_
_
_
_
Coluna
Artigos de opinião escritos ao estilo de seu autor. Estes textos se devem basear em fatos verificados e devem ser respeitosos para com as pessoas, embora suas ações se possam criticar. Todos os artigos de opinião escritos por indivíduos exteriores à equipe do EL PAÍS devem apresentar, junto com o nome do autor (independentemente do seu maior ou menor reconhecimento), um rodapé indicando o seu cargo, título académico, filiação política (caso exista) e ocupação principal, ou a ocupação relacionada com o tópico em questão

O que pensa o mundo?

Tanto os homens como os Governos superestimam sua própria importância

Moisés Naím

“A maioria das pessoas acha melhor uma economia de livre mercado, ainda que alguns sejam ricos e outros sejam pobres”. Você concorda ou discorda com esta afirmação? Outra pergunta: em qual país esta ideia teve maior apoio? Vietnã. A grande ironia é que, junto com China, Cuba e Laos, o Vietnã é um dos quatro Estados ainda governados por um partido único cuja doutrina oficial é o comunismo. E em qual país a população mostrou maior rejeição à economia de mercado? Espanha, seguida por Japão.

Mais informações
O que acontece com a política?
Grãos, iPhone e Google
Três ideias equivocadas

Esta foi uma das perguntas que o Centro de Estudos Pew fez a uma amostra de quase 50.000 pessoas com mais de 18 anos, em 44 países. O Pew estabeleceu três categorias: os países com economias avançadas (os da Europa, mais EUA, Japão, Coreia do Sul), economias emergentes (como Argentina, Brasil, China, Colômbia, Índia, México, Nigéria, Rússia, Paquistão e África do Sul) e economias em desenvolvimento (Bangladesh, Nicarágua, Quênia, Gana). Coreia do Sul, Alemanha e EUA são os países avançados com o maior percentual de apoio à economia de mercado. Entre os emergentes, Jordânia e Argentina têm os maiores percentuais de rejeição. Entre as economias em desenvolvimento, que são as mais pobres, a maior rejeição ao mercado está em Uganda e El Salvador, enquanto o maior índice de apoio se encontra em Bangladesh (uma das porcentagens mais altas de apoio no mundo), Gana e Nicarágua (outro país com um Governo socialista).

No geral, o mundo se inclina a favorecer o mercado (66% dos entrevistados), mas o maior apoio está nos países mais pobres (80% em Bangladesh, 75% em Gana e 74% no Quênia). Entre as economias emergentes, na China 76% dos entrevistados consideram que a população vive melhor em uma economia de mercado. Na Índia, o percentual é de 72%, na Venezuela de 67% e, no Brasil, de 60%.

A pesquisa mundial do Centro Pew apresenta outros resultados interessantes. A Ásia, por exemplo, é a região mais otimista a respeito do futuro econômico das crianças de hoje e sobre a perspectiva de que terão uma situação melhor que a de seus pais. Os mais pessimistas estão na Europa e nos EUA. O país com as expectativas mais negativas é a França (86% dos entrevistados acreditam que seus filhos terão uma vida pior que a de seus pais), seguida de Japão (79%) e Itália (67%). Por outro lado, 94% dos vietnamitas, 85% dos chineses, 77% dos chilenos e 71% dos cidadãos de Bangladesh acreditam que as novas gerações terão uma vida melhor.

Mas, de acordo com esse estudo, o que determina o sucesso econômico de uma pessoa? Uma lista foi apresentada aos entrevistados com possíveis fatores de sucesso e pediu-se a eles que classificassem em uma escala que vai de zero (“nada importante”) a 10 (“muito importante”). Para 60% das pessoas, “obter uma boa educação” é muito importante. Entre as economias avançadas, os espanhóis são os que mais valorizam a educação como fator de êxito: 71% a consideram muito importante. Por sua vez, somente 24% dos franceses pensam assim, o que coloca a França como o país que menos dá importância aos estudos. É interessante notar outra ironia: a qualidade da educação na França é muito superior a de países onde grande parte dos entrevistados dá importância máxima ao tema (87% dos venezuelanos, por exemplo).

Metade de todos os entrevistadores considera que “trabalhar duro” é muito importante para se ter sucesso. “Conhecer as pessoas certas” é muito importante para 37%, “ter sorte” para 33%, “vir de uma família endinheirada” para 20%; ser homem é determinante para 17% e subornar outras pessoas, para 5%. Os países que têm o maior o percentual de pessoas que acreditam que vir de uma família de dinheiro é muito importante são Tunísia (46%) e Nigéria (45%). Curiosamente, esses também são os países onde é mais alto o percentual de entrevistados que acreditam que o suborno é necessário para se ter sucesso.

Há um dado muito interessante sobre a vantagem de ser homem: em 32 dos 44 países onde o estudo foi realizado, os homens opinam de forma significativamente maior que as mulheres que ser homem é um fator muito importante para o sucesso. A proporção de mulheres que pensam dessa forma é muito menor. A diferença entre homens e mulheres nessa questão é tão surpreendente quanto a que há entre as políticas adotadas pelos Governos e o tipo de economia que sua população prefere. Está claro que tanto os homens como os Governos superestimam sua própria importância.

Siga-me no Twitter @moisesnaim

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_