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Ministro da Saúde britânico pede demissão após quebrar regras de distanciamento social com amante

Matt Hancock foi gravado pelas câmeras de segurança do ministério enquanto abraçava e beijava sua conselheira

Matt Hancock dimision
Matt Hancock, no dia 9 de fevereiro na Câmara, em Londres.JESSICA TAYLOR (AFP)
Rafa de Miguel
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O Ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, 42, apresentou sua renúncia ao premiê Boris Johnson na noite de sexta-feira, informou Downing Street. Horas antes, o tabloide The Sun publicou com exclusividade imagens registradas pelas câmeras de segurança do ministério, no dia 6 de maio, nas quais o político foi visto se abraçando e beijando com sua conselheira e amiga, Gina Coladangelo, de sua idade.

Ao constrangimento de uma sequência em que o ministro apertou as nádegas de sua antiga amiga da Universidade de Oxford, foram acrescentados outros atos cometidos por Hancock. Na época, reuniões internas de duas ou mais pessoas de endereços diferentes ainda eram proibidas em todo o Reino Unido. E, durante meses, altos funcionários do ministério questionaram o contrato de Coladangelo. Embora inicialmente tenha colaborado gratuitamente com Hancock, desde março de 2020 foi-lhe atribuído um orçamento dos cofres públicos de cerca de 20.000 euros (cerca de 117.000 reais). “Devemos ser honestos com todos aqueles que se sacrificaram tanto durante esta pandemia e admitir isso se os decepcionamos. Eu fiz isso, quebrando as regras de distanciamento social “, escreveu Hancock ao primeiro-ministro em sua carta de demissão.

Johnson, que inicialmente anunciou por meio de seus porta-vozes que estava encerrando o assunto após ouvir as desculpas públicas de seu ministro, também não conseguiu nesta ocasião resistir à pressão vinda, não só das fileiras da oposição, mas de um crescente número de parlamentares conservadores, que consideraram a permanência de Hancock no governo intolerável. “Você deve deixar seu posto com muito orgulho de tudo o que conquistou, não apenas durante a luta contra a pandemia, mas antes mesmo da covid-19 nos atacar”, respondeu Johnson a Hancock. O primeiro-ministro escolheu como seu substituto Sajid Javid, que anteriormente foi Ministro do Interior com Theresa May e Ministro da Economia durante os primeiros meses de Johnson, até ser substituído por Rishi Sunak.

Javid, um muçulmano de origem paquistanesa, assume um ministério que continua a ser de extrema importância. A variante delta do vírus voltou a acelerar o índice de infecções no país, a campanha de vacinação ainda não atingiu sua meta de imunizar 70% da população adulta, e especialistas exigem que o governo se prepare bem para um inverno que será complicado novamente.

Todo o país pôde saber a opinião pessoal de Johnson sobre a gestão de seu ministro da Saúde durante os primeiros meses da pandemia: “um inútil total”, dizia a mensagem do WhatsApp que o primeiro-ministro mandou para seu então conselheiro, Dominic Cummings. Ex-ideólogo do Brexit e homem forte de Downing Street nos primeiros meses após a chegada de Johnson, ele acabou entrando em conflito com grande parte da comitiva do primeiro-ministro e saiu pela porta dos fundos. Agora ele está se vingando com uma série de vazamentos de documentos comprometedores para o Governo. E seu objetivo principal, desde o primeiro minuto, tem sido Hancock, a quem considera um desastre político e de quem pediu o próprio Johnson para sua destituição em várias ocasiões.

O até então Ministro da Saúde estava confiante, graças ao sucesso da campanha de vacinação, que o próprio personagem de Cummings acabaria se autodestruindo e ele poderia sobreviver. Embora nada mostre que o ex-conselheiro está por trás do vazamento das imagens do adultério, o momento não poderia ter sido mais indicado para muitos terem amarrado os pontos.

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“Abuso de poder”

O Partido Trabalhista havia denunciado, antes mesmo do caso de amor extraconjugal entre Hancock e Coladangelo se tornar conhecido, o “abuso de poder e conflito de interesses” que envolvia a contratação de uma amiga pessoal como consultora, sem justificar claramente qual deveria ser seu papel, e também remunerar de volta com o dinheiro do contribuinte. Mas não foi exatamente isso que levou Hancock a jogar a toalha, mas sim o conhecimento de que a polícia estava se preparando para abrir uma investigação oficial sobre seu comportamento, para ver se ele realmente quebrou a regra de distanciamento social a qual o resto dos cidadãos foram obrigados a cumprir sob pena de multa.

À medida que a sexta e o sábado avançavam, menos vozes saíram em defesa da boa reputação de Hancock, e mais vozes sugeriram a Johnson, das fileiras conservadoras, que ele se livrasse do lastro do ministro agora. Um dos grupos que representam as famílias das vítimas da Covid-19 havia até mesmo escrito uma carta urgente a Johnson exigindo que ele demitisse o ministro se ele não renunciasse antes. “Em todo o país, as famílias das vítimas seguiram as regras a todo custo para evitar mais mortes. É claro que para Hancock as regras eram apenas para o resto do povo, não para ele”, dizia o texto.

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