
Os medos em ‘Fear The Walking Dead’
Os protagonistas da nova série de The Walking Dead falam sobre suas personagens e a filmagem da nova série de Robert Kirkman


A atriz admite não ter acompanhado a série original, The Walking Dead: “Vi partes, achava alucinante, mas me deram o papel e parei, porque não queria saber, pelo meu personagem, que aspecto teria o apocalipse. Mas minha mãe depois disso virou fã, e não é de forma alguma o gênero favorito dela, mas assim que me deram o papel ela ficou viciada em The Walking Dead”.
Qual é o principal medo da sua personagem? “Madison tem medo de perder seus filhos, perder sua família, perder Travis”, diz a atriz, cortante. E como a própria Dickens se comportaria em tal situação? Certa vez, Andrew Lincoln disse ao EL PAÍS que não aguentaria nem um dia, que não é capaz nem de cuidar das plantas no seu jardim. A atriz ri ao escutar isso e dá sua visão: “Acredito que ficaria bem durante um dia. Tenho a mente lúcida e sou bastante centrada, e cuido da minha casa e da minha família. Estou preparada para as coisas, mas não faço nem ideia de como iria me virar. Tentaria ser forte. Talvez Andrew na verdade se vire melhor”.
Tem medo da pressão de ser uma série cuja origem é uma das ficções mais vistas dos últimos anos? “Há uma enorme base de fãs da série original, e eles são apaixonados e leais demais. Não sei, talvez tenham expectativas a nosso respeito. Sei que seremos uma série diferente, única, mas, dito isto, continuamos no mesmo universo, e acredito que o que queremos é dar 120% de nós em fazer o melhor possível, esperamos fazer bem para os fãs, mas tudo o que podemos fazer é uma série honesta e verossímil”.
AMC![Cliff Curtis (Rotorua, Nova Zelândia, 1968) em princípio parece uma pessoa terrivelmente séria, mas acaba se revelando muito simpático. Mostra-se surpreso ao saber que três jornalistas –da Hungria, México e Espanha– foram até Vancouver, onde grava Fear The Walking Dead, só para entrevistar o elenco que o inclui. <p>Curtis interpreta Travis Manawa, um professor de ensino médio, separado e com um filho, que está começando a formar uma nova família com Madison. “Ainda estou conhecendo [o personagem]. É um bom sujeito, o que é novidade para mim. É um sujeito normal, não é um herói de ação. Não tem segredos no passado e diz o que pensa. E é um otimista. Ele me permite explorar um mundo que é bastante sutil em termos de quem ele é, num mundo que é qualquer coisa menos sutil.” <p>Qual é o maior medo de Travis? “Que sua família não o ame, e perdê-la.” Quando deu esta entrevista, Curtis ainda estava imerso na gravação dos três últimos capítulos. “Foi um cozimento lento aprender quem é o personagem e aprender como é este mundo. Não conhecemos nada sobre o apocalipse, a única coisa que sabemos é que algo está ocorrendo, algum tipo de infecção ou um vírus. Sabemos que alguma coisa acontece, mas não há nada confirmado. E ele o que quer desesperadamente é que sua família fique bem”. <p>Curtis adora o tom da série, porque vê uma mistura de dois mundos cinematográficos preferidos, os blockbusters de verão e os filmes independentes mais intimistas: “Os roteiristas, produtores e diretores estão pilotando esta série de uma forma muito sofisticada, centrando-se nessas relações e na intimidade do que é importante para essas pessoas nessa unidade familiar enquanto o mundo ao redor implode e desmorona em pedaços”.](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/JK4TG4PYYZL2DI22VLDUEUV25U.jpg?auth=a691d6927ebe84083880eab9d31dfe36d3a5ab3b51de8f8c73e925ce9daaee26&width=414)
Curtis interpreta Travis Manawa, um professor de ensino médio, separado e com um filho, que está começando a formar uma nova família com Madison. “Ainda estou conhecendo [o personagem]. É um bom sujeito, o que é novidade para mim. É um sujeito normal, não é um herói de ação. Não tem segredos no passado e diz o que pensa. E é um otimista. Ele me permite explorar um mundo que é bastante sutil em termos de quem ele é, num mundo que é qualquer coisa menos sutil.”
