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Bruxelas e Washington abrem as portas ao fim das sanções contra a Venezuela

Borrell e Blinken emitem um comunicado conjunto em que advogam a favor de uma “solução pacífica” e oferecem concessões caso Nicolás Maduro avance rumo a uma saída negociada da crise

Josep Borrell, na cúpula europeia de Bruxelas na sexta-feira.
Josep Borrell, na cúpula europeia de Bruxelas na sexta-feira.JOHANNA GERON / POOL (EFE)
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AME368. CARACAS (VENEZUELA), 24/05/2021.- Fotografía cedida por Prensa de Miraflores donde se observa al presidente venezolano, Nicolás Maduro, en un acto del Partido Socialista Unido de Venezuela hoy, lunes 24 de mayo del 2021, en Caracas. Maduro en calidad de presidente del Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV), explicó que las bases de la formación chavista serán las que designen, internamente, candidatos a las elecciones regionales y locales que se celebrarán el día 21 de noviembre. EFE/PRENSA MIRAFLORES/ SOLO USO EDITORIAL/ SOLO DISPONIBLE PARA ILUSTRAR LA NOTICIA QUE ACOMPAÑA (CRÉDITO OBLIGATORIO)
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Pela primeira vez em muito tempo, a União Europeia e os EUA lidam com a crise política e econômica da Venezuela em total sintonia e se mostram favoráveis a levantar as sanções que castigam o país latino-americano. O Alto Representante de Política Externa da UE, Josep Borrell, e o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, emitiram na sexta-feira um comunicado conjunto em que advogam por uma “solução pacífica” que parta “do próprio povo venezuelano” e que seja canalizada através das estruturas políticas do país caribenho.

Os dois principais responsáveis da diplomacia europeia e norte-americana também pedem “a libertação incondicional de todos os presos injustamente por motivos políticos”, assim como a restauração de todos os processos democráticos colocados em risco pelo presidente Nicolás Maduro e a realização de eleições livres em novembro.

Se todos esses passos forem dados, os responsáveis pela diplomacia em Washington e Bruxelas assumem um compromisso importante ao abrir as portas a uma revisão da política de sanções aplicada ao país latino-americano. “Avaliamos os avanços substanciais e críveis para restaurar os processos democráticos e as instituições na Venezuela e estamos dispostos a revisar a política de sanções na base de um progresso significativo em uma negociação ampla”, diz o comunicado, emitido no final da sexta-feira após várias semanas de gestação.

Borrell e Blinken também expressam seu compromisso com a ajuda necessária para acabar com a crise humanitária, que afeta tanto a população venezuelana como os seis milhões de pessoas que saíram do país e os países vizinhos de acolhida.

O comunicado marca uma mudança drástica em relação à etapa do presidente dos EUA, Donald Trump, quando Bruxelas e Washington nem sempre concordaram sobre como abordar a grave situação no país presidido por Nicolás Maduro. Os dois lados do Atlântico questionavam a legitimidade democrática de Maduro e deram certo reconhecimento ao oposicionista Juan Guaidó, a quem chegaram a qualificar como presidente encarregado. Mas a Administração Trump chegou até mesmo a pensar em uma intervenção armada para acabar com o regime chavista, um caminho que não foi apoiado pela Europa. Ainda que inicialmente boa parte dos países da UE tenha seguido os passos de Trump no reconhecimento a Guaidó, pouco depois o bloco foi se distanciando do rumo norte-americano.

A UE, além disso, deixou de outorgar em janeiro deste ano o tratamento de presidente encarregado a Guaidó após a formação da nova Assembleia parlamentar surgida das eleições de dezembro de 2020. Bruxelas não considerou democráticas essas eleições, mas deu por encerrada a Assembleia surgida após as eleições de 2015 em que Guaidó baseava sua reivindicação da liderança interina do país.

Por outro lado, o chamado Grupo de Lima (Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, Paraguai e Peru), em que junto com os Estados Unidos se concentra o maior apoio à oposição venezuelana, condenou as eleições, mas não retirou o tratamento preferencial a Guaidó.

Fontes diplomáticas são favoráveis a que a oposição venezuelana se envolva na medida do possível na dinâmica política do país para não deixar um vazio que dê a Maduro a oportunidade de se tornar interlocutor único. A maioria das forças de oposição, lideradas por Guaidó, boicotou as eleições de dezembro para denunciar as ausências de garantias democráticas e de transparência no processo.

O boicote oposicionista contribuiu para elevar a abstenção a 70%. Mas em termos práticos, Maduro recebeu mais de 67% dos votos emitidos e por volta de 86% das cadeiras em disputa. Fontes europeias assinalam que, por pior que seja, o regime de Maduro é o que controla a situação do país e a relação com seu regime é inevitável.

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