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protestos sociais

Os sem-terra param a avenida Paulista

Grupo de cerca de 300 integrantes do movimento, que caminhou por 24 dias até São Paulo, pede celeridade na reforma agrária

Manifestantes na avenida Paulista, nesta quinta.
Manifestantes na avenida Paulista, nesta quinta.Futura Press/Folhapress

Um grupo de cerca de 300 integrantes da Frente Nacional de Luta (FNL), ligado ao Movimento dos Sem-Terra (MST), chegou nesta quinta-feira à avenida Paulista, após uma caminhada de 24 dias e 460 quilômetros desde Assis, no interior de São Paulo. A marcha parou em frente ao escritório paulista da Presidência da República, onde os militantes foram atendidos por representantes da presidenta Dilma Rousseff (PT) e conseguiram a garantia da demarcação de ao menos sete áreas para a reforma agrária.

A caminhada do movimento tinha o objetivo de dar visibilidade ao pedido de celeridade da reforma agrária no Brasil. Dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) mostram que os assentamentos diminuíram nos últimos anos. Em 2006, 136.358 famílias conseguiram uma terra, um recorde histórico. A partir daí, o número de assentados caiu e, em 2012, 23.075 famílias foram contempladas. Em 2013 o número cresceu para 30.239. Quase 932.000 famílias, uma média de 3,7 milhões de pessoas, já foram contempladas desde os anos 70. Mas até 1994, somente 58.327 haviam conseguido apoio do Governo federal.

“A reforma agrária está parada”, reclama Claudemir Silva Novaes, um dos diretores da FNL. “Existem 12 áreas no momento em que é possível fazer o assentamento das famílias, mas isso não é feito. Há áreas em que as pessoas esperam há dez anos uma solução.” As sete áreas que eles conseguiram após a reunião estão dentro dessas 12.

O movimento, que caminhou em torno de 20 quilômetros diariamente durante a marcha, chegou a São Paulo na quarta-feira. Os integrantes passaram a noite acampados dentro da Universidade de São Paulo (USP), com o apoio do sindicato dos trabalhadores da universidade (Sintusp).

No caminho, contaram com a solidariedade de vários movimentos regionais, que providenciaram, por exemplo, caminhões-pipa para que eles pudessem tomar banho, conta Edna Torriani, de 24 anos, militante e membro de um assentamento localizado no Pontal do Paranapanema, região formada por 32 municípios no interior de São Paulo que é um dos principais focos de influência do MST. “Andamos muito, ganhamos várias bolhas no pé, mas para reivindicar os nossos direitos tem que ser assim”, dizia ela.

Nesta quinta pela manhã, os integrantes do grupo se reuniram com os membros do Sintusp, que pedem a liberdade do funcionário da USP Fábio Hideki Harano, de 26 anos, que foi preso com outro ativista após um ato no último dia 23 de junho. Também receberam apoio do sindicato dos Metroviários, que pede a readmissão de 42 funcionários demitidos durante a última greve da categoria, e do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), que conseguiu recentemente a regularização de quatro áreas que ocupa em São Paulo. Juntos, em um grupo que reuniu cerca de mil pessoas, subiram a avenida Rebouças até chegar à Paulista, onde interromperam o trânsito na via sentido zona sul. Foram acompanhados por centenas de policiais, mas não houve nenhum confronto.

No escritório da Secretaria-Geral da Presidência, uma comissão do grupo foi atendida por dois assessores e protocolou um pedido de audiência com a presidenta Rousseff. “Queremos discutir com ela a reforma agrária e a reforma urbana do país”, afirmou Carlos Lopes, outro dos dirigentes da FNL. Ainda não há data marcada para o encontro. O grupo retorna nesta sexta-feira para Assis. Mas, dessa vez, irão de ônibus.

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