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‘Donuts’, cervejas e maconha grátis para incentivar a vacinação nos Estados Unidos

Biden estabelece a meta de que 70% da população adulta tenha recebido pelo menos uma dose antes de 4 de julho

Vacunacion covid Estados Unidos
Um ativista do Joints for Jabs distribui cigarros de maconha aos vacinados em Nova York, em 20 de abril.Mark Lennihan (AP)
Antonia Laborde

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(FILES) In this file photo Anthony Fauci, director of the National Institute of Allergy and Infectious Diseases, speaks during a Senate Health, Education, Labor and Pensions Committee hearing in Washington, DC, on June 30, 2020. - The United States is still "knee-deep" in its first wave of coronavirus infections and must act immediately to tackle the recent surge, the country's top infectious diseases expert said July 6, 2020. Anthony Fauci said the number of cases had never reached a satisfactory baseline before the current resurgence, which officials have warned risks overwhelming hospitals in the country's south and west. (Photo by Al Drago / various sources / AFP)
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LOUISVILLE, KY - APRIL 02: Andrea Moore (L) receives her COVID-19 vaccine shortly after her mother, Alma Penn (R) in the gymnasium at Whitney M. Young Elementary School on April 2, 2021 in Louisville, Kentucky. The elementary school opened on Good Friday, located in the West End of Louisville, an area comprising primarily African American neighborhoods, in an effort to encourage Black residents to receive their COVID-19 vaccination.   Jon Cherry/Getty Images/AFP
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Como os EUA conseguiram acelerar sua campanha de vacinação em massa

O acelerado ritmo da vacinação contra a covid-19 nos Estados Unidos perde força à medida que grande parte da população de risco já recebeu o tratamento. O desafio agora é mobilizar os jovens e os que têm algum receio de se imunizar contra o coronavírus. Para incentivá-los, surgiram iniciativas que vão de um donut grátis por dia durante um ano até um cigarro de maconha. Maryland e Nova Jersey aderiram na segunda-feira à moda dos estímulos. O primeiro Estado prometeu 100 dólares (535 reais) aos funcionários públicos estaduais que se vacinarem; e o segundo, uma cerveja grátis aos maiores de 21 anos que receberem sua primeira injeção durante o mês de maio. Com grande parte do país entregue à causa, o presidente Joe Biden estabeleceu na segunda-feira um novo objetivo: que 70% da população adulta tenha recebido pelo menos uma dose da vacina antes do fim de semana de 4 de julho.

Na semana passada, os centros de vacinação distribuíram uma média de quase 2,2 milhões de dose por dia, o que significa uma queda de 32% em relação ao pico de 3,3 milhões alcançado na segunda semana de abril. Até o momento, 145 milhões de adultos, aproximadamente 56% da população adulta dos EUA, receberam pelo menos uma dose de alguma vacina contra a covid-19, segundo os últimos dados dos Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês). Com a desaceleração do processo e as novas variantes do vírus circulando, os especialistas acham cada vez menos provável que os Estados Unidos alcancem a imunidade de rebanho.

Biden disse na terça-feira que solicitará a todos os Estados que eliminem o requisito de marcar hora para a vacinação, com o objetivo de acelerar o processo. Além disso, a Administração democrata distribuirá as imunizações contra o coronavírus a 40.000 farmácias de todo o país e investirá 250 milhões de dólares (1,34 bilhão de reais) em organizações comunitárias encarregadas de contratar e mobilizar profissionais que operem clínicas móveis em zonas rurais de difícil acesso. O objetivo desses esforços é que 70% da população adulta (160 milhões de pessoas) esteja vacinada, ao menos parcialmente, antes de 4 de julho, “o dia da independência contra o vírus”, como chamou o presidente do país, numa alusão ao fato de ser a data em que se comemora o dia em que as primeiras colônias britânicas na América do Norte se tornaram independentes.

Vários cientistas, incluindo Anthony Fauci, principal assessor do presidente dos Estados Unidos para questões de saúde, estimam que entre 70% e 85% da população norte-americana precisa estar imunizada para controlar a propagação da pandemia e poder olhar ao vírus pelo retrovisor.

Pesquisas da CNN e da rádio pública NPR nos últimos meses mostram que aproximadamente 25% de adultos não pretendem se vacinar. E são eles o alvo das novas iniciativas estaduais, de empresas públicas e privadas, e também de organizações de ativistas. Em Nova York, por exemplo, o grupo Joints for Jabs (baseados por injeções) comemorou a recente legalização do uso recreativo no Estado dando de presente, durante um dia, um cigarro de maconha a qualquer pessoa que provasse que havia recebido pelo menos uma dose da vacina. O Museu de História Natural da cidade também está oferecendo quatro entradas para serem usadas no futuro para quem se vacinar ali.

Um homem fuma em Nova York, em 20 de abril, junto a uma banca do Joints For Jabs.
Um homem fuma em Nova York, em 20 de abril, junto a uma banca do Joints For Jabs.SPENCER PLATT (AFP)

As recompensas monetárias são outro incentivo em alguns lugares. O governador de Maryland, o republicano Larry Hogan, anunciou na segunda-feira que mais de 50.000 funcionários públicos estaduais receberão 100 dólares se demonstrarem que estão completamente vacinados e se comprometerem a receber as vacinas de reforço recomendadas pelas autoridades sanitárias durante os próximos 18 meses. Há algumas semanas, o governador da Virgínia Ocidental, Jim Justice (republicano), prometeu um bônus, também de 100 dólares, para as pessoas de 16 a 35 anos que tomarem a vacina.

Várias empresas oferecem descontos ou dão brindes de seus produtos (donuts, sobremesas, cervejas, entre outros) aos clientes que demonstrarem ter-se imunizado. Algumas, como a rede de autopeças e acessórios AutoZone e os supermercados Kroger, prometem 100 dólares para o bolso ou para usar na loja aos seus funcionários que tiverem recebido uma vacina contra a covid-19. O banco Bangor Savings fez a maior aposta: 500 dólares (2.677 reais) para os funcionários que completarem o tratamento.

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Os lugares onde se pode tomar a vacina também estão se ampliando. Em igrejas, estações de metrô, farmácias… Estas últimas foram obrigadas inclusive a jogar fora milhares de doses. Os CDCs registraram 182.874 vacinas desperdiçadas no fim de março. Desse total, a rede de drogarias CVS foi responsável por quase a metade, e a Walgreens, a maior do ramo nos EUA, por 21%. Ao todo, as duas redes deixaram de utilizar quase 128.500 doses, segundo os dados obtidos pelo site de notícias Kaiser Health News. Um assessor de imprensa da CVS relatou a esse site que o desperdício se deveu principalmente ao período em que a prioridade era vacinar apenas o pessoal médico e idosos em asilos geriátricos.

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