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Vendas das 100 maiores empresas de armas crescem apesar da pandemia

Fabricantes dos EUA mantêm sua hegemonia global com mais da metade das vendas, de acordo com relatório do SIPRI

Um F-22 Raptor da empresa norte-americana Lockheed Martin, exposto em feira em Dubai em novembro de 2019.
Um F-22 Raptor da empresa norte-americana Lockheed Martin, exposto em feira em Dubai em novembro de 2019.KARIM SAHIB (AFP)
Carlos Torralba

Os principais fabricantes de armas aumentaram suas vendas em meio a uma recessão global. As 100 maiores empresas globais de equipamentos militares aumentaram seu faturamento em 1,3% em termos reais em 2020 em relação ao ano anterior, apesar da pandemia do coronavírus, segundo relatório divulgado nesta segunda-feira pelo Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (SIPRI). O valor total das vendas foi de 531 bilhões de dólares (3 trilhões de reais), após seis anos consecutivos de aumentos. O volume comercial dos cem maiores fabricantes de armas cresceu mais de 15% nos últimos cinco anos.

Os Estados Unidos mantiveram a sua hegemonia global: as 41 empresas deste país incluídas entre as 100 maiores do mundo representaram 54% das vendas totais no ano passado, com 285 bilhões de dólares (1,6 trilhão milhões de reais), um alta de 1,9%. Como tem acontecido desde 2018, as cinco maiores empresas são norte-americanas: Lockheed Martin, Raytheon, Boeing, Northrop Grumman e General Dynamics, em ordem decrescente. A indústria de armamentos dos Estados Unidos passa por uma onda de fusões e aquisições, principalmente no setor espacial, destaca o SIPRI, citando o exemplo da Northrop e da KBR.

A pesquisadora do SIPRI Alexandra Marksteiner observa no relatório que “os gigantes da indústria foram amplamente protegidos pela demanda sustentada dos governos por bens e serviços militares”. O especialista acrescenta que “em muitas partes do mundo, os gastos militares cresceram e alguns governos aceleraram os pagamentos à indústria para mitigar o impacto da crise”.

Apesar do aumento generalizado, a pandemia fez com que algumas empresas experimentassem interrupções na cadeia de suprimentos e atrasos na entrega. Outras, como a francesa Thales, especializada em sistemas eletrônicos, sofreram quedas nas vendas por conta dos confinamentos decretados em dezenas de países.

As cinco empresas chinesas incluídas no ranking venderam 66,8 bilhões de dólares, o que representa 13% do total e 1,5% a mais no comparativo anual. O pesquisador Nan Tian explica no relatório do think tank sueco que “as empresas chinesas se beneficiaram dos programas de modernização promovidos por Pequim e do foco na fusão civil-militar”, tornando-se “um dos mais avançados produtores de tecnologia militar do mundo”. As vendas dos fabricantes chineses não param de crescer desde que o SIPRI passou a incluir dados sobre empresas do gigante asiático em seu relatório anual de 2015.

A venda conjunta das nove empresas russas entre as 100 maiores caiu 6,5% ao ano, para 28,2 bilhões de dólares, seguindo a tendência de queda iniciada em 2017, principalmente devido ao fim do programa de armas do Estado. Outros países cujas empresas de armamento têm posição de destaque são: Japão, Coreia do Sul, Índia e Israel.

Vinte e seis empresas europeias —sem incluir as russas— figuram no ranking, com vendas totais de 109 bilhões de dólares, 21% do total mundial. Destes, a britânica BAE Systems é a única entre os 10 primeiros, na sexta posição. Os países da UE com mais empresas no ranking são: França (6), Alemanha (4) e Itália (2).

A Navantia continua a ser a única empresa espanhola entre as 100 maiores, caindo da 78ª para a 84ª posição e com vendas de 1,18 bilhões de dólares, 10% menos que no ano anterior. Suécia, Polônia, Ucrânia e Noruega também têm ao menos uma empresa de armas entre as 100 melhores do mundo.

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