Qual é o maior medo de Travis? “Que sua família não o ame, e perdê-la.” Quando deu esta entrevista, Curtis ainda estava imerso na gravação dos três últimos capítulos. “Foi um cozimento lento aprender quem é o personagem e aprender como é este mundo. Não conhecemos nada sobre o apocalipse, a única coisa que sabemos é que algo está ocorrendo, algum tipo de infecção ou um vírus. Sabemos que alguma coisa acontece, mas não há nada confirmado. E ele o que quer desesperadamente é que sua família fique bem”.
Curtis adora o tom da série, porque vê uma mistura de dois mundos cinematográficos preferidos, os blockbusters de verão e os filmes independentes mais intimistas: “Os roteiristas, produtores e diretores estão pilotando esta série de uma forma muito sofisticada, centrando-se nessas relações e na intimidade do que é importante para essas pessoas nessa unidade familiar enquanto o mundo ao redor implode e desmorona em pedaços”.
AMC
Dillane é filho do ator shakespeariano britânico Stephen Dillane, o rei Stannis Baratheon em Game of Thrones. Ele espera que seu pai veja a série, mas admite que não vê absolutamente nada do que Baratheon faz. “Meu pai é um ator incrível demais. E me ajuda muito. Fazemos muito trabalho juntos, lemos peças, e ele me ajudou a entrar na escola de atuação”, conta (Frank começou sua carreira com um papel curto, mas importante, em Harry Potter, o de Tom Riddle). “Mas percebi agora que, se eu assistir demais ao que ele faz, ele me ‘rouba’. Concluí que preciso me separar lentamente dessa relação mestre-pupilo e observá-lo como um igual.”
E em Fear The Walking Dead, o que seu personagem mais teme? “Boa pergunta, não tenho certeza. Teme ficar louco, não estar bem da cabeça.” O personagem do Dillane não vive na casa da família. “De certa forma, estar sem teto é como viver em um mundo pós-apocalíptico.”
AMC
Debnam-Carey interpreta Alicia (desta vez com i em vez de y), a filha adolescente de Madison Clark (Kim Dickens) e irmã do problemático Nick (Frank Dillane). “É um pouco a menina de ouro. Vai bem no colégio, futuramente se imagina na universidade e é bastante autossuficiente", conta ela sobre a personagem. Do que Alicia Clark mais tem medo? “Acho que o mais duro para ela nos primeiros episódios é deixar-se levar, é difícil para ela processar este mundo que muda”, afirma. “Há muitos motivos no roteiro e na série sobre a que você pode se agarrar, e de repente perceber que as coisas não são permanentes”.
A atriz reconhece que não havia visto a série original, The Walking Dead, mas que devorou as cinco temporadas em apenas cinco semanas quando conseguiu o papel em Fear.
AMC
“Por que a ex-mulher? Porque acontece o tempo todo, no mundo todo. É uma dinâmica familiar muito interessante quando você junta duas famílias neste mundo pós-moderno, com filhos de duas famílias”, afirma a atriz. E o que acontece quando essa dinâmica familiar está inserida no início de um apocalipse inexplicável? “Não saber o que está acontecendo nem a importância que isso pode ter influi em como precisamos mudar e quais valores podemos manter e quais serão afetados no caminho desta nova realidade.”
