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AO VIVO | Dilma e Aécio se enfrentam no primeiro debate do segundo turno

Presidenciáveis ficam cara a cara pela primeira vez desde a votação no dia 5 de outubro

Presidente Dilma Rousseff e senador Aécio Neves no debate da Band.
Presidente Dilma Rousseff e senador Aécio Neves no debate da Band.N. A. (AFP)

A presidenta Dilma Rousseff, candidata do PT à reeleição, e o senador e ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência, ficaram cara a cara na noite desta terça-feira, no primeiro debate transmitido pela TV desde o primeiro turno da eleição, em 5 de outubro.

Ao abrir o debate, a presidente Dilma disse que dois projetos e duas visões de Brasil estarão se apresentando nos debates de segundo turno. A petista mencionou a inclusão social de 36 milhões de brasileiros que viviam na pobreza extrema e elevação de 42 milhões de pessoas à classe media, "uma Argentina inteira".

Encerramos aqui a cobertura minuto a minuto das eleições 2014. Obrigado pela audiência. Foto: Mario Tama/Getty Images
"A Dilma, da maneira mais humilde, ao invés de repudiar todo o que viveu, estendeu a mão e convidou o país para a unidade. Ela sabe vencer", disse Fernando Haddad, em discurso aos militantes na avenida Paulista. Foto: Miguel Schincariol/AFP.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, foi à avenida Paulista comemorar com militantes a vitória de Dilma. Ele convocou a militância à trabalhar pela unidade do Brasil. "Temos que continuar a luta por nosso projeto. Ainda tem muito por fazer". Informa a repórter Maria Martín.
Com 99,39% das urnas apuradas, o governador Tião Viana (PT) foi reeleito no Acre, com 51,3% dos votos. Márcio Bittar (PSDB) somou 48,70% dos votos
Ao lado do ex-presidente Lula, presidenta encerra o discurso de vitória cantando o hino nacional ao microfone, acompanhando o coro dos militantes em Brasília. "Dos filhos desse solo és mãe gentil, pátria amada Brasil". Foto: Eraldo Peres/AP
Dilma: "Hoje estou muito mais forte, mais serena e mais madura para a tarefa que vocês me delegaram. Brasil, mais uma vez, esta filha não fugirá da luta! Viva o Brasil! Viva o povo brasileiro!". Foto: Evaristo Sá/AFP
Dilma: "Vamos nos dar as mãos e avançar nessa caminhada que vai nos ajudar a construir o presente o futuro. O carinho, o afeto, o amor e o apoio que eu recebi nessa campanha me dão a força para seguir com muito mais dedicação."
Dilma: "Mais que nunca é hora de todos nós e de cada um acreditarmos no Brasil. De ampliarmos o sentimento de fé nessa nação incrível, a quem nós temos o privilégio e a obrigação de fazer uma nação mais justa. O Brasil saiu maior dessa disputa".
Dilma: "Promoverei também, com urgência, ações localizadas, em especial na economia, para retomarmos nosso ritmo de crescimento. Continuarmos mantendo os altos níveis de empregos e a valorização dos salários. Vamos dar mais impulso à atividade econômica, em todos os setores".
Dilma: "Terei um compromisso rigoroso também de combate à corrupção. Faremos mudanças para acabar com a impunidade, que é a protetora da corrupção".
Dilma promete dialogar com movimentos sociais: "Quando cito a reforma política não significa que eu não saiba a importância das demais reformas".
Dilma promete um plebiscito: "Entre as reformas mais importantes, mais necessárias está a reforma política".
Enquanto isso, militantes comemoram em São Paulo, sob os gritos "quem não pula é tucano", relata a repórter Maria Martín. Foto: Nelson Almeida/AP
Dilma: "Sei também do poder que um presidente tem de liderar as grandes causas populares. E eu o farei".
Dilma: "O caminho é claro. Algumas palavras e temas dominaram essa campanha. A palavra mais dita, mais dominante foi mudança. O tema mais amplamente invocado foi reforma. Sei que estou sendo reconduzida à Presidência para fazer as grandes mudanças que a sociedade exige".
Dilma: "Quero ser uma presidenta muito melhor do que fui até agora", disse a presidenta, interrompida por gritos: "coração valente! coração valente!".
Dilma: "A reeleição tem que ser entendida como um voto de esperança dado pelo povo pela melhoria do país". Foto: Evaristo Sá/AFP
Dilma: "Toda eleição tem que ser vista como uma forma pacífica e segura de mudança".
Dilma: "Esta presidenta aqui está disposta ao diálogo e é esse o meu primeiro compromisso do segundo mandato. Diálogo."
Dilma: "O debate das ideias, o choque de posições, podem produzir ações capazes de mover nossa sociedade nas trilhas de mudança que tantos precisamos. Nossas primeiras palavras são, portanto, de chamamento pela paz e união".

