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Ideias rápidas, ‘smartphones’ baratos: o espetacular auge do Vale do Silício chinês

Há uma década, a China se limitava a copiar São Francisco, criando réplicas do Google e Amazon Hoje, uma nova geração está transformando o país no epicentro da inovação tecnológica mundial

Xiaomi, empresa chinesa que fabrica smartphones comparáveis ao iPhone pela metade do preço.
Xiaomi, empresa chinesa que fabrica smartphones comparáveis ao iPhone pela metade do preço.Z. Bako

O jovem programador tinha uma ideia, e todo mundo achou que aquilo era uma loucura. Recém-saído da universidade, ele havia conseguido uma vaga de programador de software na YY, uma rede social de vídeo ao vivo com sede na gigantesca cidade chinesa de Cantão, no delta do rio das Pérolas. A cada mês, mais de cem milhões de pessoas publicam seus vídeos ou assistem a outros usuários cantando, jogando videogames ou apresentando programas de entrevistas feitos nos seus próprios apartamentos em Pequim. E não fica aí: os espectadores podem dialogar com os protagonistas dos vídeos — e o fazem bastante, bastante mesmo — em viva voz ou por meio de mensagens de texto. Mas o jovem programador achava que a YY precisa experimentar alguma coisa nova: utilizar a sua eficiente tecnologia de streaming para criar um serviço de encontros que funcionaria de modo parecido com os programas de televisão de busca de companheiros. Um anfitrião criaria uma sala na web, convidaria solteiros solitários e os estimularia a falarem entre si. Se tivessem sorte, alguns continuariam a conversa fora das câmeras.

Mas os executivos da empresa ficaram em dúvida. “O presidente já estava quase descartando a ideia”, conta Eric Ho, diretor financeiro, no quartel-general da YY, onde engenheiros e designers que criam códigos ininterruptamente lotam três andares inteiros. “Você tem certeza de que quer mesmo fazer isso?”, perguntou o presidente ao jovem. “É uma bobagem! Não acredito que as pessoas irão gostar!”. Mas o programador se mostrou muito entusiasmado e insistente, e obteve a seguinte resposta: bem, vá em frente, vamos fazer uma tentativa.

XinCheJian, o primeiro laboratório para hackers da China, inaugurado em Xangai em 2010
XinCheJian, o primeiro laboratório para hackers da China, inaugurado em Xangai em 2010Zachary Bako

Até pouco tempo atrás, não havia na China esse tipo de funcionário. Há dez anos, os especialistas do setor se queixavam de que o país não contava com cérebros inovadores em número suficiente. Havia algumas empresas de alta tecnologia muito rentáveis, com certeza; mas era pouco frequente que assumissem riscos na área da criatividade. Geralmente se limitavam a imitar o Vale do Silício norte-americano: o Baidu era uma réplica do Google; o Tencent, uma cópia do Yahoo; a JD, uma versão da Amazon. Os recém-formados queriam trabalhar em empresas grandes e consolidadas. O objetivo era a estabilidade: a China urbana acabara de deixar para trás décadas inteiras de pobreza, e uma grande parte das zonas rurais ainda estavam á espera de que chegasse a sua vez. Era melhor manter a discrição e estar a salvo.

Os jovens chineses já não querem trabalhar no Google ou na Apple, mas sim construir o próximo Google e a próxima Apple

Hoje em dia, essa atitude está desaparecendo, sendo superada pelo incremento da prosperidade, que tem enchido os jovens techies urbanos de confiança e ousadia. No ano 2000, somente 4% dos chineses pertenciam à classe média; em 2012, essa camada já representava dois terços da população. No mesmo período, a educação superior se multiplicou por sete: em 2015, sete milhões de pessoas receberam seus diplomas. O resultado é uma geração criativa que não tem medo de se arriscar. “Estamos vendo jovens de vinte e poucos anos que fundam empresas logo depois de deixarem a universidade, e até mesmo alguns que largaram os estudos no meio”, comenta Kai-Fu Lee, investidor de capital de risco e um veterano da Apple, Microsoft e Google, que tem passado os últimos 10 anos percorrendo o país para ajudar novos empresários a realizarem os seus projetos.

