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Opinião
Texto em que o autor defende ideias e chega a conclusões basadas na sua interpretação dos fatos e dados ao seu dispor

O EL PAÍS vai mudar, para melhor

A edição em espanhol fecha seu conteúdo a partir deste 1° de maio, seguindo planos que haviam sido adiados pela pandemia. A edição em português continua aberta por enquanto

Redação do EL PAÍS Brasil, em São Paulo.
Redação do EL PAÍS Brasil, em São Paulo.
Carla Jiménez

Querido(a) leitor(a),

O jornal EL PAÍS fecha seu conteúdo digital em espanhol para assinantes a partir desta sexta, dia 1°, seguindo os planos estratégicos do grupo. Pode parecer estranho o anúncio em plena pandemia de coronavírus. Justamente quando o mundo vive uma crise sanitária sem precedentes, que além de provocar dolorosas perdas de vidas, afeta a economia e o orçamento das famílias. Mas o projeto de cobrar assinaturas já estava em gestação há muito tempo. Foi adiado, inclusive, em função da covid-19. E é por respeito ao papel vital do jornalismo num momento delicado como este que todo o conteúdo relativo à pandemia continuará acessível. Por enquanto, a edição em português segue aberta para os leitores brasileiros.

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Dvd 988 (21/02/20) Redacción del diario El País. © Carlos Rosillo .
EL PAÍS lança sua assinatura digital
Fotografía reciente de la redacción de EL PAÍS en Madrid.
Fazer o EL PAÍS não é fácil

O EL PAÍS nasceu em Madri, em 1976. Após duas décadas, caiu na rede e o acesso virtual foi sempre gratuito. O conteúdo chegou a ser fechado anos depois, mas a Espanha não estava pronta para essa transição. Dez anos depois, o modelo digital foi o caminho para testar outros mercados. A edição América, criada em 2012, e o EL PAÍS Brasil, fundado em 2013, nasceram e cresceram sob a cultura gratuita, conquistando milhões de leitores em todo o continente. Hoje os leitores latinos representam 40% da audiência do grupo.

Um bom jornalismo, produzido por 400 jornalistas, requer recursos. Manter uma das redes de correspondentes mais excepcionais também. O EL PAÍS tem um time de repórteres nos quatro cantos do planeta. É a grande marca do jornal desde que nasceu dos sonhos do jornalista Juan Luis Cebrián, impulsionados por Jesus de Polanco e José Ortega Spottorno.

O trio fundador queria revelar o mundo em todas as suas dimensões para os leitores espanhóis depois de 40 anos de ditadura. E firmar com ousadia os valores democráticos que uma sociedade sadia merece. Foi com esse norte que o EL PAÍS ganhou o respeito dos leitores e tornou-se referência em jornalismo. O que dizer de um veículo que teve Gabriel García Márquez ou Fernando Savater como colunista? Que trouxe o feminismo para o debate público dias depois da sua estreia e teve sempre as liberdades individuais, tanto quanto os valores coletivos, como inegociáveis?

Esse espírito prevalece no tempo e veio desembarcar na América Latina há poucos anos. Primeiro, na redação do México, que centraliza a cobertura feita por correspondentes dos demais países de língua hispânica do continente. Em seguida, o EL PAÍS chegou ao Brasil atraído pelos ventos de mudança das jornadas de junho de 2013. É um capítulo que ainda está sendo escrito. A edição em língua portuguesa, uma ousadia do grupo, teve sua identidade moldada pelo padrão EL PAÍS e pela dedicação de seus profissionais. Uma equipe alinhada à essência da matriz, de mover estruturas, de se antepor ao autoritarismo tóxico, de guiar-se pelo senso de justiça social, de construir pontes de diálogo. Seus leitores se nutrem dos mesmos princípios e escrevem junto conosco a história deste jornal.

A pandemia vai nos obrigar a fazer escolhas. A decidir quem e o que vai nos acompanhar nestes tempos difíceis que foram impostos à humanidade. Ao que vamos dedicar tempo e dinheiro em um período mais penoso? Seguir o jornalismo de qualidade ganha uma nova dimensão, ainda mais com a profusão de notícias falsas que maltrataram as democracias a custo de vidas. A esta altura, o Brasil aprende a duras penas com a covid-19 que diferenciar o certo do oportunismo está salvando vidas.

O jornalismo é um farol em meio à escuridão que tomou o planeta para vislumbrar bases mais sólidas para um novo pacto social, mais desperto e solidário. Chamamos os leitores a nos ajudar nessa missão. A partir de agora, as edições em espanhol vão liberar somente a leitura de dez artigos ao mês. A partir daí, é preciso pagar a assinatura: 1 euro no primeiro mês, 10 euros mensais na sequência. A edição em português que você se acostumou a ler trará um preço especial para os brasileiros quando fechar para assinaturas. Pedimos a sua confiança. Queremos ser fonte de informações que fortaleçam uma sociedade mais sadia com amor e verdade.

Siga com a gente.

CARLA JIMÉNEZ, diretora de Redação do EL PAÍS Brasil

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