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Contágios em asilos despencam na Espanha após início da vacinação

Instituições para idosos no país inteiro registraram apenas 215 casos positivos entre 15 e 21 de fevereiro, contra 4.439 de 18 a 24 de janeiro. Número de mortes no período caiu de 673 para 157

Idosas se cumprimentam ao se reencontrarem no asilo Elorduy, em Barrika (País Basco), após permanecerem isoladas desde agosto passado em diferentes bolhas de convivência da mesma instituição, por causa da pandemia de covid-19.
Idosas se cumprimentam ao se reencontrarem no asilo Elorduy, em Barrika (País Basco), após permanecerem isoladas desde agosto passado em diferentes bolhas de convivência da mesma instituição, por causa da pandemia de covid-19.Miguel Toña (EFE)
María Sosa Troya

Os contágios nos asilos geriátricos da Espanha desabaram em questão de um mês. Os diagnósticos positivos diminuíram 95% entre 24 de janeiro e 21 de fevereiro, segundo dados publicados pelo Governo do país nesta terça-feira, confirmando o efeito positivo da campanha de vacinação nessas instituições. De 18 a 24 de janeiro foram registrados 4.439 positivos, contra 215 entre 15 e 21 de fevereiro. Em pleno pico da terceira onda na Espanha, a segunda dose começou a ser administrada em moradores e funcionários dos asilos 21 dias depois de iniciada a campanha de vacinação, no fim de dezembro. Sete dias depois, seu efeito começa a ser notado. A queda dos contágios, que reflete o resultado da vacinação e o próprio refluxo da terceira onda, traz esperança para essas instituições, duramente atingidas durante a pandemia. Neste período, o número de mortes também caiu: de 673 para 157.

Outro dado animador é que 5 das 17 regiões espanholas (Astúrias, Cantábria, Múrcia, Navarra e La Rioja) não registraram nem um só contágio em asilos geriátricos na última semana com dados disponíveis, a de 15 de fevereiro (situação vista também nos enclaves espanhóis de Ceuta e Melilla, no norte da África). Em outras cinco comunidades autônomas (Andaluzia, Baleares, Estremadura, Madri e País Basco) houve menos de 10 casos, sempre segundo os dados oficiais. Várias comunidades também não registraram nenhuma morte em asilos na semana de 15 de fevereiro.

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Nas mesmas datas também diminuíram os contágios no conjunto do país. Caíram 83% entre a terceira semana de janeiro e a terceira de fevereiro, segundo dados do Instituto de Saúde Carlos III, uma redução inferior à registrada nos asilos. Neste período também caiu a incidência acumulada na Espanha: em 25 de janeiro, o país beirava seu recorde, com 884,7 casos por 100.000 habitantes nas duas semanas anteriores. Em 22 de fevereiro, eram 252,19 casos por 100.000.

É a primeira vez que os dados de contágios em asilos são divulgados em nível nacional. Agora se sabe que pelo menos 86.219 idosos se contagiaram nos mais de 5.400 asilos existentes na Espanha. Destes, quase 68.745 correspondem a casos de 2020. O relatório, com cifras das comunidades autônomas reunidas e sistematizadas pelos ministérios de Direitos Sociais, Saúde e Ciência, adverte de que a subnotificação de casos foi muito alta durante os três primeiros meses da pandemia. Até 22 de junho haviam sido computados 31.816 contágios, mas na época faltavam exames, e muitíssimos idosos se recuperaram da covid-19 sem serem contabilizados nos registros. No documento também se observa que ainda há carências de informação em sete regiões, incluindo Catalunha, Madri e Castela-La Mancha, três das comunidades com maior incidência em asilos durante a pandemia.

A forte redução nos casos registrados em asilos já era observável no único relatório relativo a essas instituições que existia até agora, divulgado todas as sextas pelo Centro de Coordenação de Alertas e Emergências Sanitárias e abordando novos casos diagnosticados: no documento de 22 de janeiro foram notificados 142 novos surtos em centros sociossanitários (que incluem também residências para pessoas com deficiência, não só os asilos geriátricos), uma cifra que caiu para 42 no relatório da semana passada, uma redução de 70%. Embora as medidas de proteção, como a distância de segurança, estejam sendo mantidas nos asilos, a desescalada finalmente começou.

As cifras publicadas nesta terça-feira pelo Governo mostram também uma forte queda das mortes em asilos geriátricos nas últimas semanas. A curva de mortes sempre está atrasada em relação à de contágios, mas mesmo assim aparece também uma importante redução em relação aos 673 falecimentos por covid-19 nos asilos na semana de 18 de janeiro, ou dos 719 mortos da semana seguinte, em relação aos 258 da semana de 15 de fevereiro.

Embora essa melhora coincida com a administração da segunda dose das vacinas nos asilos, é cedo para tirar conclusões definitivas. Faltam dados para saber que parte da melhora se deve à imunização, que parte a outras restrições, e que parte à remissão natural da terceira onda da pandemia.

O impacto da covid-19 nos asilos foi altíssimo: trata-se de instituições onde convivem as pessoas mais vulneráveis ao vírus, a grande maioria com idade superior a 80 anos e com diversas doenças pré-existentes. No relatório publicado nesta terça-feira é citada pela primeira vez também a cifra oficial de mortos em asilos: 29.408 com covid-19 confirmada ou com sintomas compatíveis.

Esses dados são um claro reflexo da evolução nos asilos. Entre março e 22 de junho de 2020, 19.835 pessoas morreram nesses locais, sendo 9.859 sem terem sido submetidas a exames de diagnóstico, mas com sintomas compatíveis com a covid-19. As quase 20.000 mortes neste período duplicam as 9.573 notificadas entre 23 de junho e 21 de fevereiro. Desde o começo de 2021, 17.474 idosos internados em asilos contraíram o vírus. Deles, 3.268 morreram ― praticamente um quinto.

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