Já Aécio prometeu um governo que olhe para o futuro e não divida o Brasil entre norte e sul. "A grande realidade é que o Brasil avançou muito, desde a estabilidade da moeda, conquistada pelo PSDB, mas, de lá para cá, com o presidente Lula, avanços sociais vieram. (…) A grande verdade é que nos últimos quatro anos o Brasil parou de melhorar", disse Aécio.

Saúde

Em sua primeira pergunta no debate, Dilma falou sobre educação: "Vocês [oposição] votaram contra a CPMF e, com isso, a saúde brasileira perdeu 260 bilhões de reais. Quando o governo de Minas Gerais foi dirigido pelo senhor, vocês desviaram 7,6 bilhões de reais que iriam para a saúde. O que senhor acha da minha proposta do Programa Mais Especialidades?", questionou a presidenta. Segundo ela, as únicas propostas sociais que Aécio apresenta "é a continuidade dos meus projetos".

Aécio retrucou lamentando que Dilma "esteja tão desinformada". Depois de dizer que "essa proposta do Mais Especialidades é a nossa proposta”, Aécio disse que as contas de Minas Gerais, "inclusive na área da saúde, foram aprovadas pelo Tribunal de Contas". "Na verdade, quando o governo do PT assumiu, 56% do conjunto dos investimentos públicos na saúde vinham do governo federal. 12 anos se passaram e hoje são 45%", acrescentou.

Campanha

Em sua primeira oportunidade de perguntar, Aécio destacou que desde o primeiro turno a sua campanha tem sido marcada pelos ataques, "pelas ofensas e pelas mentiras". "Foi assim com Eduardo Campos, com Marina e tem sido comigo. (...) O que acha de ter feito uma campanha com ataques tão cruéis contra os seus adversários?", questionou.

“Eu acho que quem faz ataques cruéis é o senhor. E o senhor distorce os fatos e a realidade”, retrucou Dilma, emendando mais críticas: "o seu candidato a ministro da Fazenda [o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga] foi a público e diz que 'temos que mudar os bancos públicos e, no final, eu não sei o que vai sobrar'. Vocês querem reduzir o papel da Caixa no financiamento habitacional. Sem a Caixa não haverá o Minha Casa Minha Vida".

Inflação

Aécio retrucou dizendo que "a inflação está aí de volta". "O seu secretário [de política econômica do Ministério da Fazenda] Márcio Holland mandou os brasileiros voltarem a comer ovo. Será que não está na hora de admitir os erros? Admitir que falhou. Por que não conseguiu controlar a inflação? O que a senhora fará para controlar a inflação?", questionou.

Dilma respondeu: “Eu acredito que o senhor esqueceu o que ocorria no governo FHC. O ministro da Fazenda dele por duas vezes deixou a inflação superar o limite da meta”. “Eu proponho que a gente pare de discutir quem está mentindo. Proponho que as pessoas que estão assistindo ao debate agora entre nos arquivos dos jornais de Minas Gerais e veja quem está mentindo”, completou a presidenta.

Corrupção

Quando o tema foi corrupção, Aécio lembrou o escândalo envolvendo a Petrobras. “Nós estamos aí com essas denúncias de corrupção que assustam a todos os brasileiros”, disse. Dilma se defendeu dizendo que “a minha indignação em relação a tudo o que acontece, inclusive no caso da Petrobras, é a mesma de todos os brasileiros. É fundamental que nós saibamos tudo sobre esse processo da Operação Lava a Jato. É fundamental que o país pare de ter impunidade".

