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Os planos de estímulo de Trump resgataram 8,5 milhões de pessoas da pobreza nos Estados Unidos

O feito sem precedentes em somente um ano avaliza o ambicioso plano social do presidente Joe Biden

Estímulos masivos Joe Biden
Entrega de caixas com alimentos em Marks (Mississippi), no dia 24 de maio.RORY DOYLE (Reuters)
María Antonia Sánchez-Vallejo
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FILE - In this July 15, 2021, file photo President Joe Biden speaks during an event to mark the start of monthly Child Tax Credit relief payments, in the South Court Auditorium on the White House complex in Washington. The government has collaborated on a new internet site to help more Americans apply for and receive the expanded child tax credit, a monthly payment of as much as $300 per child that was part of the coronavirus relief package. (AP Photo/Evan Vucci, File)
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A pobreza foi reduzida no geral em 2020 nos Estados Unidos como resultado dos planos de estímulo maciços e as ajudas de desemprego. A resposta da Administração de Donald Trump à pior crise econômica desde a Grande Depressão evitou que amplas camadas da população caíssem na pobreza apesar do índice ter crescido levemente até chegar em 11,4%, no ano passado. As ajudas do Governo contra a pandemia diminuíram esse índice para 9,1%, de acordo com os dados publicados na terça-feira pelo Escritório do Censo dos EUA. A rápida resposta do Congresso, e a prorrogação das ajudas de desemprego, foram um salva-vidas aos norte-americanos com baixa renda.

Em comparação com o ano anterior à pandemia, a renda média dos lares em 2020 caiu 2,9%, pelas consequências negativas no mercado de trabalho e a paralisação da atividade econômica pelo confinamento. Foi a primeira redução “estatisticamente significativa” na renda média dos lares desde 2011, de acordo com a avaliação do próprio Escritório do Censo.

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Essa diminuição provocou o aumento provisório do índice de pobreza em 2020: 3,3 milhões a mais do que ano anterior, até chegar a um total de 37,2 milhões de pessoas, Mas, graças à ajuda e subsídios distribuídos pelo Governo desde março de 2020, quando a pandemia começou, a chamada medida suplementar de pobreza caiu para 9,1% no ano passado, contra 11,8% de 2019. Quase 8,5 milhões de pessoas saíram da pobreza, um feito sem precedentes em um só ano, atribuível em grande medida aos estímulos do Governo federal.

Entre o pacote de estímulos aprovados como plano de choque antipandêmico está a injeção de cheques de 1.200 dólares (6.200 reais) à população de baixa renda. De acordo com o Escritório, esses cheques tiraram da pobreza 11,7 milhões de pessoas em 2020 e impediram que outros 5,5 milhões de norte-americanos caíssem nela. A pobreza é definida como renda anual inferior aos 26.200 dólares (136.870 reais) para uma família de quatro membros. Em 2020 a renda média dos lares foi de 67.521 dólares (352.730 reais), 2.000 a menos do que em 2019.

Com a recuperação da economia, a Casa Branca acredita que mais norte-americanos conseguirão encontrar trabalhos mais bem pagos do que os que os sustentam. Mas se mantêm profundas desigualdades e há sinais preocupantes de que a recuperação pode ficar em suspenso, começando pela desaceleração na criação de emprego em agosto e os estragos da variante delta do coronavírus, com 150.000 casos diários. As mulheres negras e hispânicas continuam ficando para trás na recuperação, junto com os trabalhadores menos qualificados. O maior nível de pobreza se deu entre a população afro-americana, com 19,5%, seguida pelos hispânicos, com 17%, e a população branca, com 8,2%. Desse modo, enquanto os lares da comunidade asiática registraram uma média de renda de 94.900 dólares (495.760 reais), seguidos pelos brancos não hispânicos —74.900 (391.280 reais)—, os afro-americanos e os hispânicos ficaram abaixo da renda média nacional, com 45.900 e 55.300 dólares (239.780 e 290.000 reais), respectivamente.

O efeito positivo das ajudas do Governo como apoio à população com menor renda avaliza, de acordo com a Casa Branca, o ambicioso plano de ajudas sociais do presidente Joe Biden, que com um investimento de 3,5 trilhões de dólares (18 trilhões de reais) pretende combater a pobreza ao ampliar a cobertura social, com medidas como educação pré-escolar universal, maior dedução do imposto de renda por filho, licenças remuneradas de trabalho e ampliação dos programas Medicare, a cobertura de segurança social pública para maiores de 65 anos, e o Medicaid, para pessoas sem recursos. Os bons dados do salva-vidas federal em 2020 são à Casa Branca o melhor exemplo de como recursos adicionais podem fazer uma diferença substancial entre a diminuição da pobreza e uma desigualdade ainda mais profunda. O empenho da Casa Branca, entretanto, não está isento de problemas, o primeiro deles a resistência de alguns democratas moderados em apoiar um investimento tão colossal, pelo temor ao déficit, e a recusa em aumentar os impostos às rendas mais altas.

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