Quanto mais ricos, maior a rejeição à realização da Copa do Mundo no Brasil
Uma pesquisa aponta que a oposição ao Mundial está diretamente ligada ao nível de renda dos brasileiros. Ainda assim, 75% dos entrevistados pretendem assistir aos jogos
Desde os protestos de junho do ano passado já era possível afirmar que a opinião da população brasileira quanto à realização da Copa do Mundo no Brasil não era uma unanimidade. A demora com que as ruas começaram a ganhar as cores da Seleção, o descontentamento com os bilhões de reais gastos em estádios e os movimentos sociais paralisando as ruas com alta frequência foram fatores importantes para se medir a temperatura dos ânimos com o Mundial.
Uma pesquisa realizada pelo Data Popular e o instituto Ideia Inteligência porém, revelou que na briga entre a torcida contra e a favor da realização da Copa no Brasil, a classe social é um fator determinante: entre as pessoas com renda superior a dez salários mínimos (724 reais), 52% se opõem ao Mundial. E, à medida que a renda diminui, cai também a oposição à celebração do evento no país. Entre a população que ganha de um a dois salários mínimos, 38% são contra. "O que percebemos é que os mais ricos começam a acreditar que o sucesso da Copa significa a continuidade do Governo", diz o presidente do Data Popular, Renato Meirelles. "E, por outro lado, a inflação que mais cresce com a Copa é a dos serviços, justamente onde está a classe mais baixa", explica.
A oposição ao Mundial também varia de acordo com a região do país, sendo que os moradores da região mais rica do país, a região sul (51%), são os que mais se mostraram contra, e os da região norte (41%), os que menos foram contrários. Outro dado revelado pela pesquisa foi que os jovens rejeitam mais o evento que os mais velhos. Entre as pessoas entre 16 e 24 anos, 52% se mostraram contra. Entre os que têm 60 anos ou mais, esse percentual ficou em 41%.
Esses dados, nas vésperas das eleições podem interferir a decisão nas urnas. "Obviamente o humor do brasileiro vai ser afetado com a Copa", diz Meirelles. "O Brasil perdendo, desfavorece todas as candidaturas de situação, tanto no âmbito federal como estadual". Além do placar, outro fator é variante, segundo Meirelles: as manifestações. "O tipo e o nível da manifestação que vai aparecer também vai interferir nesse humor. Se forem manifestações mais localizadas, isso interfere menos no cenário eleitoral e prejudica menos os candidatos de situação", diz. "Agora, se as manifestações forem mais generalizadas, com menos Black Bloc e mais caras pintadas, isso pode prejudicar mais a situação", prevê Meirelles.
Mas a torcida deverá ser grande: 75% dos brasileiros pretendem assistir aos jogos da Copa deste ano. E 88% vão torcer pela Seleção Brasileira. Mais ainda: Entre aqueles que são contrários à realização da Copa no Brasil, 68% afirmaram que também vão torcer pela Seleção. "O brasileiro está tentando separar o sentimento que ele tem em relação à realização da Copa e ao futebol", diz Meirelles.
Segundo o estudo, 68,1 milhões de brasileiros são contra à realização do Mundial no país, menos da metade, considerando uma população de 198,7 milhões de pessoas. O instituto ouviu mais de 5.000 pessoas em 192 cidades entre os dias 7 e 8 de junho.
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