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Os Estados Unidos aceleram a contratação no mercado de trabalho

O desemprego cai para 6,3%, o menor nível desde setembro de 2008 A melhora no mercado de trabalho se deve, em grande parte, à queda na população ativa

Janet Yellen está convencida de que a economia está forte o suficiente para crescer sem a ajuda do Federal Reserve (FED), o banco central dos Estados Unidos. Por esta razão, a entidade decidiu continuar com a redução dos estímulos à economia, apesar de a expansão econômica ter ficado estável no primeiro trimestre. Os dados de emprego em abril sustentam a visão da presidente do FED. No mês passado, foram ocupadas 288.000 vagas de emprego. A taxa de desemprego, por sua vez, caiu 0,4 ponto percentual, para 6,3%, o menor nível desde setembro de 2008. A queda, no entanto, foi devido a um grande número de pessoas que abandonou inesperadamente o mercado de trabalho.

Wall Street esperava um aumento na contratação no início da primavera (outono no Brasil), embora não tão expressivo, de 218.000 vagas. Os dados de março foram revisados para 203.000 novos postos ocupados. O mercado também previa a redução da taxa de desemprego para 6,6%, ante 6,7% registrada em março. A taxa de 6,3% de abril é a menor desde o início da crise, mas se deve em grande parte às 806.000 pessoas que saíram das estatísticas.

O ritmo de criação de empregos em abril foi o maior desde que 360.000 vagas foram criadas em janeiro de 2012 e representa o segundo melhor desempenho desde que os EUA começaram a sair da última crise três anos antes. O número total de desempregados ficou abaixo dos 10 milhões, depois de quatro meses praticamente estagnado. Em um ano, 1,9 milhão de pessoas deixou a lista de desempregados. O desemprego de longo prazo também caiu, para 3,5 milhões, um milhão a menos que o nível há um ano.

Os EUA estão muito perto de recuperar todos os empregos perdidos durante a Grande Recessão. Mas a taxa de desemprego ainda está longe da situação de pleno emprego que existia antes da crise, apesar da melhora. Há um ano, os desempregados representavam 7,5% da população ativa. O que prejudica a melhora deste cenário é o fato de que a taxa da população ativa está no mesmo nível há três décadas e meia, em 62,8%, depois de também cair quatro pontos percentuais em abril.

Há dois motivos que explicam a saída de quase um milhão de pessoas do mercado de trabalho em abril. Por um lado, calcula-se que 2,2 milhões de pessoas não estejam procurando emprego de forma ativa neste momento de recuperação, seja por não acreditarem que encontrarão o emprego que desejam ou por não terem condições de buscar uma vaga. Por outro lado, uma onda de aposentadorias estaria se formando entre aqueles da geração do baby boom.

Outro fator a ser analisado é se este aumento na contratação veio acompanhado pela melhora dos salários. Uma das razões que explica a lentidão e a fraqueza desta recuperação nos EUA é justamente a impossibilidade dos funcionários de pedir aumentos salariais. Nos últimos anos, o salário médio aumentou menos de 2%. Em abril, o nível salarial se manteve estável, depois de avançar apenas 0,1% em março.

Outro detalhe que ajuda a entender a qualidade da recuperação do mercado de trabalho é o emprego de meia jornada. Neste caso, não houve muita mudança. Em abril, 7,5 milhões de pessoas estavam nessa situação porque as empresas reduziram as suas horas de trabalho ou porque não ofereceram empregos em tempo integral. Ou seja, o indicador geral do emprego nos EUA é muito distorcido pelos dados confusos ou decepcionantes que preocupam os economistas.

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