Agora as grandes cidades estão cheias de inventores e empreendedores ambiciosos. Já não querem trabalhar na Google e na Apple, querem construir as próximas Google e Apple.

A China passou anos se convertendo em um país surpreendentemente preparado para a se arriscar com ideias menos tradicionais

Qualquer pessoa que tenha uma ideia promissora e certa experiência pode encontrar o dinheiro que precisa. Em 2014 os investidores de capital de risco injetaram por volta de 14 bilhões de euros (51 bilhões de reais) em startups chinesas: os empreendedores são inundados por financiamento e assessoria de business angels milionários. Até mesmo o Governo chinês, que desconfia da liberdade de expressão na Rede e possui uma imensa estrutura de censura digital, criou um fundo de 6 bilhões de euros (22 bilhões de reais) para startups. Agora que o crescimento da economia sofreu uma parada, após duas décadas de vertiginosa expansão, o partido comunista está buscando novas fontes de emprego de qualidade. E a tecnologia se encaixa à perfeição.

Sobre a YY, os diretores fizeram bem em dar sua autorização à criativa tecnologia. O programa de encontros começou em 2014 e se transformou em um sucesso. Também gerou enormes benefícios. Em seus nove primeiros meses recebeu por volta de 14 milhões de euros (51 milhões de reais), um valor que aumenta dia após dia. A YY fechou 2014 com lucros de 519 milhões de euros (2 bilhões de reais). O próximo Vale do Silício nasceu e está no Oriente.

Agora que o crescimento da economia sofreu uma parada, após duas décadas de vertiginosa expansão, o partido comunista está buscando novas fontes de emprego de qualidade. E a tecnologia se encaixa à perfeiçao.

No final dos anos noventa, o boom tecnológico da China já havia produzido sua própria rede 1.0: motores de busca, ferramentas de correio eletrônico e blogs, portais de notícias e o enorme bazar de venda pela Internet que é o Alibaba. Na época, a China precisava desesperadamente de cópias das empresas norte-americanas porque era complicado para tais empresas operar no país asiático. O Governo bloqueava muitas páginas estrangeiras através de um complexo sistema de filtros conhecido como o Grande Firewall da China. De qualquer forma, as empresas locais possuíam vantagens: somente elas entenderam as particulares demandas dos usuários digitais chineses no começo dos anos 2000, quando o acesso à Internet ainda era escasso. Por exemplo, há uma década a eBay tentou dominar a China, mas fracassou, em parte porque muitas pequenas empesas ainda não tinham computadores e conexão com a Internet. O fundador do Alibaba, Jack Ma, sabia dessa característica, de modo que reuniu uma enorme equipe de vendas que espalhou por todo o país com a missão de ensinar os comerciantes a se conectar. Além disso, como parte dessa estratégia também superou a plataforma de pagamentos PayPal, propriedade da eBay, com a Alipay, que mantém o dinheiro do cliente depositado até que este receba a mercadoria e se declare satisfeito. Assim conseguiu com que as lojas na Rede começassem a ganhar confiança na China. Empresas como a Baidu e Alibaba aproveitaram essa primeira crista da onda e se transformaram nos grandes dragões da tecnologia chinesa, produzindo milionários como fez a Microsoft nos anos noventa.

O sucesso das empresas clone preparou o terreno para os pequenos dragões: empresas inovadoras da rede 2.0 que começaram a surgir por volta de 2010. Os grandes dragões foram o modelo, mas, principalmente, construíram a infraestrutura que permitiu o auge atual.

Funcionário do gigante de comércio eletrônico Meituan
Funcionário do gigante de comércio eletrônico MeituanZachary Bako

Nesse segundo momento, uma das empresas de maior sucesso é a Meituan, que se transformou em um gigante do comércio eletrônico porque permite que pequenos comércios de todo o país publiquem suas ofertas aos compradores que se conectam através de seu site e seu aplicativo. Sua sede em Pequim parece uma selva tropical: existem plantas de grandes folhas verdes ao lado de cada mesa de trabalho, e os umidificadores lançam nuvens de vapor. Os ganhos da empresa dispararam em seus cinco anos de vida: em 2014 realizou transações no valor de mais de 6,2 bilhões de euros (23 bilhões de reais) de seus 900.000 sócios.

