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China rebate acusações de espionagem e diz que EUA fazem campanha difamatória por “razões políticas”

Denúncias “carecem de fundamento”, afirma Pequim. Censuras mútuas reabriram uma nova frente de atrito entre países, já sobrecarregada por amargas diferenças em questões como a guerra comercial

A sede da Microsoft em Pequim, nesta terça-feira.
A sede da Microsoft em Pequim, nesta terça-feira.Andy Wong (AP)
Macarena Vidal Liy
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Ciberataques China
Acusações de ataques cibernéticos agravam as tensões entre a China e o Ocidente
A man looks at his smartphone as he walks by the Microsoft office in Beijing, China on Friday, Aug. 7, 2020. The Biden administration on Monday, July 19, 2021 blamed China for a hack of Microsoft Exchange email server software that compromised tens of thousands of computers around the world earlier this year. (AP Photo/Ng Han Guan)
EUA, UE e OTAN acusam China de lançar campanha global de ataques cibernéticos
Brussels (Belgium), 14/06/2021.- NATO Secretary General Jens Stoltenberg gives a press conference with Spain's Prime Minister (unseen) during a NATO summit at the North Atlantic Treaty Organization (NATO) headquarters in Brussels, Belgium, 14 June 2021. Leaders of NATO countries warned Russia on June 14, 2021, that there could be no return to normal relations between Moscow and the military alliance until it complies with international law, and that China's increasingly aggressive behaviour, including cyber warfare and building nuclear warheads, poses "systemic challenges" to international law and security. (Bélgica, Rusia, España, Bruselas, Moscú) EFE/EPA/KENZO TRIBOUILLARD / POOL
OTAN eleva o tom com a China ao situá-la entre os grandes desafios da segurança mundial

A China negou categoricamente nesta terça-feira as acusações dos Estados Unidos e de seus aliados, que lhe atribuem uma grande campanha global de ciberataques. As censuras mútuas reabriram uma nova frente de atrito nas relações bilaterais, já sobrecarregada por amargas diferenças em questões como a guerra comercial, a rivalidade tecnológica e os direitos humanos da minoria uigur em Xinjiang e em lugares como Hong Kong e Taiwan.

Em sua coletiva de imprensa diária nesta terça-feira, um dia depois das denúncias de Washington e de capitais aliadas, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, descreveu as acusações como “infundadas” e acusou os Estados Unidos de fazerem uma campanha difamatória contra Pequim por “razões políticas”.

Se de todos os aliados —Nova Zelândia, Austrália, Japão, Reino Unido, UE, OTAN —os Estados Unidos foram os mais duros nas críticas a Pequim, a China respondeu da mesma maneira. Zhao, considerado o representante emblemático da nova corrente mais agressiva da diplomacia chinesa, conhecida como a dos “lobos guerreiros”, fez alusão ao histórico de Washington em espionagem e ataques cibernéticos a outros países.

“Manchar a reputação dos outros não branqueia a sua”, disse o porta-voz. “Os Estados Unidos são o principal país do mundo como origem de ataques cibernéticos.” O representante diplomático insistiu em que as denúncias ocidentais constituem uma “campanha de difamação e de pressão totalmente motivada por razões políticas”.

A linha de acusações contra os Estados Unidos também é a adotada por várias embaixadas chinesas nos países participantes das denúncias. Sem mencionar o rival, a não ser como uma “certa nação”, a legação de Pequim em Bruxelas acusa os EUA de terem espionado durante anos outros Estados, incluindo países amigos, enquanto se “vangloriam de ser os guardiões da cibersegurança, tentam manipular e pressionar seus parceiros para formar pequenos círculos de exclusão e difamar e atacar outros países repetidamente em questões de segurança cibernética. Esse tipo de prática revela seus padrões duplos e hipocrisia”.

Washington acusa o Ministério da Segurança do Estado —os serviços secretos chineses— de ter colaborado com hackers dedicados a penetrar em sistemas de computação para realizar ataques neles e pedir um resgate para recuperá-los. A Casa Branca mencionou um “padrão de comportamento irresponsável” por parte de Pequim, enquanto o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, se referiu a “comportamento irresponsável, destrutivo e desestabilizador no ciberespaço” por parte da China.

Até agora, apesar das palavras duras de ambos os lados, o embate não foi além disso. Ao contrário de outras ocasiões no passado, quando os conflitos surgiram como resultado de denúncias de violações dos direitos humanos em Xinjiang e Hong Kong —entre outras—, nenhuma das partes fez qualquer movimento, pelo menos por ora, para impor sanções às quais o outro lado responderia com dureza igual ou maior.

O Departamento de Justiça em Washington acusou quatro supostos piratas informáticos chineses, incluindo três “agentes do Ministério da Segurança do Estado”, de terem penetrado nos sistemas de informática de empresas, órgãos governamentais e universidades para obter dados ali armazenados ou com tecnologias avançadas. Essas informações roubadas, diz o Departamento de Justiça, se concentram especialmente em tecnologias de sequenciamento genético, veículos elétricos e fórmulas químicas. Um alto funcionário dos EUA, falando sob condição de anonimato, disse que os hackers também criptografaram dados para exigir resgates milionários para decodificá-los.

As acusações de pirataria cibernética contra a China não são novas. Washington denuncia há anos que Pequim está por trás de uma série de ataques cibernéticos contra agências federais e empresas norte-americanas, algo que o Governo de Xi Jinping sempre negou categoricamente. Já em 2015, a Administração de Barack Obama culpou hackers apoiados pela China por invadirem os sistemas de computador do Escritório de Gestão de Pessoal dos Estados Unidos, o braço de recursos humanos do Governo dos Estados Unidos, em uma operação em que seus autores tiveram acesso a dados pessoais de funcionários federais de até 20 anos atrás.

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