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Sete feridos e mais de 50 presos em protesto contra restrições para conter a pandemia em Roterdã

Prefeito da cidade holandesa descreve como uma “orgia de violência” a concentração na qual a polícia efetuou vários disparos

Varios policías se interponen entre los manifestantes y una motocicleta quemada en Róterdam, el viernes.
Varios policías se interponen entre los manifestantes y una motocicleta quemada en Róterdam, el viernes.Europa press (Europa Press)
Isabel Ferrer

O centro da cidade holandesa de Roterdã amanheceu neste sábado repleto de entulho, bicicletas e motocicletas queimadas, após uma noite de tumultos contra as novas medidas impostas pelo Governo holandês para conter o coronavírus. Durante os protestos, as forças de ordem dispararam vários tiros e duas pessoas com ferimentos a bala foram internadas, enquanto as autoridades continuam investigando o ocorrido. No total, sete cidadãos ficaram feridos, incluindo vários policiais, e 51 pessoas foram presas, algumas moradoras de outras partes do país. Metade dos detidos são menores. Ao longo deste sábado, aconteceram marchas de protesto contra as restrições devido à pandemia também em Amsterdã e Breda.

De acordo com o comunicado da polícia, a “situação se espalhou rapidamente e os policiais dispararam várias vezes para alertar”. Ahmed Aboutaleb, prefeito social-democrata da cidade portuária, descreveu os acontecimentos como uma “orgia de violência”, depois que vários carros da polícia foram queimados e fogueiras acesas na rua. Aboutaleb acrescentou que as forças da ordem foram atacadas várias vezes e obrigadas a se defender. “Eles dispararam vários tiros de advertência, que estamos investigando.” Ele não descarta que ocorram mais prisões ao longo deste sábado. Por algumas horas, circulou nas redes sociais um vídeo em que um homem teria sido baleado, e o Departamento Nacional de Investigação Criminal também analisa o ocorrido.

A manifestação não havia sido registrada oficialmente, mas as autoridades locais sabiam que haveria uma concentração no centro. O protesto foi concebido contra a possível imposição do passaporte covid-19 para o setor hoteleiro e eventos públicos, válido apenas para vacinados e quem já teve a doença. As novas medidas de contenção da pandemia já aprovadas impõem o fechamento dos hotéis às 20h. Na sexta-feira, também se soube que o Governo proibirá o uso de fogos de artifício na passagem de ano.

Os protestos contra essas novas restrições se transformaram em tumultos quando várias centenas de pessoas começaram a atirar objetos grandes, fogos de artifício e foguetes contra os policiais. Carros de polícia foram incendiados, entre outros veículos, pontos de ônibus e placas de trânsito foram destruídos. Os manifestantes também saquearam lojas. Em um ponto, as autoridades fecharam o acesso à estação ferroviária central.

No total, cerca de 400 oficiais de todo o país foram transferidos para a cidade. Quando chegaram os reforços, a pé e a cavalo, a polícia foi cercada por manifestantes. “Em vários pontos, os policiais foram obrigados a atirar. Então, teve gente que se lançou contra eles. Aquele grupo não era mais de manifestantes, mas de outra coisa“, declarou o prefeito Aboutaleb. Um canhão de água também foi usado contra quem protestava. A imagem contrasta com os primeiros momentos de concentração. Por volta das 20h, dezenas de policiais locais esperavam um tumulto, mas “não serem atacados dessa forma”, disse Aboutaleb. Os bombeiros também foram atacados ao tentar apagar um incêndio em uma área residencial. Henk van Essen, chefe da Polícia Nacional, expressou sua preocupação com a violência desencadeada contra os policiais “por grupos intolerantes e radicais”.

O investigador da polícia forense Jaap Timmer lembrou na televisão pública (NOS) outros distúrbios nos últimos anos, em que vários cidadãos foram feridos por tiros. De acordo com Timmer, um menino de 19 anos foi morto em 2009 por um tiro policial em uma festa organizada em uma praia. Cerca de 45 policiais foram encurralados por cem jovens, incluindo um grande número de torcedores violentos. A investigação subsequente dividiu a culpa entre a própria polícia, o Ministério da Justiça e a Câmara Municipal de Roterdã. Em 1999, quatro pessoas foram baleadas e feridas quando o Feyenoord de Roterdã venceu a Liga de futebol.

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