Wang Xing, o esbelto e discreto executivo-chefe da Meituan, é um empreendedor reincidente, que acompanha com atenção o giro criativo nas startups chinesas. Já havia criado clones do Facebook e Twitter quando, em 2008, percebeu a ascensão do Groupon. Nessa época já tinha experiência suficiente para detectar as falhas no modelo de negócio dessa plataforma de códigos de desconto. O Groupon ficava com uma grande parte – até 50% - do obtido em cada transação, e isso criava ressentimento entre os comerciantes, que sempre perdiam dinheiro, mas cerravam os dentes e acreditavam que lhes servia para fidelizar novos clientes: não costumava ser o caso. Wang, por outro lado, pretendia que a Meituan facilitasse a cobrança dos clientes pelos comércios e que estes permanecessem em contato. Ao fixar um limite à comissão da Meituan, somente 5%, assegurava que os comerciantes quase sempre ganhassem dinheiro.

Wang também começou a desenvolver tecnologia de comércio eletrônico para terceiros. Pega seu telefone para me mostrar um exemplo. Seus programadores se dividiram por redes de cinema de todo o país para conectar o aplicativo da Meituan aos seus sistemas de venda de entradas. Foi um trabalho cansativo, mas agora os espectadores não só podem comprá-las através da Meituan, como podem escolher sua cadeira. É uma ideia simples e engenhosa, e fez com que um terço de todas as entradas de cinema na China sejam vendidas através desse aplicativo.

Escritórios da Zepp. Se aplicativo de treinamento personalizado já ultrapassa 300.000 downloads na app store da Apple
Escritórios da Zepp. Se aplicativo de treinamento personalizado já ultrapassa 300.000 downloads na app store da AppleZachary Bako

Uma decisão astuta, porque o que os membros da classe média urbana chinesa cada vez querem mais é serviço – e comodidade –. Com seus celulares de última geração e sua roupa comprada em lojas de elite europeias, utilizam o telefone praticamente para tudo: o Alipay, para pagar o táxi que os leva à festa de undisc jockey no distrito das artes nas cercanias de Pequim; o WeChat e sua função de mostrar a localização, para que seus amigos saibam onde estão; o Meitu, que permite compartilhar fotos e retocá-las com vários filtros, para publicar selfies. Em 2013, o setor dos serviços recebeu 44% de todo o dinheiro gasto pela classe média chinesa, um número que a consultora McKinsey prevê que irá crescer até 50% de hoje até 2022 levando em consideração o ritmo com que os jovens urbanos pagam todo o tipo de coisas pelo celular, de massagens até comida pronta, cabeleireiros e salões de manicure. Nem mesmo a recente queda do mercado parece ter prejudicado o consumo da classe média.

Dois fatores chave: o povo chinês, limitado pelas tradições e a corrução, aceita melhor as novidades...

O comércio eletrônico, já muito estabelecido na China, tem uma margem de crescimento assombroso: ainda existem muitos serviços do dia a dia que não estão na Rede. Por exemplo, 80% dos quartos de hotel continuam sendo reservados offline. E as pessoas querem uma expansão maior do comercio eletrônico não só por sua comodidade, mas porque é muito menos corrupto e obscuro do que o comércio tradicional. Como diz o experiente investidor Kai-Fu Lee, este último está infestado de incompetentes e camelôs. “Nos Estados Unidos, centenas de anos de livre concorrência fizeram com que o comércio seja relativamente limpo e transparente”, explica. Na China, não. E afirma que as empresas online estão garantindo que as transações sejam mais claras e confiáveis.

A corrupção é somente um dos muitos desafios da China. Os políticos e investidores do país se enfrentam pela falta de transparência nos bancos, subornos a reguladores oficiais, contaminação crescente, medidas repressoras contra a liberdade de expressão e uma população rural que anseia por melhores postos de trabalho nas cidades.

