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Oposição contra-ataca ante as denúncias sobre o cartel de trens em São Paulo

Líderes do PSDB acusam o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo de usar acusações contra os tucanos para desviar atenção da prisão dos mensaleiros e perseguir adversários políticos

Carla Jiménez

O PSDB, partido de oposição ao Governo petista da presidenta Dilma Rousseff, partiu para o contra-ataque, diante das novas acusações reveladas ontem sobre a participação de integrantes tucanos no esquema de propina nas licitações do metrô em São Paulo. O senador Aécio Neves, virtual candidato à presidência da República no ano que vem, cobrou explicações do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobre seu envolvimento no processo que apura as denúncias sobre a formação de um cartel de trens no Estado de São Paulo, governado há 16 anos pelo PSDB.

Na última sexta-feira, Cardozo admitiu que foi ele quem encaminhou à Polícia Federal o relatório que recebeu do então deputado do PT Simão Pedro com as denúncias de suborno a integrantes do Governo estadual. Pedro, que hoje é secretário de Serviços do prefeito petista da cidade de São Paulo, Fernando Haddad, fez um documento com as acusações do esquema a partir dos relatos feitos pelo ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer. A multinacional alemã é uma das envolvidas no cartel de trens de São Paulo.

“Não pode haver precipitações, prejulgamentos e muito menos a utilização da estrutura do Estado para um projeto político”, disse Neves, no sábado, durante participação da convenção do partido aliado PPS. "Isso é extremamente grave, o que temos percebido no Brasil é a utilização das instituições de Estado para um projeto político. É extremamente grave, jamais aconteceu antes”, disse o senador. “O ministro precisa esclarecer de forma clara qual foi sua participação neste processo já que ele é o comandante da própria Polícia Federal.”

O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio, também saiu em defesa do partido, neste sábado, dizendo que vai solicitar uma audiência pública para que o ministro da Justiça dê explicações sobre o envio das denúncias à Polícia Federal. Sampaio afirmou que Cardozo está perseguindo adversários políticos. “Há em curso uma ação ordenada que, para mim, tem dois objetivos claros: minimizar o impacto da prisão dos mensaleiros e jogar gasolina na fogueira contra o PSDB em São Paulo”, disse.

Os documentos que estão em poder da Polícia Federal, entregues por Cardozo, comprovariam a tese de que diversas autoridades de São Paulo tinham conhecimento do esquema ilegal e participaram dele. Cita também as outras empresas que fizeram parte do esquema de propina, entre elas, a multinacional Alstom, a canadense Bombardier e a norte-americana Caterpillar.

Antes de chegar à polícia, porém, os documentos foram entregues ao Conselho Administrativo de Atividade Econômica (Cade), órgão do governo federal responsável por investigar a existência de cartéis, ligado ao Ministério da Justiça. O Cade fez um acordo de delação premiada com a Siemens para esclarecer como funcionava o esquema de subornos para favorecer as empresas fornecedoras de trens e material ferroviário ao Governo de São Paulo, responsável pela administração do metrô paulista.

Nas últimas semanas, Rheinheimer, que trabalhou na Siemens por 22 anos, teria identificado quem, segundo ele, teria recebido propina para participar do esquema. As revelações foram feitas pelo jornal O Estado de S. Paulo. Entre os acusados pelo ex-dirigente da multinacional estariam o principal secretário do governo Alckmin, Edson Aparecido, e outros cinco políticos ligados ao governador: os secretários estaduais Jurandir Fernandes, José Aníbal (PSDB) e Rodrigo Garcia (DEM), o senador Aloysio Nunes Ferreira (do PSDB) e o deputado federal Arnaldo Jardim (do PPS). O esquema, que está sendo investigado pelo Ministério Público de São Paulo, o Cade e a Polícia Federal funcionou entre os anos de 1998 e 2008. Até o momento, ninguém foi preso pelo escândalo.

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