Rodríguez (de Orange Is The New Black) sabe bem que o apocalipse é “outro personagem” na história. Tanto faz que sejam zumbis. “Não pesquisei nada de filmes de zumbis e outros porque acredito que, se colocar as notícias na televisão, você muitas vezes já fica sem fôlego. Seria como o 11 de Setembro, o Katrina, o Estado Islâmico. Assumo que, quando imagino (o apocalipse da série), seria algo igual, o mal-estar, a ansiedade, que você está com a sua família e não sabe o que acontece, tem pouca informação, não sabe se haverá um Governo para você, e você supõe que eles vão se encarregar de que você fique bem, e aí vê como as coisas se desmoronam rapidamente”.
AMC
Henrie é Christopher Manawa, o filho de Travis Manawa (Cliff Curtis), um adolescente que tem dificuldade para aceitar a separação dos pais e teme que o pai forme uma nova família com Madison e os dois filhos dela.
Aí reside o maior medo desse personagem: “Acredito que Chris teme ter de se juntar a essa outra família. Ele tem medo do apocalipse, é claro, mas acho que o que ele quer é levar uma vida coerente com ele mesmo”. O personagem teme isso precisamente porque o apocalipse está fazendo com que ambas as famílias se reúnam.
Na série original, The Walking Dead, muitos personagens morreram ao longo das temporadas. Como você gostaria de ver morrer seu personagem, se isso vier a acontecer? “Bem, isso poderia acontecer”, diz rindo, “e se for caso, eu espero que seja com um grande estrondo, talvez salvando a vida de outra pessoa. Isso seria legal... se eu morrer”.
AMC![Rubén Blades (Cidade do Panamá, 1948) senta-se diante de três jornalistas como se estivesse perante uma banca pronta a examiná-lo sobre um assunto no qual ele é mestre. Tranquilo, sério e com o olhar astuto daquele que sabe tudo. Seus colegas de rodagem o apelidaram de “sábio”. E o que ele não conhece, pergunta, pesquisa, aprende. Aos poucos, ele aponta detalhes de seu trabalho em Fear The Walking Dead (o canal por assinatura AMC estreou a série em 23 de agosto), em que interpreta um refugiado de El Salvador que vive em Los Angeles no momento em que irrompe um apocalipse zumbi. “Meu personagem é um sobrevivente. Nossas reações são estabelecidas por imperativos morais. Quando você está em uma situação de emergência, todos esses imperativos desaparecem”. <p>Ele está à vontade e sabe como captar a atenção dos repórteres. Durante uma hora, sentado diante de uma mesa em um set de filmagem nos arredores de Vancouver, onde grava a série, a conversa acaba se voltando para os amigos ausentes, como García Márquez e Paco de Lucía, e para suas outras paixões: música (não apenas a salsa), literatura, política ou sua coleção de mais de 15.000 álbuns de histórias em quadrinhos. Neal Adams, “um dos maiores criadores de histórias em quadrinhos”, colocou seu nome num vilão em uma história do Batman e, apesar de ter sido ministro do Panamá, de ter gravado mais de trinta discos com artistas tão diversos como Gustavo Dudamel, Bob Dylan e Sting, de ter participado de filmes com Robert Redford e Jack Nicholson e de agora estar imerso em uma das sagas de televisão mais reconhecidas da cultura popular, essa aparição mínima, o fato de um personagem clássico dos quadrinhos como Batman citar seu nome numa conversa, é das coisas que lhe deram mais satisfação. “Comprei uma dezena de exemplares, estamos falando de Batman, o melhor do melhor”, diz. [...] <p> <a href=http://cultura.elpais.com/cultura/2015/08/02/actualidad/1438532915_442396.html target=blank>Leia a entrevista completa, publicada no El <i>País</i> de 5 de agosto de 2015</a>.](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/GGTD5WXRU5J2PKL6DDNYAMZMJY.jpg?auth=9d698d56ac91e27930dc69d851225278e0242b89b3dfee8b00841b030d265277&width=414)
Ele está à vontade e sabe como captar a atenção dos repórteres. Durante uma hora, sentado diante de uma mesa em um set de filmagem nos arredores de Vancouver, onde grava a série, a conversa acaba se voltando para os amigos ausentes, como García Márquez e Paco de Lucía, e para suas outras paixões: música (não apenas a salsa), literatura, política ou sua coleção de mais de 15.000 álbuns de histórias em quadrinhos. Neal Adams, “um dos maiores criadores de histórias em quadrinhos”, colocou seu nome num vilão em uma história do Batman e, apesar de ter sido ministro do Panamá, de ter gravado mais de trinta discos com artistas tão diversos como Gustavo Dudamel, Bob Dylan e Sting, de ter participado de filmes com Robert Redford e Jack Nicholson e de agora estar imerso em uma das sagas de televisão mais reconhecidas da cultura popular, essa aparição mínima, o fato de um personagem clássico dos quadrinhos como Batman citar seu nome numa conversa, é das coisas que lhe deram mais satisfação. “Comprei uma dezena de exemplares, estamos falando de Batman, o melhor do melhor”, diz. [...]
