_
_
_
_
Medo à liberdade
Coluna
Artigos de opinião escritos ao estilo de seu autor. Estes textos se devem basear em fatos verificados e devem ser respeitosos para com as pessoas, embora suas ações se possam criticar. Todos os artigos de opinião escritos por indivíduos exteriores à equipe do EL PAÍS devem apresentar, junto com o nome do autor (independentemente do seu maior ou menor reconhecimento), um rodapé indicando o seu cargo, título académico, filiação política (caso exista) e ocupação principal, ou a ocupação relacionada com o tópico em questão

A crônica do medo

Europa e América estão unidas pelo mesmo problema, não cabe nem um pouco mais de corrupção, mas tampouco há alguma solução nos dois continentes

A visita dos reis da Espanha ao México foi uma oportunidade única para sentir o que mudou e ver a fotografia atual, pelo menos no México e na Espanha. Por um lado, o estado dos sistemas políticos na Europa e na América. Por outro, as relações entre a antiga potência colonial e os países latino-americanos (às vezes amigos, às vezes inimigos, mas sempre influenciados por esse relacionamento).

Nada mais revelador do que o jogo de espelhos do poder. Com um jovem monarca que tenta dar sentido ao seu reinado e um presidente que tenta dar conteúdo, direção e propósito para a segunda parte de seu mandato. No meio disso, dois povos com uma queixa comum: o que já não funciona mais e o que é necessário para encontrar soluções. No meio também está a classe empresarial, intelectual e política tentando esquadrinhar o comportamento de políticos e identificar o que querem. Por exemplo, aonde Albert Rivera, o líder dos Cidadãos, quer levar a Espanha? E Pablo Iglesias, do Podemos? Onde acaba o percurso bronco de El Bronco [apelido de Jaime Rodríguez Calderón, eleito recentemente governador de Nuevo Léon] no México?

Talvez por isso o presidente do México, Enrique Peña Nieto–metido na “broncomania” que assola o país–, tenha querido transmitir, primeiro a sua nação e depois para o mundo, que não se trata de um problema de educar, persuadir ou dissuadir, mas que é um problema de “domar” seus concidadãos para por em prática sua política.

O problema é que as forças que rodeiam o poder, ou seja, os monopólios, as companhias telefônicas, os canais de televisão, os bancos, são os primeiros que estão em perigo

E as grandes perguntas são: como, quando e de onde virá a solução? Não é um problema de idade, de diálogo e tampouco apenas de políticas. Por quê? Porque, por exemplo, o México comprovou que, apesar da utilização do poder da Televisa, El Bronco no final relinchou mais alto. Agora, a quem se deve a eleição do governador de Nuevo León? Deve-se ao desejo de um povo que já não pode continuar esperando que os políticos entendam que isso acabou e às forças que apoiaram sua campanha.

E isso, o que tem a ver? Tem a ver porque as perguntas dos empresários espanhóis aos mexicanos e dos mexicanos aos espanhóis foram no mesmo sentido: Quanto tempo aguentarão os sistemas antes de explodir?

Mais informações
Temer visita a Espanha para ampliar negócios bilaterais
Líder do Podemos dá ‘Game of Thrones’ ao rei da Espanha
Podemos se consolida como segunda principal força política espanhola
Peña Nieto, presidente do México, enfrenta o desencanto nas urnas

Houve um momento em que a preocupação era o medo que todos, com a classe política à frente, tinham dos militares. O medo agora é o mais perigoso porque é o medo da classe dirigente empresarial.

De todas as relações entre a Espanha e as Américas, a empresarial é a mais importante. E quando os empresários compartilham a mesma inquietação, ansiedade e medo, é sinal que estamos em uma crise geral.

É nesse momento que são necessários estadistas. E já se sabe que eles são uma espécie escassa, há muito poucos em um século. Portanto, o problema é saber quantos são e quantos se sentaram nos banquetes oficiais dessa visita ou de qualquer outra.

O problema é que as forças que rodeiam o poder, ou seja, os monopólios, as companhias telefônicas, os canais de televisão, os bancos, são os primeiros que estão em perigo. Embora por enquanto pareça que com seu dinheiro, poder e inteligência estão dominando aqueles que os questionam e os ameaçam.

Se eu tivesse que fazer a crônica da primeira viagem de Estado de Felipe VI às Américas, a intitularia A crônica do medo.

Espanha e México, México e Espanha, Europa e América estão unidas pelo mesmo problema, não cabe nem um pouco mais de corrupção, mas tampouco há alguma solução nos dois continentes. A crônica dessa viagem é a crônica do medo, a crônica de que algo está acontecendo e ninguém sabe como controlá-lo. Enquanto isso, reis e presidentes escutam, tentando ser simpáticos e preencher o vazio entre a expressão popular e empresarial e o que eles representam.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_