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Promotor da Lava Jato peruana pede prisão de Keiko Fujimori em plena disputa pelas eleições presidenciais

A candidata conservadora é acusada de violar as normas da liberdade vigiada em processo por suposta lavagem de dinheiro

A candidata à presidência do Peru Keiko Fujimori, durante a coletiva em que pediu a impugnação de meio milhão de votos, na quarta-feira, em Lima.
A candidata à presidência do Peru Keiko Fujimori, durante a coletiva em que pediu a impugnação de meio milhão de votos, na quarta-feira, em Lima.Martin Mejia (AP)

O promotor do caso Lava Jato no Peru, José Domingo Pérez, que em março acusou a candidata conservadora Keiko Fujimori de lavagem de dinheiro, organização criminosa e obstrução da Justiça, pediu nesta quinta-feira ao juiz prisão preventiva para a líder do fujimorismo, por violar uma das normas de conduta da liberdade vigiada. A candidata se comunicou com uma das testemunhas do processo, o que era proibido, ao apresentá-lo como advogado e porta-voz político do partido Força Popular durante uma coletiva, nesta quarta-feira, para informar sobre os pedidos de anulação de milhares de votos de seu adversário nas eleições presidenciais, o professor rural Pedro Castillo. O candidato de esquerda tem uma vantagem de 72.455 votos com 99,1% das urnas apuradas, mas as impugnações apresentadas por Fujimori impedem sua proclamação como vencedor do pleito.

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“Foi determinado novamente que a acusada Fujimori Higuchi viola a restrição de não se comunicar com as testemunhas. Constatou-se como fato público e notório que ela se comunica com a testemunha Miguel Torres Morales”, afirma o texto do promotor, que pediu 30 anos de prisão para Fujimori por ter supostamente recebido 1,2 milhão de dólares (6,1 milhões de reais) da transnacional brasileira Odebrecht para suas campanhas eleitorais à presidência em 2011 e 2016. A candidata não declarou essas quantias de dinheiro à autoridade eleitoral e as utilizou evadindo as regulações do sistema financeiro.

A ação judicial contra a candidata está agora na fase prévia ao julgamento oral, chamada controle de acusação. Se Fujimori vencesse as eleições, obteria imunidade enquanto estivesse na presidência, mas o processo continuaria seu curso com cerca de 30 outros acusados, entre eles seu marido Mark Vito Vilanella, sua advogada Giuliana Loza e dois de seus principais assessores políticos. A filha mais velha do autocrata Alberto Fujimori já esteve em prisão preventiva entre 2018 e 2019 ―entrou e saiu da prisão duas vezes―porque o promotor demonstrou que os hoje coacusados acordavam sobre as versões que as testemunhas deviam dar, ou os intimidavam para evitar que declarassem a verdade e, assim, obstruir as investigações do Ministério Público.

Quando começou a pandemia, o juiz de investigação preparatória Víctor Zúñiga aceitou que Fujimori saísse da prisão e passasse à liberdade vigiada com algumas normas, incluindo as de não se comunicar com os coacusados e testemunhas, não mudar de domicílio sem autorização judicial e não viajar sem permissão da Justiça.

Nos resultados desta eleição, a ex-congressista fujimorista coloca em jogo não apenas a possibilidade de congelar um processo judicial que enfrenta, mas outras investigações e julgamentos contra diversos membros de sua família.

Uma família encurralada pela corrupção

O pai da candidata enfrenta uma recente acusação do Ministério Público pelas mortes e lesões graves de mais de 1.300 vítimas de esterilização forçada durante seu segundo Governo (1995-2000). Em poucas semanas, um juiz decidirá se inicia o julgamento oral contra o ex-mandatário e três ex-ministros da saúde de seu Governo. Um deles foi eleito congressista pela Força Popular.

Além disso, é aguardado desde 2018 o início do julgamento oral contra o autocrata pelo chamado caso Pativilca ―o assassinato de seis camponeses em janeiro de 1992 nas mãos do destacamento militar Colina, criado pelo Governo de Fujimori e que cometeu assassinatos e desaparecimentos forçados contra opositores e civis durante seu primeiro mandato.

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O irmão mais novo de Keiko Fujimori, Kenji, também enfrenta um processo judicial por peculato, conluio, negociação incompatível e uso indevido do cargo por fatos cometidos quando foi congressista no primeiro ano do presidente Pedro Pablo Kuczynski, em 2016. O filho predileto do ex-governante negociou com Kuczynski o indulto de seu pai, em troca da aprovação, por parte do Ministério da Economia, de projetos de infraestrutura que promoviam legisladores de seu partido. Um deles filmou sub-repticiamente os vídeos, condicionando os ministros a aprovar tais obras.

Kenji e seus irmãos Hiro e Sachi também estão sendo investigados por lavagem de dinheiro, pois a polícia encontrou cocaína no armazém de uma de suas empresas de logística.

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