A Coreia do Norte continua sendo o país menos ‘conectado’ da Terra. O acesso global à Internet é impensável para a maioria e o preço por tentar contornar as regras do Governo pode ser alto. Mas para Kim Jong-un, a ideia de uma Coreia do Norte mais conectada também é atraente
No entanto, a Internet e os avanços na tecnologia da comunicação fizeram buracos nessa estratégia, particularmente entre os mais educados, os mais jovens e os mais ricos, o mesmo segmento da sociedade que poderia ser uma ameaça política. Na foto, estudantes norte-coreanos usam computadores no Complexo Sci-Tech, em Pyongyang, em 17 de abril de 2017.Wong Maye-E (AP)Há uma década, apenas um pequeno grupo de funcionários militares e do regime seleto tinha acesso a smartphones. Agora, de acordo com os relatórios financeiros mais recentes do principal provedor, estima-se que existam entre 2,5 e 3 milhões de telefones celulares na Coreia do Norte, um país de 25 milhões de habitantes. Na foto, um homem usa um smartphone em frente aos retratos dos falecidos líderes norte-coreanos Kim Il Sung (à esquerda) e Kim Jong Il (à direita), em 5 de maio de 2015, em Pyongyang.Wong Maye-E (AP)Na ilha de Ssuk do rio Taedong existe um edifico em forma de átomo. É o complexo Sci-Tech, um centro para a disseminação de informação relacionada à ciência em todo o país. Abriga a maior biblioteca eletrônica da Coreia do Norte, com mais de 3.000 terminais onde os funcionários das fábricas participam da teleaprendizagem, as crianças assistem desenhos animados e os estudantes universitários pesquisam. Na foto, o centro de ciência e tecnologia localizado na ilha de Ssuk em uma imagem sem data fornecida pelo Governo da Coreia do Norte.APOs computadores do complexo Sci-Tech funcionam com o sistema operacional ‘Estrela Vermelha’, que foi desenvolvido pelo Centro de Computação da Coreia a partir da codificação de código aberto do Linux. O Red Star 3.0 tem os widgets habituais: o navegador ‘Naenara’, o e-mail, um calendário e a configuração de zona horária, incluindo ‘kPhoto’ (com um ícone que se parece muito com o iPhoto). As versões anteriores apresentavam uma interface de usuário de Windows XP, mas agora têm um modelo mais semelhante ao Mac. Na foto, várias pessoas utilizam computadores no Complexo Sci-Tech de Pyongyang, em 26 de junho de 2017.Wong Maye-E (AP)Qualquer tentativa de mudar suas funções principais e desativar as checagens de vírus resulta em um ciclo de reinício automático e os arquivos baixados de USB têm uma marca d’água para que as autoridades possam identificar e rastrear atividades criminosas e subversivas. Na foto, Pak Sung Jin, um estudante de pós-graduação em Química trabalha em um ensaio no Complexo Sci-Tech de Pyongyang, em 16 de junho de 2017. Se Pak precisar de algo da Internet, os oficiais credenciados da Universidade procurarão por ele. Pak defende a crítica oficial de que a Internet foi contaminada pelos imperialistas norte-americanos.Wong Maye-E (AP)Os telefones locais permitem que os norte-coreanos liguem e enviem mensagens de textos, joguem jogos, naveguem pela Internet nacional e acessem alguns outros serviços. Mas não podem receber e realizar chamadas de números de fora dessa rede, ou seja, do resto do mundo. Além disso, o uso de Wi-Fi é proibido aos norte-coreanos, e estritamente restringido e monitorado para bloquear a ocultação dos sinais dos estrangeiros. Na foto, um homem fala por celular em um bonde elétrico no centro de Pyongyang, em 28 de julho de 2017.Wong Maye-E (AP)Portanto, ao mesmo tempo em que mantêm suas táticas da velha escola local e fazem com que se cumpra o apagão da Internet global, os funcionários da Coreia do Norte aprenderam a se adaptar utilizando os dispositivos on-line como mais uma ferramenta à vigilância. Na foto, estudantes norte-coreanos utilizam computadores no Complexo Sci-Tech de Pyongyang, em 16 de junho de 2017.Wong Maye-E (AP)Os médicos podem realizar consultas através de videoconferências on-line, e a conferências na prestigiosa Universidade Kim Il Sung são transmitidas a fábricas longínquas e comunidades agrícolas. As pessoas usam dicionários on-line e mandam mensagens de texto em seus telefones inteligente. Nas carteiras dos privilegiados estão os cartões ‘Jonsong’ e ‘Narae’ para compras eletrônicas e bancos on-line. Mas tudo isso é possível somente através de uma Intranet extremamente controlada. Na foto, um homem lê o jornal local enquanto outros navegam pelo sistema de Intranet na Grande Casa de Estudo Popular de Pyongyang, em 24 de julho de 2017.Wong Maye-E (AP)Pyongyang utiliza um sistema onde a elite de confiança pode navegar pela Internet com relativa liberdade enquanto as massas se mantêm dentro de uma Intranet nacional minuciosamente vigiada e construída em parte com um software roubado. Na foto, um homem usa seu telefone inteligente em Pyongyang, em 5 de maio de 2015.Wong Maye-E (AP)Os especialistas externos acreditam que um programa semelhante ao que a Apple usa em seus OS X e iOS é a base da armadilha explosiva que frustra as tentativas de desativar as funções de segurança no Red Star. Na foto, a página principal do site do Complexo Sci-Tech de Pyongyang, em 16 de junho de 2017.Eric Talmadge (AP)Também há uma forte evidência de que a Coreia do Norte permite às pessoas envolvidas na pirataria informática e nas operações cibernéticas o acesso necessário a um compromisso profundo com os ciberataques e o crime cibernético. Na foto, várias pessoas observam o tablete Samjiyon produzido para o mercado da Coreia do Norte à venda na 16ª Feira Internacional de Primavera de Pyongyang, em 15 de maio de 2013.Jon Chol Jin (AP)Segundo o FBI, os ataques mais graves da Coreia do Norte incluem o recente ‘WannaCry’ ransomware, que infectou centenas de milhares de computadores em maio e paralisou partes do Serviço Nacional de Saúde da Grã-Bretanha. Foi relacionado a ataques ao banco central de Bangladesh no ano passado e a bancos na Coreia do Sul desde 2013. Em 2014 ocorreu também a invasão cibernética da Sony Pictures com o lançamento de A Entrevista, uma comédia de humor negro que retratou graficamente um Kim Jong-un morto. Na foto, funcionários da Agência de Internet e Segurança da Coreia em Seul (Coreia do Sul) monitoram possíveis ataques cibernéticos de randsomware, em 15 de maio de 2017.Yun Dong-jin (AP)