Dilma emendou um ataque a Aécio: “Onde estão todos os envolvidos na compra de votos durante a reeleição [do ex-presidente Fernando Henrique]? Os envolvidos no mensalão tucano mineiro? Na compra de trens e metrôs de São Paulo? Estão todos soltos. Candidato, o que ocorreu em Claudio, quando o senhor construiu um aeroporto na fazenda de um familiar e entregou a chave a ele?”.

Confrontando com a denúncia de que teria beneficiado um parente, Aécio se exaltou. "Quero responder olhando nos seus olhos. A senhora está sendo leviana, candidata. Leviana. O Ministério Público atestou a legalidade dessa obra. Essa obra de Cláudio, que a senhora insiste em repetir, foi uma obra feita em uma área desapropriada em desfavor de um tio", respondeu.

Após Aécio, Dilma seguiu no ataque. “O senhor está extremamente enganado sobre a decisão do Ministério Público. O Ministério Público não aceitou a ação criminal, mas mandou investigar a obra de Claudio por improbidade administrativa". A petista seguiu atacando: “Hoje no Brasil é proibido o nepotismo. E o senhor tem uma irmã, um tio, três primas e três primos no seu governo”.

Aécio rebateu mais uma vez: “É mentira atrás de mentira. A senhora mente pra ficar no governo. Não pode ser esse vale-tudo. Eu terminei meu mandato [de governador] sem nenhuma denúncia, ao contrário do seu governo, que virou um mar de lama. As pessoas me pedem na rua: 'nos liberte desse governo do PT'".

Violência contra a mulher

Na abertura do terceiro bloco, Dilma questionou Aécio sobre a "questão da violência contra a mulher”, e o candidato do PSDB defendeu a manutenção da Lei Maria da Penha. “Tenho absoluta convicção de que temos muito o que avançar na questão da proteção a mulher”. Ele, porém, mudou o assunto e encerrou sua fala criticando a gestão petista na área de segurança pública.

Programas sociais

Na sequência, o candidato tucano abordou o tema "programas sociais", para negar que vá acabar com projetos como o Bolsa Família, e questionar: "A senhora não acha que, além do Bolsa Família, a gente não deveria ter outras propostas que acabassem de vez com a pobreza?". Dilma defendeu os programas sociais de seu governo e acusou os tucanos de não investirem na área.

“Eu não consigo entender a dificuldade que a senhora tem de reconhecer o mérito dos outros", respondeu Aécio. "Se fizermos um DNA do Bolsa Família, o pai será o ex-presidente Fernando Henrique e, a mãe, a dona Ruth Cardoso”, completou, encerrando a fala questionando os investimentos do governo brasileiro no porto de Mariel, em Cuba.

Para Dilma, Aécio “passou de todos os limites"ao dizer que dizer que Fernando Henrique é o pai do Bolsa Família. "É impossível que alguém acredite que um programa do porte e da envergadura do Bolsa Família tenha origem em um programa distorcido”, completou.

Segurança

O tema programas sociais foi encerrado quando Dilma optou por tratar de segurança. “As taxas de homicídio cresceram 52% no seu governo [em Minas Gerais]. O senhor sabe que a Constituição estipula que é para os Estados a responsabilidade constitucional da segurança. O que o senhor acha disso?", perguntou Dilma, gaguejando. Aécio não deixou passar: “Candidata, apesar de muita confusa a sua pergunta, eu vou tentar responder. Seu partido governou por 12 anos. A senhora está no governo há 4 anos. É sempre a terceirização de responsabilidades. No meu governo, eu vou assumir o controle da segurança pública. (...) Nós não temos uma política nacional de segurança”.

“Confuso é o senhor, candidato", retrucou Dilma. "Os 52% do aumento dos homicídios está no Mapa da Violência de 2014, que é um documento oficial. O senhor gosta de ser ex-governador, mas o senhor tem que responder”.

