“Participar da vida da minha filha é o melhor benefício de empreender”

Mães contam porque decidiram criar seu negócio. Nem tudo deu certo de primeira

Milena Guiotti (dir) em evento do CafeínaAcervo pessoal/Facebook

Sabrina Wenckstern, de 30 anos, começou a empreender assim que a filha Isabela nasceu, há um ano e meio. “Eu trabalhava com marketing e eventos em uma empresa e costumava passar mais de 12 horas fora de casa e viajava muito. Quando soube que estava grávida, comecei a planejar uma mudança de carreira, pois aquela realidade não era compatível com o que eu queria para mim e para a minha filha”. Ao voltar da licença maternidade, pediu demissão, para poder passar mais tempo com a criança. “Na minha primeira semana de volta ao trabalho, fui escalada para trabalhar em um evento que me obrigaria a ficar das 7h às 22h fora de casa, tendo um bebê de quatro meses em casa,me esperando. É uma situação que ninguém pensou”, relata.

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O primeiro empreendimento foi uma loja de e-commerce de roupas infantis. A empresa durou apenas três meses. “Pessoas que me conheciam do meu antigo trabalho começaram a me procurar para eventos corporativos ou de marketing. Como eu estava precisando de dinheiro, tinha acabado de pedir demissão e de começar um negócio, aceitei. Chegou um momento em que percebi que eu ganhava, em duas ou três tardes, o mesmo que em um mês vendendo body. Acabei deixando a loja e me dedicando mais à minha área de formação”, explica.

Dali nasceu a consultoria Deadline Marketing & Eventos, negócio que vem rendendo frutos aos poucos. “Busquei muita informação sobre como conciliar trabalho e filhos. Acabei conhecendo o nome ‘empreendedorismo materno’ como movimento e tive contato com muitas profissionais que não tinham ferramentas necessárias para empreender, que não sabiam definir um público-alvo, desenhar uma estratégia de marca, precificar o produto. Dúvidas que tinham tudo a ver com o meu trabalho”, conta. Dessa forma, passou a atender essas mães empreendedoras como clientes. O Maternativa, plataforma de mães empreendedoras na internet da qual faz parte, tem contribuído para a construção dessa rede de contatos. A rotina de trabalho não é menos cansativa nem a jornada é menor do que antes. Mas os frutos desses trabalho sãos mais gratificantes. “Poder participar do desenvolvimento da minha filha é o melhor benefício do empreendedorismo para mim”, destaca Sabrina.

Pelo mesmo motivo Milena Guiotti, de 32 anos, pediu demissão do trabalho para fundar a Recosturando, empresa de brinquedos e itens de enxoval artesanais. Quando Antônio nasceu, há dois anos, Milena voltou a se dedicar a um antigo talento, a costura. Seu carro-chefe é uma cabaninha de pano, cuja ideia surgiu da necessidade de dar ao filho brinquedos que instigam a criatividade ao mesmo tempo que são sustentáveis. “Comecei fazendo meu enxoval. Costurei protetor de berço, almofada de amamentação, cueiro. Depois fiz para presentear as minhas amigas grávidas. No boca a boca, fui recebendo encomendas e decidi trabalhar com isso”, explica.

Ao passo que o filho crescia, Milena criava novos produtos. “Minha linha de produtos cresce com o meu filho, de acordo com cada nova necessidade que eu percebo que ele tem”, afirma. Um exemplo é a sua última invenção. Ao observar a dificuldade de Antônio em segurar o seu boneco favorito enquanto tentava se equilibrar na primeira bicicleta, Milena desenvolveu o sling (carregador de pano) para crianças, que virou febre entre as crianças na vizinhança onde mora. A empresária também desenvolve, em paralelo, o trabalho de doula, e hoje acompanha uma gestação por mês.

Embora também tivesse como objetivo ganhar mais tempo com a filha, Manuela, que hoje tem dois anos, a nutricionais Viviane Laudelino, de 35 anos, não conseguiu abandonar a sua renda principal, o trabalho como pesquisadora e supervisora do Centro de Referência em Nutrição, CRNutri, da Universidade de São Paulo.

O crescente interesse pelo tema da saúde infantil fomentou o desejo de criar a consultoria Maternidade sem Neura, em parceria com uma amiga, em maio deste ano. “É um trabalho paralelo que faço, durante as tarde, de apoio à gestante, aconselhamento de amamentação, introdução de alimentos para o bebê”, conta Viviane. “No futuro, espero que seja minha principal ocupação, mas não penso em torná-la exclusiva, pois amo meu trabalho de pesquisa. Ainda assim, a consultoria é um projeto muito pessoal para mim, pois me permite disseminar o conceito do empoderamento materno pelo mercado”, complementa.

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