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As ofensas a Dilma na abertura da Copa incendeiam a corrida eleitoral

A ofensa à presidenta gera críticas generalizadas. O PT classifica de agressão “ao povo brasileiro” e o candidato do PSDB opta pela neutralidade, depois de dizer que Dilma “colheu o que plantou”

Carla Jiménez
Dilma após discurso nesta sexta em Brasília.
Dilma após discurso nesta sexta em Brasília.Marcelo Camargo (AFP)

Quem apostou que a Copa do Mundo ofuscaria a disputa eleitoral, se enganou. O xingamento dirigido a Dilma no estádio do Itaquerão, durante a abertura da Copa do Mundo – quando ouviu em uníssono, “ei, Dilma, vai tomar no cu” - criaram uma reação em cadeia dentro de todos os partidos, que estão buscando um discurso adequado para se posicionar. Na sexta-feira, a própria presidenta Rousseff, em evento em Brasília, já havia lembrado que na sua vida pessoal ela já havia enfrentado situações que chegaram ao limite físico. “Suportei não agressões verbais, mas agressões físicas”, lembrou a presidenta, que esteve foi presa e torturada durante a ditadura.

O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse ontem que vaia em estádio é normal. “Lula foi vaiado no Pan [Jogos Panamericanos, em 2007], Aécio Neves foi vaiado em Minas no jogo Brasil e Argentina [em 2008]”, disse. “O que estranhamos um tanto foi a persistência e um certo rancor que se manifestou em alguns momentos durante o jogo”, completou.

Os adversários políticos de Rousseff, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) disseram que ela estava “colhendo o que plantou”. Mas, Neves voltou atrás depois e disse em sua rede social que a manifestação deve se dar no campo político, “sem ultrapassar os limites de respeito pessoal”.

As vaias foram criticadas por quase todos os analistas políticos brasileiros, como Kennedy Alencar, que disse que o “Brasil merecia uma elite melhor”, em comentário à rádio CBN. O jogo entre Brasil e Croácia foi visto, praticamente por espectadores de classe alta e média alta, uma boa parte de São Paulo, estado de maior rejeição ao PT.

Dentro do partido, o assunto gerou um enorme mal-estar, mas já foi ‘precificado’ num momento em que está se vivendo uma polarização a quatro meses das eleições, com muitos eleitores indecisos. A leitura entre as lideranças petistas é de que o assunto não deve perdurar até a campanha.

Neste domingo, a mandatária volta a São Paulo, o principal ninho tucano, quando discursa, ao lado de Lula, durante a convenção estadual do partido, que vai ratificar o nome de Alexandre Padilha como candidato a governador do Estado. Ela chega um dia depois da convenção do PSDB que oficializa a candidatura de Aécio Neves a presidente.

Nas próximas semanas, Lula e Rousseff têm outro encontro com a militância, provavelmente em Brasília, quando a candidatura da mandatária será oficializada.

O ex-presidente também fez duras críticas às vaias que a sua sucessora recebeu. Em evento na noite desta sexta-feira, Lula disse que o que Dilma sofreu não “foi uma agressão à presidenta, mas foi uma agressão ao povo brasileiro”. Lula, aliás, vai reforçar seu papel de cabo eleitoral para a reeleição de Rousseff, num momento em que o partido já admite o segundo turno das eleições neste ano.

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