passar para os amigos. “Denuncie o machismo”, pede a página criada para receber denúncias no Facebook.

“#MeuAmigoSecreto adora sexo, mas acha que, se a mulher quer transar no primeiro encontro, não serve pra namorar, afinal, se ela transa de primeira, ela é uma puta”, diz um dos relatos. “#MeuAmigoSecreto é cristão, antifeminista, 'pró vida' e casado... Mas, quando a amante engravidou, procurou cytotec (pílula abortiva) até na China” ou “#MeuAmigoSecreto vive perguntando: ‘Por que você é feminista, se as mulheres já conquistaram tudo o que queriam?'”, dizem outros.

Personalidades como a ex-deputada federal pelo Rio Grande do Sul e ex-candidata à presidência da República em 2014, Luciana Genro (PSOL), também aderiram à campanha:

Novamente, a potência da mobilização virtual está em visibilizar casos clássicos de machismo velado, cotidiano – especialmente violento por ser aceito e praticado. O assunto já entrou para os temas mais comentados no Facebook e no Twitter na terça-feira (24) e deve render hoje mais um dia de denúncias anônimas (ou não). Veja um mapa que mostra o alcance da campanha no twitter em tempo real e em nível mundial.

“Por que será que conseguimos nos ver nas narrativas de mulheres que estão do outro lado da tela, do bairro, do país e do mundo?”, escreveu a militante Carla Vitória no blog da Marcha das Mulheres. “A resposta está numa força que rege e organiza toda a sociedade. Essa força opera sobre o trabalho, a sexualidade e os corpos das mulheres, incluindo a cabeça. E martela, martela todos os dias para que nós, mulheres, não pensemos como as sujeitas livres que devemos ser. O nome dessa força é patriarcado”.

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