Educação

Ao questionar a presidenta sobre o tema 'educação', Aécio acusou a adversária de, mais uma vez – segundo as palavras dele –, falhar na gestão do setor. Ele defendeu a "flexibilização dos currículos, o que lamentavelmente não foi feito".

Dilma respondeu dizendo que acredita que Aécio "também não vai querer que eu diga que a responsabilidade do Ensino Médio é do Estado e que nesse quesito temos uma situação lamentável”. “A questão da flexibilização dos currículos é uma proposta que eu apresentei no inicio da campanha, e vamos cumpri-la. Eu acredito que o senhor não sabe que se faz creches dando apoio ao município”.

Serviços públicos

O candidato Aécio Neves abriu o quarto bloco dizendo que "os brasileiros percebem hoje a péssima qualidade dos serviços públicos". "Eu introduzi em Minas Gerais a meritocracia. (...) Por que o Governo federal não buscou incorporar nada que melhorasse os serviços públicos de qualidade?", questionou, mencionando que Dilma esteve mais em Minas nos últimos meses de campanha do que nos últimos 40 anos.

Dilma aproveitou a deixa para dizer que o adversário perdeu as eleições presidenciais em Minas Gerais. "É muito importante a gente esclarecer que de fato estamos discutindo muito Minas Gerais porque o senhor teve a sua vida política em Minas Gerais. Eu saí de lá, mas não foi a passeio. Saí porque fui perseguida pela ditadura militar". Na sequência, Aécio negou que tenha perdido qualquer eleição de governador ou ao Senado em Minas. “A senhora está enganada. Toda as eleições que eu disputei em Minas Gerais eu venci. E eu elegi meu sucessor [o hoje ex-governador Antonio Anastasia]”.

Empregos

No final do quarto bloco, Dilma abordou o tema empregos. “O povo brasileiro tem de ter muito medo mesmo [de uma mudança de governo], porque está em questão se vai ou não continuar tendo emprego. O que o senhor fez e fará para criar empregos?”.

“A senhora volta a usar o discurso do medo", respondeu Aécio. "Nós temos muita capacidade, pelos quadros que nós temos. E vamos fazer crescimento garantindo sim o avanço das políticas sociais. Não sei porque incomoda tanto que no DNA do Bolsa Família está no PSDB.”

Dilma reafirmou que “o Bolsa Família não tem nenhum parentesco com os programas sociais tucanos”. Segundo ela, "70% dos trabalhadores brasileiros ganham dois salários mínimos". "Nós queremos avançar nisso. Só quem nunca esteve desempregado ou não tem sensibilidade pode achar que uma pessoa sem emprego possa estar melhor do quem uma pessoa com emprego", completou.

Respondendo, Aécio disse que vai retomar a geração de empregos. "Lamentavelmente, o seu governo perdeu a capacidade de atrair confiança. Sem investimentos não há emprego", afirmou.

Considerações finais

No último bloco do debate, Aécio dedicou sua intervenção final ao discurso de mudança. "Há nove dias, mais de 30 milhões de brasileiros acreditaram na nossa proposta de mudança. Mas quero agradecer o apoio de duas brasileiras: Renata Campos, à forma leve com que manifestou apoio. E a você, Marina. Saiba que eu saberei honrar os compromissos que assumimos", disse.

Já Dilma preferiu mencionar a educação: "Eu, como todos os brasileiros, acredito que o fundamento desse novo tempo é a educação, da creche à pós-graduação. Peço humildemente o voto de vocês e vamos continuar levando o Brasil para frente".

Os presidenciáveis enfrentam uma disputa acirrada neste segundo turno da corrida eleitoral. No primeiro turno, Dilma obteve mais de 43 milhões de votos (o que correspondeu a 41,59% dos votos válidos), enquanto Aécio foi escolhido por mais de 34,8 milhões de eleitores (33,5%).

Entretanto, eles começaram a disputa no segundo turno empatados tecnicamente, de acordo com as principais pesquisas divulgadas até o momento. Portanto, os embates televisivos têm importância estratégica para conquistar sobretudo o eleitorado indeciso.

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