Os chineses buscam uma expansão maior do comércio eletrônico por ele ser menos corrupto do que o tradicional

... e seus engenheiros fazem melhores protótipos e mais rapidamente do que nos Estados Unidos

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A explosão criativa da China nos serviços de Internet é importante, mas a vantagem que tem sobre os Estados Unidos em hardware é ainda maior. O país está há 30 anos se transformando na principal fábrica do mundo, e cidades litorâneas como Shenzhen e Guangzhou estão cheias de empresas relacionadas com a eletrônica, de pequenas oficinas de três pessoas até os complexos de 30.000 funcionários da Foxconn, de onde saem os iPhone. Todos eles sabem muito bem como fazer as coisas, de modo que era quase inevitável que os empreendedores locais colocassem mãos à obra. Como vivem ao lado das fábricas e frequentam os mercados de produtos eletrônicos, são os primeiros a perceber o surgimento de novas tendências em equipamento e aparelhos.

 “Na China é mais fácil do que em outros lugares porque temos Shenzhen, epicentro mundial da fabricação de hardware”, diz Robin Han, de 32 anos, cofundador da Zepp Labs, uma empresa de hardware com sede em Pequim que é menina dos olhos do mundo esportivo: a Zepp fabrica um sensor quadrado que traça o movimento de uma tacada de golfe, uma rebatida de beisebol e um golpe de raquete, e ajuda a melhorar os movimentos através de um aplicativo do iPhone. Han foi picado pela mosca do empreendedorismo há cinco anos, quando era um estudante de doutorado e trabalhava no departamento de pesquisa da Microsoft em Pequim. A vida em uma grande empresa é estável, mas uma pessoa pode trabalhar durante anos em um projeto que pode nunca se tornar realidade. O sucesso escapa de seu controle, explica.

Han e um amigo, Peter Ye, responsável pelo I+D na Zepp, me levam ao porão, no qual construíram uma grande gaiola de testes. “Passamos muitas horas aqui aperfeiçoando os sensores e melhorando nosso swing”, diz Han. As paredes estão pontilhadas de marcas de bolas perdidas. Seu protótipo funcionou tão bem que chamou a atenção de um representante da Apple que visitava a China em busca de produtos para sua Apple Store. Desde o lançamento do sensor da Zepp em todo o mundo, em 2012, a Zepp teve mais de 300.000 downloads.

Han e Ye colocaram a Zepp Labs de pé com 1,3 milhão de euros (5 milhões de reais) de capital inicial e aproveitaram seus contatos para encontrar uma boa fábrica que pudesse desenvolver o protótipo de seu dispositivo e depois produzi-lo em série. Esse último passo – encontrar um fabricante competente, do nível da Foxconn, com grande experiência em resolver com elegância problemas de design – sempre foi a parte mais difícil de qualquer projeto na China. Mas isso também mudou nos últimos anos: surgiu toda uma comunidade de intermediários que se dedicam especificamente a gerir a relação entre empresários e produtores.

Espaço para testes no subsolo do Zepp Labs
Espaço para testes no subsolo do Zepp LabsZachary Bako

A China também experimentou um movimento de laboratórios shacker. Um dos fundadores do primeiro – o XinCheJian, em Xangai – é o empresário da Internet David Li, que os impulsionou em 2010 ao perceber que as ferramentas baratas estavam permitindo que os inventores amadores produzissem protótipos cada vez mais profissionais. Hoje em dia, os criadores locais de toda a China se misturam com estrangeiros que chegam de todos os lugares do mundo ao XinCheJian, trocam ideias e visitam fábricas em viagens organizadas por Li para ajudá-los a entender como funciona o ecossistema do hardware na China.

“Sempre incentivo as pessoas: faça rápido seu protótipo, tente encontrar sócios que o fabriquem e arremate sua campanha na Kickstarter [plataforma online de financiamento coletivo de projetos inovadores]”, explica Li, sentado à mesa central deste hackerspace. Atrás dele, as salas estão repletas de máquinas de metal, ferramentas elétricas e filas de impressoras 3D.

