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Hélio Bicudo: “Vamos trabalhar para que o Lula não volte em 2018”

Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT, ergue a bandeira do impeachment de Dilma

Marina Rossi
Hélio Bicudo, em sua casa na última sexta.
Hélio Bicudo, em sua casa na última sexta.Adriano Vizoni (Folhapress)

Hélio Bicudo tem 93 anos e uma grandiosa mágoa com o Partido dos Trabalhadores. Os anos em que militou ao lado do ex-presidente Lula pela construção do PT parecem estar em um passado remoto da vida do jurista. Sua bandeira já não é mais vermelha e seu plano agora é impedir que Lula volte ao poder. "Eu conheci o Lula quando ele era um operário. A casa dele não tinha nem o tamanho desta sala", disse Bicudo, em seu apartamento no coração dos Jardins, bairro nobre de São Paulo. "Hoje ele é um milionário".

"Vamos trabalhar para que Lula não volte em 2018", disse ele na noite da última sexta-feira, quando cedeu sua casa para a realização de uma pequena coletiva de imprensa dos movimentos pró-impeachment Nasruas, Movimento Liberal Acorda Brasil, Brasil Melhor e Avança Brasil Maçons. Na ocasião, os movimentos anunciaram que iriam pedir a Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para anexar seus pedidos de impeachment ao pedido que Bicudo protocolou no último dia 1.

"Precisamos acabar com esse sentimento de impunidade", afirmou Bicudo. O pedido de impeachment do jurista é baseado nas pedaladas fiscais e na omissão de Dilma Rousseff diante dos casos de corrupção na Petrobras. "Dilma e Lula estão envolvidos em todos os casos de corrupção".

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Bicudo não vê nenhum mérito na gestão PT na presidência. Tampouco reconhece a importância dos programas sociais desenvolvidos nos últimos anos. "O Minha casa minha vida é uma enganação. É tudo inventado. E a imprensa engole", disse ao EL PAÍS, no sofá de sua sala. "Essas pessoas [beneficiadas pelo programa] são todas filiadas a algum partido".

O Bolsa Família, programa de transferência de renda que foi alvo de disputa pelo criador durante as eleições do ano passado, tampouco é mérito do PT para Bicudo. "O Bolsa Família não é mérito da Dilma ou do PT", disse. "Chegamos em um momento em que isso teria que ser feito, era uma demanda natural, qualquer um o faria".

O pedido de impeachment entregue por Bicudo no início do mês dividiu até mesmo as opiniões de sua família. "O ato de meu pai assusta pela trajetória dele, pelo que ele representa na história da democracia do país. Esse ato só acirra os ânimos, em vez de apaziguá-los", disse o executivo do setor imobiliário José Bicudo, 66, filho de Hélio Bicudo, à Folha de S. Paulo. Já outra filha de Hélio, Maria Lúcia Bicudo, ajudou a protocolar o documento de autoria do pai. "Há corrupção demais no país e é preciso adotar medidas fortes para promover mudanças. São necessárias ações concretas para resgatar valores como integridade e ética no país", afirmou à Folha.

Bicudo se desfiliou do PT em 2005, após ser secretário da ex-prefeita de São Paulo, Luíza Erundina (PSB-SP), entre 1989 e 1991, deputado federal em 1991 e vice-prefeito de São Paulo na gestão de Marta Suplicy (sem partido), em 2001. "O PT foi uma ilusão. Pensávamos que o partido seria a ferramenta necessária para as mudanças no país. Mas não", disse ele.

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