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Inflação nos Estados Unidos sobe para 6,2% em outubro, o pior índice em 30 anos

O aumento dos preços da energia e dos alimentos, bem como a crise global de desabastecimento, pioraram as projeções do IPC no curto prazo

Cartaz com os preços dos combustíveis em um posto de gasolina em Solana Beach (Califórnia), na segunda-feira.
Cartaz com os preços dos combustíveis em um posto de gasolina em Solana Beach (Califórnia), na segunda-feira.MIKE BLAKE (Reuters)
María Antonia Sánchez-Vallejo

A mensagem tranquilizadora das autoridades dos EUA de que a inflação que acompanhou as primeiras fases da recuperação pós-pandemia seria de caráter transitório já não pode ser sustentada à luz dos dados de outubro. O Índice de Preços de Consumo (IPC) subiu naquele mês a 6,2%, atingindo seu pior nível desde 1990, devido ao aumento dos preços da gasolina e dos alimentos, bem como ao aumento dos aluguéis. Se a tendência iniciada no final da primavera se mantiver, a inflação seguirá alta no próximo ano, complicando um panorama marcado pela crise global de produção e distribuição.

O IPC aumentou quase um ponto (0,9%) em outubro, o dobro do verificado em setembro (0,4%). Em termos de inflação nos últimos 12 meses, a porcentagem registrada em outubro foi de 6,2%, a maior desde novembro de 1990, quase um ponto percentual acima da observada em setembro (5,4%). Em resumo: o pior dado em três décadas, segundo as estatísticas do Departamento de Trabalho publicadas nesta quarta-feira.

Especialmente digna de nota é a incidência da inflação nos alimentos. Os preços dos alimentos tiveram uma alta anual de 5,3% no décimo mês do ano, sete décimos a mais do que no mês anterior. O chamado índice de preços subjacente, que exclui as categorias frequentemente voláteis de alimentos e energia, subiu 4,6% em outubro em relação ao ano anterior, mais que os 4% de setembro e é o maior aumento desde 1991.

Más notícias para o presidente Joe Biden, que, assim como o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), vinha insistindo que o aumento da inflação era consequência direta da fase de expansão do consumo vivida nesta primavera graças aos planos de estímulo do Governo e ao avanço da vacinação, e que teoricamente estava chamada a se moderar até se estabilizar em torno de 2%, a previsão do Fed. Esse horizonte parece mais distante hoje e a maioria dos analistas acredita que não poderá ser alcançado até pelo menos meados do próximo ano.

O presidente Biden reagiu imediatamente à divulgação dos dados. “A inflação causa danos ao bolso dos norte-americanos e reverter essa tendência é uma das principais prioridades para mim”, disse, de acordo com o comunicado divulgado pela Casa Branca. O mandatário manteve seu cauteloso otimismo ao ressaltar que, em relação aos preços da energia, “nos poucos dias desde a coleta dos dados para este relatório [o balanço de outubro], o preço do gás natural caiu”. Whishful thinking diante de uma realidade cada vez menos amistosa.

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