O suprassumo da inovação chinesa concentra-se em quatro edifícios de escritórios ao lado de um bairro residencial nos arredores de Pequim. São a sede central da Xiaomi. Fundada em 2010, a empresa ficou famosa por fabricar celulares comparáveis com o iPhone – com processadores muito rápidos, telas grandes e um elegante sistema operacional chamado MIUI –, mas pela metade do preço. A Xiaomi despachou 61 milhões de celulares em 2014 e, durante parte de 2015, foi a marca de aparelhos móveis mais vendida da China. Embora ainda seja de capital privado, em 2014 os investidores anunciaram que tinha um valor de 40 bilhões de euros (cerca de 144 bilhões de reais).

Escritórios em Pequim da Xiaomi, empresa chinesa famosa por fabricar smartphones comparáveis ao iPhone, mas pela metade do preço
Escritórios em Pequim da Xiaomi, empresa chinesa famosa por fabricar smartphones comparáveis ao iPhone, mas pela metade do preçoZachary Bako

Lei Jun, fundador e conselheiro da Xiaomi, foi um empreendedor serial que teve a oportunidade de cometer seus primeiros erros – e fazer fortuna – há 10 anos: foi então quando criou a livraria online Javo, que depois vendeu à Amazon. Rapidamente, tornou-se um business angel e investiu dinheiro na geração seguinte de inovadores (como YY) e teceu uma rede de contatos com os melhores desenvolvedores e engenheiros jovens do país. Em 2010, fundou a Xiaomi e contratou uma equipe de profissionais brilhantes para, sem tempo a perder, produzir um fantástico sistema operacional aos aparelhos móveis e colocá-lo na web em agosto desse mesmo ano.

Os techies [vidrados em tecnologia] chineses adoraram. No entanto, a Xiaomi sabia que era preciso fabricar e comercializar os aparelhos se quisesse que o sistema operacional fosse baixado por milhões de pessoas. Assim, a Foxconn tornou-se um dos seus principais fabricantes. Além disso, a empresa implantou um sistema de vendas muito eficaz: cada novo modelo era vendido inicialmente em quantidades limitadas – por exemplo, 50.000 unidades – através de uma venda semanal em sua página da internet. A ideia da exclusividade enlouqueceu os fãs. Os poucos sortudos que adquiriam os telefones se gabavam deles diante de seus amigos hipsters, que morriam de inveja. Após um tempo, a Xiaomi lançava uma venda mais ampla para satisfazer a impaciente demanda.

“A Apple e a Samsung fazem bem em se preocupar”

A geração criativa da China demonstrou que está pronta para competir diretamente com as principais marcas de tecnologia do mundo. “A Apple e a Samsung fazem bem em se preocupar”, diz o célebre hacker Bunnie Huang. A fatia mundial da Samsung no mercado de smartphones caiu de 32,3% no segundo trimestre de 2012 para 21,4% no mesmo período de 2015. Na hora de lançar hardware, os inventores chineses também se beneficiam da proximidade com o maior nicho de consumidores do mundo, que continua crescendo rapidamente. A primeira grande expansão internacional da Xiaomi não foi nos Estados Unidos, e sim na Índia, um país muito maior, embora mais pobre, onde vendeu 1 milhão de telefones no terceiro trimestre de 2014. A empresa compreendeu que a China e a Índia, juntas, são um terço do planeta. Em comparação, os EUA, onde muitos consumidores já têm smartphones, não é um mercado especialmente grande.

No entanto, embora haja empresas chinesas como a Xiaomi que se atrevam a desafiar os gigantes da tecnologia, as oportunidades também são cada vez maiores para os ocidentais: hoje é mais fácil do que nunca ir trabalhar na China. Os projetistas de hardware e software costumam se reunir com aliados locais nas cidades costeiras, onde também encontram fábricas. Ano passado, uma mulher francesa chegou a Xangai disposta a colaborar com programadores chineses a fim de criar um e-commerce para o vinho francês destinado aos restaurantes elegantes. Os jovens inventores norte-americanos se congregam no H@xlr8r, em Shenzhen, onde fazem protótipos de tudo, de câmeras GIF inovadoras até robôs que criam pílulas sob medida. A China está se consolidando como uma meca para as pessoas com ideias. A história se repete, embora o destino tenha mudado: a geração anterior se dirigia ao Vale do Silício californiano.

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