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O primeiro ruído na campanha de Marina

O coordenador da campanha do partido deixa o cargo e diz que “quer distância” da candidata. Erundina assume o posto

A ambientalista Marina Silva.
A ambientalista Marina Silva.Fernando Bizerra Jr. (EFE)

O clima de euforia durante a apresentação oficial da candidata Marina Silva, com seu vice, Beto Albuquerque, na noite de quarta-feira, foi um contraste para a frase proferida pelo, agora, ex-coordenador da campanha do PSB, Claudio Siqueira. “Da senhora Marina Silva eu quero distância. Eu não participo de campanha de Marina Silva. Ela não é do PSB”, afirmou Siqueira à agência de notícia Broadcast Político, do grupo Estado, nesta manhã, quando ia para o encontro com os dirigentes da Coligação Unidos Pelo Brasil, em Brasília.

Siqueira, agora secretário-geral do partido, estava à frente da campanha, com a identidade do partido peessebista, até a morte de Eduardo Campos, na semana passada. Mas, ao aceitar encabeçar a chapa, Silva pediu para que Walter Feldman, porta-voz da Rede, assumisse a coordenação da campanha, junto com Siqueira. Finalmente, Feldman ocupará o cargo adjunto, enquanto a coordenação da campanha ficará nas mãos da deputada Luiza Erundina.

Siqueira, porém, decidiu abrir mão do seu posto nesta manhã ao chegar à sede do partido em Brasília, em entrevista aos meios de comunicação, ele declarou que a campanha “continuará com a nova candidata e essa nova candidata deve escolher seu novo coordenador”.

Silva, por sua vez, tratou de contemporizar. “A decisão sobre os coordenadores que o PSB tinha indicado estão mantidos”, disse Marina ao sair da reunião em Brasília aos veículos nacionais. “Eu não iria fazer interferência na coordenação que já havia sido indicada pelo PSB”, insistiu, considerando a saída de Siqueira apenas “um mal entendido que o próprio PSB deve esclarecer”.

Para o presidente do PSB de Goiás e candidato a governador do Estado, Vanderlan Vieira Cardoso, amigo de Siqueira, disse que o colega de partido sempre foi “uma pessoa muito respeitada dentro do PSB” e que “o Eduardo [Campos] sempre ouvia ele antes de fazer qualquer coisa”. Acredita que a decisão de Siqueira “foi coisa de momento” e afirmou, pelo que conhece do secretário, que “não é nada que uma boa conversa não resolva”. “O Carlos Siqueira faz parte da história do partido. Precisamos dele, ele conhece tudo”, garante.

De fato, Siqueira é mencionado como um dos artífices da estratégia do PSB no Congresso – de reafirmar o partido como um representante da esquerda e de impedir que a cláusula de barreira fosse incluída na nova lei de partidos políticos, de 2009. E conseguiu, já que a medida foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal antes de que a lei fosse aprovada.

Assim, evitou que fosse exigido do PSB um mínimo de 5% dos votos para eleger um representante na Câmara. É citado também sobre sua tese que ampliava os "objetivos estratégicos do PSB", algo que foi feito em 2003, durante uma exposição no congresso do partido daquele ano. Siqueira defendeu uma discussão que fosse além da dicotomia tradicional da esquerda, entre proletariado e burguesia, e passasse a discutir a democratização com a participação da sociedade e todos seus atores e instituições.

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