OMS sugere que o coronavírus passou de morcegos para humanos por meio de outro animal

Relatório que investiga a origem da covid-19 em Wuhan, na China, mantém em estudo “todas as hipóteses”

O mercado de Huanan nesta segunda-feira, em Wuhan (China), fechado em janeiro de 2020, depois do surgimento da covid-19.
O mercado de Huanan nesta segunda-feira, em Wuhan (China), fechado em janeiro de 2020, depois do surgimento da covid-19.HECTOR RETAMAL (AFP)
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Em meados de janeiro, um ano após o início da pandemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) enviou uma missão a Wuhan e outras cidades da China para investigar a origem da covid-19. Os 10 eminentes cientistas internacionais que trabalharam na área durante duas semanas produziram um relatório que a OMS apresentará nesta terça-feira, mas que já vazou para alguns meios de comunicação, incluindo a agência AFP. A principal conclusão do documento é que a transmissão do vírus para os humanos provavelmente ocorreu a partir de um morcego, por meio de um terceiro animal não identificado. O documento também descarta a possibilidade de que a pandemia tenha origem em laboratório, mas mantém as outras hipóteses em avaliação e pede mais investigações.

As novas conclusões em nada diferem daquelas que o chefe da missão, Peter Ben Embarek, já antecipara na coletiva de imprensa de 9 de fevereiro em Wuhan, ao final da visita de especialistas, que contaram com a colaboração de cientistas chineses. O diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, reagiu nesta segunda-feira ao vazamento do documento, no qual os peritos destacam a necessidade de realizar estudos em uma área mais ampla do que a China. “Todas as hipóteses estão sobre a mesa e merecem um estudo mais aprofundado”, disse Ghebreyesus.

Assim, os signatários consideram que a transmissão do vírus da covid-19 por um animal intermediário é uma hipótese “entre provável e muito provável”. No entanto, a possibilidade de transmissão direta entre o animal inicial, ou seja, o morcego, e o homem ainda é considerada entre “possível e provável”. Mas o relatório conclui que é “extremamente improvável” que o coronavírus seja resultado de um acidente ou escape de patógenos de um laboratório. O Governo do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump acusou o Instituto de Virologia de Wuhan, que investiga coronavírus muito perigosos, de ter deixado o vírus escapar, voluntária ou involuntariamente. Os peritos dizem que não estudaram a possibilidade de um ato deliberado desse tipo.

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Os especialistas apontam ainda que os estudos realizados no mercado de Huanan, em Wuhan e em outros mercados da cidade não serviram para encontrar “elementos que confirmem a presença de animais infectados”. “É preciso haver pesquisas em áreas maiores e em um número maior de países”, conclui o relatório. Por isso, a OMS pede paciência porque as respostas vão demorar para chegar.

O relatório conjunto de especialistas OMS e chineses chega 15 meses após o aparecimento dos primeiros casos em Wuhan, no centro da China, e depois que a pandemia ceifou pelo menos 2,7 milhões de vidas em todo o planeta e prejudicou com força a economia mundial.

As análises deste grupo de peritos mundiais no local onde eclodiu a doença eram consideradas cruciais para combater esta e outras pandemias no futuro. Mas foi muito difícil pôr a missão em andamento por causa da relutância das autoridades chinesas em receber os especialistas de vários países. A China inicialmente pôs obstáculos ao trabalho desta missão, que surgiu um ano depois dos primeiros casos, embora equipes da OMS também tenham visitado o país asiático em fevereiro e julho de 2020.

A missão foi composta por cientistas dos Estados Unidos, Japão, Rússia, Reino Unido, Holanda, Dinamarca, Austrália, Vietnã, Alemanha e Qatar, vindos não só da OMS, mas também da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE).

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