9 fotosOs 10 melhores filmes de Tom HanksQuando tudo dá errado, lá está Tom Hanks, a quintessência do homem honesto. Protagonizou grandes filmes e também sonoros fracassos 15 out. 2016 - 19:00BRTWhatsappFacebookTwitterLinkedinLink de cópia'Se Beber, não Case' não inventou nada de novo. Nos anos 80 valia tudo. ‘A Última Festa de Solteiro” é uma comédia descabelada sobre uma despedida que acaba passando dos limites, incluindo drogas, um convidado com tendências suicidas, prostitutas, um franco-atirador e um burro. Hanks é puro carisma e furor interpretando o noivo, que canaliza a ansiedade que o casamento lhe produz cozinhando com um maçarico e escandalizando sua sogra com um cachorro quente que inclui uma surpresa. O ator nunca voltou a se valer do histrionismo, mas se ‘Filadélfia’ não tivesse aparecido em sua vida certamente Tom Hanks teria acabado em uma carreira mais parecida com a de Jim Carrey ou Eddie Murphy. Como qualquer homem, Hanks deu vazão ao descontrole durante sua juventude e depois sentou a cabeça e se tornou um senhor decente. O mais decente de todos, na verdade.Quando uma criança diz que quando crescer quer ser astronauta é bem provável que sua aspiração seja se parecer com Tom Hanks neste filme. Do mesmo modo que durante as turbulências no avião olhamos para a aeromoça para nos certificarmos de que tudo vai bem, no cinema depositamos todas as nossas esperanças no aprumo de Hanks. Por isso, quando se rende e reconhece “Houston, temos um problema”, sabemos que a tripulação dessa nave espacial está realmente mal. Essa expressão não passou à história do cinema pela frase em si, mas porque era Hanks quem a pronunciava. Com tudo o que isso significa. Bruce Willis a teria pronunciado de um modo dissimulado. Tom Hanks conseguiu que o mundo inteiro contivesse a respiração.Quem não se deparou com alguma imperfeição depois de se mudar para uma nova casa? Aqui Tom Hanks sofre todas. As escadas desmoronam, a cozinha pega fogo e ele fica entalado a noite inteira em um buraco cercado por um tapete. A veia cômica de Hanks está mais impecável que nunca enquanto atravessa todos os estados que um ser humano sofre durante uma mudança: esperança, decepção, estupor, euforia, ataques de nervos e, finalmente, agarra o touro pelos chifres e enfrenta os operários que tentam enganá-lo. É um ator clássico com uma habilidade inata para que você fique do lado dele em qualquer situação. Hoje Tom Hanks é parte da família graças a seus dramas, mas esse carisma afetuoso já brilhava em ‘ Um Dia a Casa Cai’.Neste drama de ficção científica no qual confluem seis linhas temporais, Hanks interpretou seis personagens distintos. Estava disposto a demonstrar que, ao contrário do que dizem seus detratores, é um dos atores mais versáteis de sua geração. Esta ambiciosa e enaltecedora peripécia das irmãs Warchowski serve como vitrina da destreza de Tom Hanks: sempre se vale de poucos gestos, mas nunca parece estar repetindo personagens ou truques. O segredo é que sua cara funciona como uma tela, ou como um piano que sempre soa parecido, mas toca melodias distintas a cada vez. Seus gestos mal variam de um personagem a outro, mas a sensibilidade com que personifica cada um deles sempre é diferente.O homem decente que se limita a fazer o tem que fazer se incorpora em circunstâncias extremas. O desembarque na Normandia e o feito posterior de encontrar o último dos irmãos Ryan com vida é liderado por um Tom Hanks que travará a pior batalha em seu interior: deve manter a integridade para proteger seu pelotão. Vendo o filme fica a sensação de que, se o capitão deste batalhão desmorona, os aliados vão perder a guerra. Este é o trabalho mais delicado de Hanks, ao construir uma intepretação visceral que ao mesmo tempo tem de reprimir a todo o momento. O filme retrata todo tipo de violência e esfacelamento, mas nada expressa os horrores da guerra tão intensamente como o medo contido no olhar de Hanks.Depois de uma década em que Hollywood não teve espaço para heróis mundanos, o ‘thriller’ ‘Capitão Phillips’, sobre um navio mercante assediado por piratas africanos, nos devolveu ao Tom Hanks com o qual todos nós crescemos. E fez isso de uma forma sutil, quase inalcançável. Durante o sequestro, o capitão Phillips permanece impassível e quase árido, tentando manter sua calma e, por conseguinte, a da tripulação e dos criminosos. Nada impressionante, nada memorável. Mas só no final, quando o protagonista entra em colapso, na intimidade, entendemos tudo o que Tom Hanks vinha fazendo nas duas horas anteriores. É doloroso ver como, no fim, relaxa e se permite que toda sua angústia o invada de supetão. Qualquer ator poderia interpretar um tipo durão, mas poucos transmitem a ansiedade depois da tempestade, como faz Tom Hanks.Especializado em papéis de homens comuns, Hanks não teve muitas oportunidades de empregar sua poderosa capacidade física. Seu personagem é um homem apartado da civilização, que tem de enfrentar a natureza, mas se aferrará à sua humanidade com todas as suas forças. Sabe que é tudo o que tem. Isso inclui iniciar amizade com uma bola de vôlei chamada de Wilson e passar metade do filme falando sozinho. Longe de se tornar tedioso, ‘Náufrago’ é uma aventura épica de sobrevivência humana, que cativou o público porque Tom Hanks tem a capacidade de conseguir que nos envolvamos na história até quando arranca um dente com um patim."Não faça esse papel: vão achar que você é gay". Foi isso o que o agente de Hanks lhe disse quando lhe ofereceram este papel. ‘Filadélfia’ era o primeiro filme de Hollywood protagonizado por um personagem gay e o ator, ostentando a mesma integridade que caracteriza seus personagens, aceitou o desafio, apesar das possíveis consequências negativas que teria em sua carreira. Ao contrário, ganhou um Oscar e sensibilizou milhões de pessoas, tornando visível a homossexualidade e derrubando o estigma social da AIDS. Ele sabia quanto era importante sua presença no filme. O ator impôs o bem maior a seus interesses, e isso o torna algo mais do que um astro de Hollywood. Isso o transforma em um herói de nosso tempo.A melhor interpretação de Tom Hanks. O papel, uma fábula sobre a história dos Estados Unidos do século XX protagonizada por um deficiente mental, poderia ter sido fatal. Mas o filme tinha um cartucho em seu favor. A humanidade, o carisma e a dignidade que Hanks empresta a ‘Forrest Gump’ ganharam um lugar especial na memória sentimental da cultura popular. Ninguém mais teria levado em frente este personagem, que despertou o carinho e a admiração do público. ‘Forrest Gump’ é a parábola sobre o sonho americano e o homem que se faz sozinho mais triunfante e contagiante filmada até então, e dependia integralmente de seu protagonista e da pureza com que Gump respeita sua mãe, Jenny, Deus e o tenente Dan acima de qualquer humilhação. É uma comédia hilariante e um melodrama comovente. É uma maratona interpretativa que Hanks forja com uma naturalidade assombrosa. “Você nunca voltará a ver o mundo igual quando o vir através dos olhos de Forrest Gump”, prometia o anúncio do filme. De certo modo, nunca voltamos a ser tão inocentes como quando Tom Hanks nos contava as histórias.