Petrobras, o Titanic político da presidenta Dilma Rousseff
A dúvida é se o drama da Petrobras se resolverá com a troca do capitão do navio à deriva
A Petrobras, que já foi uma das maiores e mais prestigiosas empresas petroleiras do mundo, considerada a joia da coroa da indústria brasileira, está se transformando no Titanic político da presidenta Dilma Rousseff.
A ironia da história é que a ex-guerrilheira e economista Rousseff havia irrompido com força na política pelas mãos do petróleo. Chegou doze anos atrás, trazida pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Dilma, depois de se filiar ao Partido dos Trabalhadores (PT), participou do primeiro governo Lula como ministra de Minas e Energia, com responsabilidade direta sobre a Petrobras. Dali deu o salto para a Casa Civil, onde substituiu o ministro José Dirceu, que acabou caindo em desgraça por causa do escândalo do mensalão, que o levou à prisão.
Rousseff também foi presidenta do Conselho de Administração da Petrobras. E já no seu mandato ela retirou do comando da empresa a pessoa de confiança do seu tutor Lula, Sergio Gabrielli, homem forte no partido e hoje também envolvido no caso.
Em seu lugar colocou uma antiga colaboradora, Graça Foster, para dar – conforme se disse na época – um caráter mais técnico e menos político à empresa. Será que Rousseff já suspeitava ou sabia que a Petrobras estava sendo transformada pelos jogos da corrupção em uma fornecedora ilegal do PT e de alguns de seus partidos aliados?
O cartunista Chico Caruso, do jornal O Globo, ironiza desde dezembro o escândalo da Petrobras desenhando Dilma enviando a Lula um barril de petróleo com as impressões digitais do ex-presidente, que Lula devolve a ela como presente.
Perante as evidências do escândalo de corrupção que fez a empresa perder 60% do seu valor e motivou um clamor da oposição e dos mercados, Dilma se viu obrigada a aceitar a demissão da amiga Foster, após se negar repetidamente a isso.
A tempo ou tarde demais? Ninguém é capaz de profetizar isso, porque tanto a polícia federal como os juízes continuam interrogando e prendendo implacavelmente diretores da Petrobras e das grandes empreiteiras acusadas de organizar conjuntamente esse grande festim de corrupção, já estimado em mais de 25 bilhões de reais.
A dúvida é se o drama da Petrobras – uma empresa que conta com um corpo técnico de dar inveja a outras de seu gênero e com uma gloriosa história pregressa – poderá se resolver com a simples troca do capitão do navio à deriva, e se o caso não acabará por arrastar a própria presidenta da República, não por acusações de corrupção, mas sim pela responsabilidade que exercia e exerce sobre a empresa.
Se o câncer que corrói a Petrobras é tão grave como parece, a empresa estaria hoje, segundo analistas políticos, semelhante a um Titanic, ao qual nem o melhor dos capitães teria salvado.
Talvez seja essa a dificuldade que Rousseff teve para encontrar um substituto para Foster que agradem ao mercado.
Finalmente, questiona-se se a própria presidenta Rousseff, com fama de intervencionista, deixará a nova equipe com mãos livres para manipular o bisturi, devolvendo à Petrobras sua independência técnica e meramente empresarial, sem que o braço oculto da política volte a usá-la para fins pouco republicanos.
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