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O ímpeto renovador anima os primeiros 100 dias de mandato de Bachelet

A presidenta do Chile conseguiu levar adiante 91% de suas reformas

F. P.
Bachelet em una cerimónia mapuche no Palácio de La Moneda.
Bachelet em una cerimónia mapuche no Palácio de La Moneda.MARIO RUIZ (EFE)

Na semana passada Michelle Bachelet apresentou o balanço de seus primeiros 100 dias à frente do Governo. Anunciou a implantação de 56 medidas e afirmou ter cumprido 91% delas. Bachelet decidiu submeter o 9% restante, que diz respeito aos povos indígenas, à consulta prévia desses povos.

A oposição e a imprensa mais crítica destacaram que muitas dessas medidas entravam em vigor só porque foram anunciadas. Mas o simples anúncio desatou uma chuva de críticas, como aconteceu quando Bachelet falou ao Parlamento de promover a despenalização do aborto terapêutico.

Além disso, o esforço patente de Bachelet em cumprir as promessas levou a oposição a acusá-la de agir com excessiva presteza e de fazer mau uso da maioria parlamentar ao sacrificar o consenso em favor do cumprimento da agenda fixada.

Até agora, a principal iniciativa foi a aprovação da reforma tributária no dia 14 de maio, na Câmara dos Deputados. A lei contempla aumentar os impostos para as empresas e baixá-los às pessoas. Sua aprovação, depois de 12 horas de debates, foi rechaçada em bloco por toda a direita, com exceção de um deputado.

A presidenta insiste que a lei não foi improvisada. Mas analistas afinados com o Governo estimam que antes de formular a lei era necessário contar com a participação de mais especialistas. Bachelet alega que há tempo de aperfeiçoá-la, pois ainda precisa ser aprovada pelo Senado. E se mostra aberta ao diálogo. Mas considera vital para o país que a lei seja aprovada nos próximos meses. “Vai nos permitir obter recursos para a reforma educacional, mas também para enfrentarmos os problemas de saúde que encontramos e tentar melhorar as aposentadorias mais baixas do nosso país, além da moradia”, afirmou a presidenta ao EL PAÍS.

Em relação à reforma educativa, o Governo também recebeu críticas dos que consideram que Bachelet fala constantemente de uma educação “gratuita e de qualidade”, mas não concretiza suas propostas. A presidenta considera, contudo, que a reforma será aprovada por partes e que, por isso, nem todos conseguem perceber o quadro geral. “Enviamos ao Parlamento dois projetos que abordam distintos problemas dentro da educação. E seguiremos em frente com outros projetos. Vamos aos poucos, porque todos são de enorme complexidade. Mas vamos fazer isso aqui e agora, nos próximos meses”, conclui Bachelet.

A respeito da margem das porcentagens sobre as promessas cumpridas, a própria Bachelet lembra que o importante é que com essas medidas já foi traçado o roteiro de seu Governo. A partir de agora, terá de torná-las realidade.

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