Leia a entrevista completa, publicada no El País de 5 de agosto de 2015.
AMC
Spíndola interpreta Griselda Reyes Salazar, uma imigrante salvadorenha que mora em Los Angeles há muitos anos. Como a atriz, Griselda compreende e fala um pouco de inglês, mas usa o espanhol para se comunicar. “Podemos falar um pouco sobre os personagens?”, pergunta a atriz, “porque caso contrário não faz sentido no dia em que sair. O que eu gosto nela é que ela lida com valores. O valor da família, da amizade, da solidariedade. E é muito religiosa”. E o maior medo de Griselda? “Que aconteça algo com sua família”, diz.
A atriz quase não participa de Fear, pois estava trabalhando em duas peças de teatro no México. Muita gente lhe disse que era uma oportunidade pela qual muitos seriam capazes de matar. Ela dava sempre a mesma resposta: “Eu poderia matar, mas no momento eu não posso, porque tenho uma função”. E se ela não tivesse entrado nessa aventura americana, tem outros sonhos para continuar crescendo e experimentando. “Adoraria trabalhar em Bollywood, isso me entusiasma mais do que outras coisas. Ainda mais agora, que fizeram filmes em espanhol, inglês e híndi...”.

Mason, que americanizou o sobrenome sueco Masöhn, era uma fiel seguidora da série original. Em Fear, tudo está começando e os zumbis são menos podres, mais frescos. “Eles têm um aspecto muito mais humano e isso para mim os torna mais angustiantes”, explica. Toda a situação do começo do apocalipse zumbi é “como em O Senhor das Moscas, você não tem ideia de quem é bom e quem é mau e de quem são as pessoas em que deveria ter que confiar, como a polícia, mas você não pode”, diz a atriz.
Qual é o maior medo do seu personagem? A resposta é semelhante à de seus colegas de elenco: “Perder a família. E também que, de alguma forma, os decepcione e eles sofram por isso”. Mason diz gostar de interpretar mulheres fortes, razão pela qual ficou muito satisfeita em participar da série. “Sob todo o medo que ela parece ter, há uma garota inteligente e forte. E eu não acredito que haja muitos personagens femininos na TV”. Mason também reconhece que um de seus sonhos seria interpretar o agente secreto 007: “Meu pai e eu costumávamos ver muitas coisas juntos, e uma delas eram os filmes de James Bond. Eu era uma menina pequena que queria ser Bond quando crescesse! Era a minha fantasia secreta. Seria meu emprego do sonhos”.
Entre os medos da série, Mason também fala sobre religião. Sua personagem, que não tem crença, vem de uma família cuja mãe é muito religiosa. No fim das contas, a religião também ajuda, explica: “Quando eles não têm mais nada em que confiar, quando não têm sensação de segurança, é um instinto muito natural se voltar para o que você necessita. E se você é religioso, é para lá que você se dirige então”.
AMC