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Botín diz que as desculpas por escrito a Rousseff são suficientes

Segundo o presidente do Santander, o texto polêmico é a opinião apenas de um analista do banco e não de toda a instituição

Emilio Botín, nesta segunda-feira no Rio de Janeiro.
Emilio Botín, nesta segunda-feira no Rio de Janeiro. Marcelo Sayão (EFE)

O presidente do Banco Santander, Emilio Botín, admitiu que as relações entre o Governo brasileiro e a instituição que ele comanda não atravessam seu melhor momento. Em uma encrespada e áspera coletiva de imprensa, os jornalistas lhe perguntaram cinco vezes a respeito das consequências da análise econômica enviada na semana passada pelo Santander a seus clientes premium, em que se vinculava um crescimento da presidenta Dilma Rousseff nas pesquisas eleitorais a uma piora da economia brasileira. Botín, visivelmente incomodado com a insistência da imprensa nesse assunto, não quis confirmar se pedirá desculpas pessoalmente a Rousseff, reiterando que seu principal executivo no Brasil já se desculpou por escrito. Segundo ele, o texto polêmico “é a opinião de um analista do Banco do Santander, e não a opinião do Banco Santander”.

Diante da irada reação da presidenta brasileira, que tachou o episódio de “inadmissível” e disse estar cogitando “conversar pessoalmente com ele [Botín]”, o principal executivo global do Santander reiterou que o banco já tomou “as medidas internas necessárias com quem fez esta publicação que não deveria ser feita e que saltou as normas”. Botín também salientou que o executivo-chefe do Santander no Brasil, Jesús Zabalza, já comunicou por escrito à presidenta “que estamos muito desgostosos por isso ter ocorrido”. Rousseff, entretanto, na segunda-feira considerou essas desculpas “muito protocolares” e insinuou que a superação do episódio exigirá um contato pessoal com Botín. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva opinou nesta segunda-feira, por sua vez, que o responsável pelo texto enviado aos clientes do Santander “não entende porra nenhuma do Brasil”. “Não existe outro lugar do mundo em que o Santander esteja ganhando mais dinheiro do que no Brasil. Aqui ele ganha mais do que em Nova York, mais do que em Londres, em Pequim, Paris, Madri, Barcelona”, acrescentou.

O presidente do Santander buscou minimizar o incidente: “Devo lhes dizer que isto acontece muitas vezes, já que o Banco Santander tem 180.000 empregados e estamos em dez países importantes. Também acontece com outros bancos. O importante é que, quando uma pessoa falha, o banco toma suas medidas, e aqui as tomamos. Então ponto final”, afirmou.

Questionado sobre a notória ausência de membros do Governo brasileiro no III Encontro Internacional de Reitores “Universia”, promovido pelo Banco Santander no Rio de Janeiro, com a presença de mais de mil reitores universitários de todo o planeta, Botín respondeu que se tratou de “um encontro de universidades, não de Governo”. “O importante é que 1.200 reitores de todo o mundo estão aqui, e estou muito contente porque este encontro do Rio foi um sucesso completo. Não houve nenhum encontro de reitores na história que tenha tido um sucesso como este.” O fato é que estava prevista a participação do vice-presidente da República, Michel Temer, e do ministro da Educação, Henrique Paim, que acabaram não comparecendo, sem dar maiores explicações. O fato foi interpretado no evento acadêmico como um desplante completo. Interrogado sobre se conhecia as razões das ausências. Botín disse: “Pode perguntar os motivos a eles. Eu não sei”.

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