5 fotosBons salários, mortalidade zero e outros motivos para se mudar para a cidade mais remota do planetaEla chama Longyearbyen, tem 2.000 habitantes e é o último lugar habitado ao norte da TerraSara Navas23 jun. 2018 - 19:53BRTWhatsappFacebookTwitterLinkedinLink de cópia“Em Longyearbyen a catástrofe é constantemente prevista", afirma Javier Reverte. Por isso, para salvaguardar a biodiversidade foi construída em 2008 uma câmara blindada à prova de bombas nucleares e terremotos, o Banco Global de Sementes, que abria cem milhões de sementes de plantas alimentícias. Essas sementes são mantidas a 120 metros de profundidade com uma temperatura estável de -18ºC, condições que garantem sua conservação durante vários séculos. Diante de um cataclismo natural, uma guerra ou um apocalipse, o bando de Svalbard –conhecido popularmente como “o viveiro do fim do mundo” ou “A Arca de Noé vegetal”– daria uma nova oportunidade ao mundo de se reconstruir. “Ali você adquire a consciência de que as mudanças climáticas são algo real que está acontecendo e destruindo o planeta. Medidas como a armazenagem dessas sementes são a prova de que pode ocorrer uma catástrofe a qualquer momento”, afirma Reverte.Getty"O governo cede terrenos a quem pedir para que possa construir uma casa. Tem interesse em que a cidade esteja habitada, por isso, optar por uma residência em Longyearbyen é tão simples”, afirma o escritor Javier Reverte. Mais de 2.000 habitantes estão registrados pelo censo na capital de Svalbard, arquipélago cujo nome provém de uma palavra viking que pode ser traduzida como “costa fria”. Apesar de não ser complicado nem caro conseguir uma casa, morar em Longyearbyen não é possível para todos os públicos. Sobretudo para aqueles que gostam de temperaturas cálidas e agitação. Nesta cidade, o dia polar, com temperaturas que não superam os 16º, começa em 20 de abril e termina em 22 de agosto. A noite polar começa em 28 de outubro e acaba em 14 de fevereiro: durante esses meses as temperaturas são de -50ºC e o sol não chega a aparecer. “Trata-se de uma cidade construída para a sobrevivência em condições climatológicas extremas. Nada ali é belo ou transcendente, mas simplesmente útil”, explica Reverte.GettyEntre placa de gelo e renas pastando, em Longyearbyen você pode encontrar com surpreendente facilidade restaurantes onde experimentar pratos típicos da gastronomia tailandesa. “Isto acontece porque um grande número de tailandeses se assentou na cidade durante os últimos anos e impôs sua cozinha na ilha. Tanto que é mais fácil comer um prato de curry tailandês do que um filé de truta grelhada”, afirma Javier Revierte. Mas não é essa a única cozinha estrangeira que se estabeleceu a 1.000 quilômetros do Pólo Norte. As ruas da capital de Svalbard acolhem também locais de comida chinesa e italiana.GettyO que faz com que os 2.000 habitantes de Longyearbyen permaneçam em um lugar cuja principal característica é ter o clima mais extremo do planeta? “A oportunidade de ter trabalho. Ali há para todo mundo, e muito bem remunerado”, observa Javier Reverte. O arquipélago se encontra sob a soberania norueguesa, mas seu status não está definido pela ONU. Isto quer dizer que qualquer pessoa pode chegar à cidade habitada mais próxima do Polo Norte, instalar-se com total liberdade e trabalhar nos empregos criados com pesquisa do meio ambiente, mineração de carvão, turismo ou serviços. “Trabalhando na mina é possível receber facilmente 4.000 ou 5.000 euros por mês”, confirma o escritor de ‘Confines’.GettyO gelo ocupa 60% da superfície de Longyearbyen, a localidade mais setentrional do planeta. “Há mais ursos polares do que pessoas”, diz Javier Reverte. Mais precisamente, 3.000 ursos e 3.000 habitantes, dado que leva a lei a exigir que qualquer cidadão que saia dos núcleos populacionais ande armado com um rifle. A vida ali não é simples. As árvores não crescem nem se pode cultivar nada. A madeira é um produto de luxo. No entanto, esses inconvenientes são compensados com benefícios sociais e ausência de impostos. Por exemplo? Os noruegueses contam com uma ajuda de 20.000 euros para se instalarem ali e o álcool é vendido sem restrições e livre de impostos, o que reduz muito o seu custo.Getty