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Diretor financeiro das empresas de Trump se entrega a procurador de Manhattan

Ministério Público deve apresentar nesta quinta a denúncia criminal por fraude e crime fiscal envolvendo o conglomerado do ex-presidente

María Antonia Sánchez-Vallejo
O ex-presidente Donald Trump durante um ato na fronteira do Texas com o México, nesta quarta-feira.
O ex-presidente Donald Trump durante um ato na fronteira do Texas com o México, nesta quarta-feira.POOL (Reuters)

Allen Weisselberg, diretor financeiro da Organização Trump, conglomerado empresarial do ex-presidente norte-americano Donald Trump, entregou-se nesta quinta-feira no edifício do Ministério Público em Manhattan, como parte de uma investigação criminal sobre supostas fraudes e irregularidades fiscais. Os promotores devem apresentar denúncias penais contra Weisselberg e a Organização Trump nesta quinta-feira, após o término do seu inquérito. O republicano não será imputado, nem tampouco seus filhos, segundo fontes conhecedoras da investigação, mas sim a companhia e seu responsável financeiro, acusado de receber apartamentos, carros de luxo e matrículas em colégios privados como rendimentos em espécie, não declarados ao fisco.

A apresentação de acusações contra o conglomerado de Trump era amplamente esperada há semanas, depois que o Ministério Público convocou um júri de instrução para decidir sobre a imputação. Weisselberg, de 73 anos, fiel servidor do magnata durante décadas, comparecerá ao longo do dia perante um juiz, junto com representantes do consórcio, também imputados, para ouvir formalmente as acusações. Uma fonte da organização afirmou que as acusações são “políticas” e buscam prejudicar o ex-mandatário.

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O procurador distrital de Manhattan, Cyrus Vance, que se aposenta este ano, empenhou-se a fundo no seu último grande caso, paralelamente às investigações da secretária de Justiça do Estado de Nova York, Letitia James. As duas investigações em curso sobre suposta fraude fiscal confluíram em maio, quando o escritório de Vance abriu um inquérito penal para determinar se Trump poderia ter declarado valores inferiores à realidade em algumas propriedades do seu patrimônio para evitar pagar mais impostos. As duas instâncias investigavam há mais de um ano os negócios de Trump por possíveis delitos fiscais e bancários, mas a confirmação da colaboração entre ambas aumentou a pressão sobre o republicano. Tanto James como Vance são democratas. Já fora da Casa Branca, em fevereiro passado, Trump qualificou de “fascista” e “politicamente motivado” o processo do procurador de Manhattan, “a maior caça às bruxas na história dos EUA”.

As investigações do Ministério Público em Manhattan começaram como resultado de um depoimento de Michel Cohen, ex-advogado de Trump. Numa audiência parlamentar em 27 de fevereiro de 2019, esse ex-colaborador do então presidente declarou que Trump havia tinha inflado o valor de várias de suas propriedades em suas declarações aos bancos que lhe emprestavam dinheiro, com a intenção de obter melhores empréstimos e seguros, ao tempo mesmo que as desvalorizava em suas declarações fiscais com a intenção de pagar menos impostos. A promotoria distrital se centrou em duas das propriedades mais emblemáticas da família Trump: a Torre e Hotel Internacional Trump, em Chicago, e o edifício Trump em Nova York. As duas instâncias analisaram também os registros de um imóvel no condado nova-iorquino de Westchester.

A sede da Organização Trump, na Quinta Avenida de Nova York, nesta quarta.
A sede da Organização Trump, na Quinta Avenida de Nova York, nesta quarta. SPENCER PLATT (AFP)

O processo de Vance contra a Organização Trump recebeu um impulso em fevereiro, quando a Suprema Corte acatou seu pedido para examinar oito anos de declarações tributárias e milhares de documentos com o objetivo de elucidar se o ex-presidente e sua família cometeram fraude fiscal e enganaram bancos e companhias de seguros.

Nem os advogados de Weisselberg nem o Ministério Público de Manhattan se pronunciaram sobre o caso na quarta-feira. Ronald Fischetti, advogado de Trump, disse na última segunda à agência Reuters que esperava que as acusações se limitassem a supostas irregularidades fiscais.

Em um comunicado divulgado na segunda-feira, Trump acusou os promotores de parcialidade e afirmou que as atividades de seu consórcio “nunca incorreram em delito algum”. Seu advogado também alegou que a ação de Vance não tem fundamento, pois nunca, no último século, deu-se o caso de que o Ministério Público investigue a uma companhia por lucros adicionais.

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