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Indústria brasileira reage com melhora do comércio internacional

Avanço ainda é lento, mas deixa para trás resultado negativo do ano passado. Infraestrutura pode manter vendas de máquinas em alta

Carla Jiménez

A indústria de extração mineral avançou 0,7% no terceiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo trimestre do ano passado, segundo apontou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado, observou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reflete parte da recuperação das exportações brasileiras. “Isso mostra alguma melhoria da economia internacional”, disse o ministro. No cômputo geral, a indústria apresentou expansão de 1,9%, no período, um número influenciado pelo aumento da produção de máquinas e equipamentos, além da expansão de 2,4% da construção civil, e de 3,7% da produção e geração de energia, água e gás. No ano passado, a produção industrial fechou em queda de 2,7%.

A venda de maquinários continua em alta, apesar de o indicador Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), monitorado pelo IBGE, ter recuado 2,2% no terceiro trimestre, em comparação com o trimestre anterior. O FBCF compõe a taxa de investimento da economia, que ficou em 19,1% do PIB, segundo o IBGE. As concessões em infraestrutura podem engordar esse indicador, avalia o Rogério Cesar de Souza, economista do Instituto de Estudos de Desenvolvimento Industrial (Iedi). “Para o ano que vem, podemos ficar mais otimistas”, diz Souza. Os leilões de rodovias, ferrovias e novas rodadas do setor de energia devem movimentar a cadeia industrial

A taxa de investimento ainda está muito abaixo da meta da presidenta Dilma Rousseff, que se elegeu em 2010 sinalizando que chegaria a 2014 com investimentos da ordem de 24% do PIB. “Podemos quebrar a barreira dos 20% até o ano que vem, mas somente em 2015 ou 2016 poderíamos chegar a uma taxa mais condizente com o que o país precisa, que é de 24%”, completa Souza.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também considerou que uma taxa de 24% só sera possível dentro de alguns anos. “Os investimentos são suscetíveis a condições de mercado, mas devemos terminar o ano com um crescimento de 6% a 7% este ano da FBCF”, avalia. O resultado é positive, quando se considera que no ano passado, o indicador teve desempenho negativo pelos quatro trimestres consecutivos. “Estamos em trajetória de recuperação”, diz Souza, do Iedi.

Para ele, o desempenho da indústria brasileira ainda é uma incógnita, uma vez que os desafios são de natureza estrutural. “Estamos num momento em que precisamos de mais investimentos em inovação, produtividade e tecnologia”, afirma o economista do Iedi. A indústria, que vinha mantendo empregados, já começou a dispensar funcionários, para se ajustar à demanda do mercado.

Consumo

O consumo em alta no Brasil também favoreceu as importações, que subiram 13,7% entre julho e setembro deste ano, na comparação com o mesmo período do ano anterior. No acumulado em 12 meses, o consumo das famílias, que responde por dois terços do PIB, cresceu 2,8% no acumulado dos 12 meses terminados em setembro. Somente no terceiro trimestre do ano, os brasileiros consumiram o equivalente a 764,9 bilhões de reais.

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