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Marina se apresenta como candidata do PSB e da “renovação política”

Partido se reuniu para oficializar o nome da ambientalista e do vice, Beto Albuquerque

Marina Silva e Beto Albuquerque.
Marina Silva e Beto Albuquerque.Eraldo Peres (AP)

Recorrendo constantemente à expressão “renovação política” e à memória de Eduardo Campos, Marina Silva deu nesta quarta-feira à noite, em Brasília, as suas primeiras declarações como candidata da coligação liderada pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) à Presidência. A ambientalista disse que o país está experimentando sinais de mudança, após a sua expressiva votação ao Planalto em 2010 e as manifestações de junho de 2013.

Abrindo o discurso com um agradecimento a Deus pela ajuda na “difícil travessia” atual e sob os gritos de “Eduardo presente, Marina presidente”, Silva falou em um concorrido ambiente de expectativa formado por membros da Executiva da legenda e quase uma centena de jornalistas, após horas de informações desencontradas sobre a sua presença ou não na coletiva realizada na sede do PSB, após o término da reunião interna do partido à tarde.

A mensagem da candidata foi clara. "Nossa palavra de ordem neste momento é crescer. Crescer em maturidade política, em disposição na mudança que já está sinalizada no nosso programa, crescer na sensibilidade e na generosidade para lidarmos com nossas diferenças, e na unidade, na escuta do nosso povo, e na disposição para servi-lo", disse ela, que garantiu que daria o melhor de si para cumprir esse propósito, e defender as ideias de Eduardo Campos.

No que diz respeito à programação partidária da coligação, no entanto, as mudanças deverão ser muito poucas. Uma delas diz respeito ao comitê financeiro de campanha, por uma exigência legal. “O que foi construído até aqui, como a base da coordenação, será mantido”, acrescentou. Nesse sentido, tanto Silva como o candidato a vice, o deputado federal pelo Rio Grande do Sul, Beto Albuquerque reforçaram que não haverá alterações nas coligações feitas nos Estados, principalmente aqueles em que as parcerias são mais sensíveis.

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São Paulo, por exemplo, que tem como candidato a vice do governador Geraldo Alckmin na disputa pela reeleição o socialista Márcio França, não deverá contar com o engajamento ou a presença de Marina Silva ao lado de Alckmin. “Nesse momento permanece o mesmo enquadramento. Onde não houve comum acordo –entre PSB e a Rede Sustentabilidade, o movimento político liderado por Silva –, o enquadramento se mantém”, reforçou a ambientalista.

“Aqui há o compromisso das responsabilidades já assumidas, ombro a ombro com a liderança de Eduardo Campos. Recebemos uma carta-inventário e agora temos a responsabilidade de ajudar o PSB a se reerguer após a tragédia”, completou. “Não há nenhum estresse sobre todos os acordos nos Estados. Trata-se de um assunto absolutamente superado”, diz Albuquerque.

No mais, ambos reforçaram a disposição de percorrer o país no que resta da curta campanha e mostrar unidade e uma maior integração. “Não vamos usar as redes sociais para mentir, caluniar quem quer que seja. Queremos uma campanha clara e transparente, como os olhos do Eduardo”, reforçou Silva. “Temos 46 dias para percorrer o Brasil, participar dos debates, com uma campanha propositiva”, segundo Albuquerque.

Para o registro definitivo da chapa liderada pelo PSB à Presidência, falta apenas uma reunião nesta quinta-feira pela manhã com os líderes dos partidos que integram a coligação para a posterior homologação da ata da reunião da Executiva do PSB no tribunal eleitoral.

Aos 56 anos, nascida em Breu Velho, no Estado do Acre, ao norte do Brasil, Silva tem um histórico de superação que lembra o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nasceu pobre e foi analfabeta até os 16 anos, quando se mudou para Rio Branco, capital do Estado, onde começou a estudar e teve seu primeiro emprego como empregada doméstica. Concluiu os estudos e se formou, em 1985, em História. Nesse mesmo ano filiou-se ao Partido dos Trabalhadores, pelo qual se elegeu vereadora, deputada estadual, e depois senadora. Em 2003, assumiu o ministério do Meio Ambiente durante o Governo Lula, de onde saiu em 2008, retirando-se em seguida do PT. Concorreu pelo Partido Verde à presidência em 2010, quando obteve 20 milhões de votos.

O presidente do PSB, Roberto Amaral, disse durante uma coletiva de imprensa ao final do encontro que o nome de Silva foi uma escolha por unanimidade dentro do partido, depois da morte de Campos na semana passada. "Tivemos uma sorte imensa de tê-la como substituta.

Propostas

Silva disse ainda que o programa de Governo, que já havia sido acordado com Eduardo Campos, não muda. Sobre economia, por exemplo, ela disse que defende o controle pelas metas de inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal, assim como a independência do Banco Central. “Eduardo disse que essa independência precisa ser formalizada”, disse.

A candidata falou ainda sobre a necessidade de ampliar as energias alternativas na matriz energética brasileira, para evitar o uso de térmicas como complemento para a hidrelétrica, e considerou “lamentável” que o país viva sob o risco de apagão desde 2002. O primeiro ato público dos presidenciáveis deve acontecer no sábado de manhã, em Recife.

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