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Os 5 piores filmes de Tom Hanks

Quando tudo dá errado, lá está Tom Hanks, a quintessência do homem honesto. Protagonizou grandes filmes, mas também grandes fracassos

Walt Disney era uma pessoa muito perturbadora. Tom Hanks sabe disso e insinua essa característica em sua interpretação em ‘Walt nos Bastidores de Mary Poppins’, mas sem destacá-la. Com seu permanente sorriso e bom humor, o Walt Disney de Hanks é um retrato amável, mas sempre passa a estranha sensação de que o cineasta havia acabado de produzir material nazista em seu escritório. A intenção do ator é interessante, e o conflito entre a vida privada de Disney e a imagem do criador dos sonhos que ansiava transmitir ao público pode ser adivinhada em uma segunda leitura. Mas Hanks sabe que deve evocar essa obscuridade sem que a produtora do filme (sem ir muito longe, a Disney) perceba. O resultado é uma ‘dramédia’ com gosto de xarope, que sugere que o verdadeiro filmaço está acontecendo em cenas que não nos deixam ver.
O diretor Robert Zemeckis perdeu o norte com os avanços tecnológicos e se empenhou em fazer filmes com atores reais recriados em 3D. O resultado foi grotesco. Seus universos não eram mágicos como na animação, nem reconhecíveis como imagens reais. Eram feios, tristes e incômodos de serem vistos. E o pior é que arrastou Tom Hanks a esta empreitada (posteriormente humilhada por ‘Avatar’), na qual ele interpreta seis personagens diferentes sem ter muita ideia do que diabos está fazendo. O mais perturbador do filme (o que não é pouca coisa) é que conhecemos tão bem o rosto de Hanks que vê-lo transformado em um boneco ostensivo nos distrai do filme. Além disso, se você contrata o ator que melhor transmite emoções no mundo, por que entorpecer sua interpretação com efeitos digitais?
Com 758 milhões de dólares arrecadados, esta adaptação do bestseller de Dan Brown, ‘O código Da Vinci’, não pode ser considerada um fracasso. No entanto, Hanks foi um erro flagrante de elenco. O romancista queria Russell Crowe, que inspirava dureza e vigor, dois adjetivos dos quais Tom Hanks não sente nem o cheiro. Sua química com Audrey Tatou era insípida, em parte porque ela apenas se esforçava em nos convencer de que não era Amélie Poulain. Não conseguiu. O mundo inteiro continuou chamando-a de “Amélie”, e também não conseguimos nos recuperar da catástrofe capilar que Hanks levava na cabeça. O que significava essa visão do seu crânio? Para desenterrar séculos de trevas é imprescindível um topete brilhante? Como já conhecemos a história, podemos passar o filme hipnotizados por esse cabelo, perguntando-se onde diabos ele nasce e como é possível que não caía entre tantas corridas de um lado para o outro. É quase um milagre.
O seu terceiro romance com Meg Ryan (depois de ‘Joe contra o vulcão’ e ‘Sintonia de amor’) é ‘Romance para você’, que não teve o encanto e o frescor dos anteriores. Faz sentido que tenham escolhido Hanks para representar a cara amável do capitalismo: interpretou o presidente de um empório de livrarias que destrói as adoráveis livrarias de bairro. Mas não importa, pois, depois de arruinar o negócio de Meg Ryan, lhe dará um canto em sua macro livraria para que ela se mantenha entretida. Fazer esse capitalista sem escrúpulos funcionar como galã não era uma tarefa fácil. Logo, o ator explorou, pela primeira e única vez na sua carreira, todos os truques à disposição e fez uma atuação de segurança. Limitou-se a ser Tom Hanks.