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Que tipo de viajante você é?

Do viajante comprometido ao conectado às redes sociais: seis maneiras de viajar

Sergio C. Fanjul
Dois turistas fazem-se um 'selfie' com Rio de Janeiro (Brasil) ao fundo.
Dois turistas fazem-se um 'selfie' com Rio de Janeiro (Brasil) ao fundo.Adam Hester

Cada pessoa é um mundo e viaja de uma maneira pelo mundo. Por isso, há centenas de milhares de maneiras de viajar, uma para cada pessoa que começa uma viagem; mas, sobretudo, há seis formas que vão se consolidar até 2030, quando o número de turistas terá aumentado 20% após o crescimento da classe média mundial. Um futuro de reequilíbrio planetário no qual a média de idade dos viajantes aumentará em quatro anos e a tecnologia (redes sociais, realidade virtual, inteligência artificial, Big Data) continuará ditando o ritmo.

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As maneiras de viajar constam do relatório Future Traveller Tribes 2030, elaborado pela consultoria Amadeus em parceria com a The Future Foundation. Conhecê-las é importante para a indústria do turismo, cada vez mais focada em personalizar seus produtos e atuar em segmentos concretos do mercado: “Estamos em uma realidade que apresenta desafios importantes, por exemplo, o surgimento de agentes como o Uber ou Airbnb, por isso é cada vez mais importante entender o cliente, entender que parte do mercado é preciso atacar”, diz Alex Luzarraga, vice-presidente de Estratégia Corporativa da Amadeus. Nós também podemos saber à qual tribo pertencemos no site www.amadeus.com. “Essas tribos já estão presentes agora e formam grupos minoritários de trendsetters”, diz Luzarraga. “É dos futurólogos o trabalho de compreender quais tendências minoritárias serão dominantes.” Aqui estão as previsões.

Viajantes comprometidos

O viajante ético: suas viagens são planejadas levando em conta sua pegada ambiental ou o respeito aos direitos humanos no país de destino. Sua estada inclui algum elemento relacionado com o voluntariado ou o desenvolvimento social. Preferem viajar de forma austera (especialmente para zonas rurais) e pedem transparência e compromisso nos serviços que consomem (por exemplo, que os hotéis invistam nos bairros onde estão sediados). Com o aplicativo CO2 Fit podem calcular as emissões produzidas em sua viagem e carregarão seus dispositivos eletrônicos pedalando através da tecnologia WeWatt.

Amantes da comodidade

O turista complacente, estressado com sua vida agitada, que gosta que lhe facilitem as coisas. Muitos deles surgirão da nova classe média de economias emergentes, como os BRICS. Dispõe de dinheiro, mas não de tempo, por isso prefere utilizar agentes de viagens, pacotes turísticos e se guiar pelas avaliações das comunidades digitais de viajantes. Por exemplo, Pin.Pack.Go é um serviço de planejamento de viagens que permite aos usuários do Pinterest receber recomendações de especialistas locais da rede hoteleira Four Seasons. Os complacentes querem usar suas técnicas de realidade virtual para conhecer com antecedência o hotel, o assento do avião e as atividades das férias que os esperam, buscarão conexões aéreas mais rápidas e utilizarão aplicativos de tradução para se comunicar nos locais de destino. Assistentes virtuais como Nina, da companhia Nuance, que podem conversar virtualmente com o usuário, agradam esse tipo de turista. A vida boa, a vida fácil.

Puristas culturais

Em um mundo em processo de homogeneização, esses viajantes buscam a imersão completa na cultura que os recebe, embora isso possa resultar em desconfortos ocasionais. São viajantes que valorizam a autenticidade, afastados das rotas turísticas convencionais. Se guiam mais por suas leituras ou pelo boca-a-boca do que pelo TripAdvisor e preferem a comida local ao fast food (embora acabem comendo coisas que nunca haviam imaginado). Não gostam de planejar, preferem descobrir lugares desconhecidos e o contato humano em vez das máquinas. O aplicativo Traffle, dedicado aos mais aventureiros, inspira viagens interessantes e coloca o turista em contato com nativos de perfil semelhante. Embora esse tipo de viagem esteja associada aos jovens, atrairá cada vez mais pessoas de mais idade.

Buscadores de capital social

Obcecados com as redes sociais, “deixam de explicar sua vida na rede para que a rede explique sua vida”, diz Luzarraga. As fronteiras entre a vida off-line e on-line se mesclam e são seus contatos os que inspiram destinos ou os aprovam com suas “curtidas”. Ao enviar um tuíte com seu destino e orçamento para @Stayful, a plataforma Stayful busca as melhores opções. Priorizam experiências que possam compartilhar (o hotel Mandarin Oriental de Paris oferece listas dos melhores lugares da cidade para fazer selfies e postar no Instagram) e hotéis e atividades que estejam presentes nas redes; além disso, se comunicam com os estabelecimentos através desse canal: cerca de 20% dos usuários britânicos esperam respostas para suas queixas ou pedidos em menos de uma hora. O Loews Hotel permite aos usuários fazer reservas via Twitter, o Conrad Hotels através do Instagram e a companhia área KLM por meio do Facebook e do Twitter.

Viajantes por obrigação

Têm um objetivo muito concreto, seja de trabalho ou familiar, com limitações de tempo e orçamento. Por isso exigem uma tecnologia que minimize os imprevistos. Trabalham durante as longas esperas no aeroporto e querem aproveitar bem seu limitado tempo livre. O fato de estar em Paris a trabalho não quer dizer que não tenha vontade de visitar a Torre Eiffel, por isso os Yahoo Labs de Barcelona desenvolveram um algoritmo que permite buscar as melhores rotas para rentabilizar esse tempo. Packnada é um serviço com sede em Cingapura que prepara sua bagagem (com roupa limpa e passada) e a envia ao seu próximo destino. “Uma forma de evitar a fila no [Museu] Prado permitiria que muitos executivos com pressa visitassem a pinacoteca”, destaca Luzarraga.

Caçadores do luxo

Sua vida cotidiana requer um esforço máximo, por isso nas férias buscam um luxo extremo. Viajar em helicóptero privado a outro país para participar de uma festa é o tipo de experiência que o satisfaz, e não economiza nos gastos: segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a renda média dos 10% mais ricos é nove vezes maior do que a dos 10% mais pobres e se multiplicou por sete nos últimos 25 anos. Zona vip no aeroporto, primeira classe no avião e hotel com spa de luxo. O aplicativo Headspace os ajudará a meditar e esvaziar a cabeça das preocupações. E adorariam os Zano Drones, pequenas aeronaves que podem ser guiadas a partir de smartphones e podem tirar fotos e fazer vídeos das alturas. O mundo aqui embaixo é pouco para eles.

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