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Biden, que manteve sanções de Trump a Cuba, exorta o Governo a ouvir os protestos: “É um apelo à liberdade”

O presidente dos Estados Unidos pede que seja respeitado o direito a manifestações pacíficas nas ruas. Gestão Díaz-Canel acusa Washington de praticar “política de asfixia econômica para provocar revoltas sociais”

Joe Biden en la Casa Blanca sobre Cuba
O presidente Joe Biden, em 2 de junho, em foto na Casa Branca.CARLOS BARRIA (Reuters)
Amanda Mars
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A man is arrested during a demonstration against the government of Cuban President Miguel Diaz-Canel in Havana, on July 11, 2021. - Thousands of Cubans took part in rare protests Sunday against the communist government, marching through a town chanting "Down with the dictatorship" and "We want liberty." (Photo by YAMIL LAGE / AFP)
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Joe Biden deu um impulso aos manifestantes cubanos em sua primeira declaração sobre os protestos que irromperam neste domingo contra o regime castrista, os maiores desde a crise dos anos noventa. Em um comunicado divulgado na manhã desta segunda-feira, o presidente dos Estados Unidos pediu a Havana que atenda às demandas dos cubanos. “Estamos com o povo cubano e seu apelo alto e claro por liberdade e alívio” em face dos danos da pandemia e “as décadas de repressão e sofrimento econômico a que foi submetido pelo regime autoritário cubano”.

O líder democrata, que se distanciou da política de degelo iniciada por Barack Obama, pediu respeito aos protestos pacíficos na ilha. “O povo cubano está reivindicando com bravura seus direitos fundamentais e universais”, ressalta em seu texto, e conclui: “Os Estados Unidos exortam o regime cubano a escutar seu povo”.

As palavras de Biden foram divulgadas na mesma manhã em que o líder do regime castrista, Miguel Díaz-Canel, denunciava que Washington mantém “uma política de asfixia econômica para provocar revoltas sociais no país”. Desde que foi empossado na Casa Branca em janeiro, o novo presidente democrata não mexeu em nenhuma das sanções impostas pelo Governo republicano de Donald Trump, nem mesmo a entrada em vigor do Capítulo III da Lei Helms-Burton, que permite as ações judiciais de cidadãos norte-americanos contra empresas internacionais por lucrarem com propriedades confiscadas por Fidel Castro depois da Revolução Cubana, apesar das demandas dos aliados da União Europeia.

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O processo de degelo promovido pelo Governo Obama, do qual Biden foi vice-presidente, não trouxe consigo os esperados avanços em democratização, abertura e direitos humanos, e Trump o encerrou com uma artilharia de sanções que acabaram afetando a economia e o bem-estar da ilha. O abrandamento do embate com Havana oferece benefícios políticos muito limitados para Biden e sérios danos potenciais, dada a pressão republicana, especialmente em feudos eleitorais tão importantes como a Flórida. Marco Rubio, senador conservador por esse Estado, criticou Biden por ter feito o pronunciamento só 24 horas após o início dos protestos e alertou contra a “chantagem” de Havana para voltar ao quadro das relações da era Obama.

A subsecretária interina para Assuntos do Hemisfério Ocidental no Departamento de Estado, Julie Chung, publicou uma mensagem no domingo em sua conta no Twitter que provocou críticas dos republicanos, pois ela atribuiu os protestos aos problemas decorrentes da covid-19, sem mencionar a repressão. “Crescem os protestos pacíficos em Cuba, a população está exercendo seu direito de reunião para expressar sua preocupação com o aumento de casos e mortes por covid-19 e a escassez de medicamentos. Reconhecemos os esforços do povo cubano na organização de doações para ajudar seus compatriotas “, escreveu Chung, embora nesta segunda-feira ela também tenha expressado preocupação com os “chamados ao combate” por parte do regime.

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