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Protestos em Minneapolis pela morte de um homem negro nas mãos da polícia

O incidente ocorreu na mesma cidade onde George Floyd morreu, após ser imobilizado por um policial, e no momento em que o caso está sendo julgado

Antonia Laborde
Manifestante pula em cima de uma viatura da polícia durante os protestos em Minneapolis, no último domingo.
Manifestante pula em cima de uma viatura da polícia durante os protestos em Minneapolis, no último domingo.NICHOLAS PFOSI (Reuters)

Na noite de domingo, centenas de manifestantes saíram às ruas em Minneapolis (Minnesota) para repudiar a brutalidade policial contra os negros, após um afro-americano ser morto a tiros pela polícia durante uma abordagem de seu veículo nesse mesmo dia. O incidente ocorre em um momento de especial sensibilidade para a cidade, que há duas semanas realiza o julgamento contra o ex-agente Derek Chauvin, acusado de asfixiar e matar o afro-americano George Floyd em 25 de maio de 2020. Os manifestantes se reuniram em frente à estação policial de Brooklyn Center, noroeste da cidade, a cerca de 16 quilômetros de onde Floyd desmaiou enquanto reclamava que não podia respirar sob o joelho de Chauvin. Para dissuadir protesto, a polícia disparou gás lacrimogêneo e balas de borracha.

A vítima mortal do domingo, abatida por disparos de um agente após um controle policial por uma infração de trânsito, foi identificada como Daunte Wright, de 20 anos. O jovem telefonou para sua mãe, Katie Wright, após a polícia ter parado seu veículo por ter um purificador de ar pendurado no retrovisor (o que está proibido no Estado de Minnesota). Segundo a versão da mãe, ela escutou os policiais dizendo ao seu filho que soltasse o telefone, e depois um deles desligou o aparelho. Quando ela voltou a ligar para Daunte, a namorada do filho disse que ele tinha sido morto a tiros pela polícia.

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Os manifestantes se reuniram pouco depois do tiroteio, superando os traumas do outono passado, quando a cidade ardeu em chamas em meio aos protestos contra a brutalidade policial. Alguns deles subiram nas viaturas policiais e enfrentaram os agentes; outros saquearam algumas lojas. Cerca de 200 foram até a delegacia de Brooklyn Center e jogaram pedras e outros objetos contra os policiais, segundo informou na madrugada desta segunda-feira o comissário do Departamento de Segurança Pública de Minnesota, John Herrington.

A polícia de Brooklyn Center afirmou em nota que os agentes pararam o carro pouco antes das 14h (horário local). Ao verificarem que havia um mandado de prisão contra Daunte, os policiais tentaram detê-lo, mas ele entrou novamente no veículo. Um agente disparou contra o carro, acertando no condutor, sempre segundo o relato da polícia, que pediu ao Escritório de Apreensão Criminal (BCA, na sigla em inglês) que investigasse os fatos.

A filial de Minnesota da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) afirmou que uma agência independente deveria investigar o incidente e exigiu a publicação imediata de qualquer vídeo do tiroteio. A organização suspeita que a polícia do Estado possa ter atirado em Daunte Wright com a desculpa do purificador de ar pendurado em seu espelho. “Algo que [a polícia] faz com muita frequência para atacar as pessoas negras”, declarou a ACLU. O governador de Minnesota, Tim Walz, afirmou durante a noite, em sua conta do Twitter, que estava rezando pela família de Wright enquanto o Estado “lamenta outra vida de um homem negro tirada pela polícia”.

A polícia informou que mobilizaria mais membros da Guarda Nacional na cidade e em Brooklyn Center. O centro de Minneapolis já está militarizado, e o tribunal do condado de Hennepin, onde é realizado o julgamento contra Chauvin, está completamente cercado por medo de possíveis distúrbios.

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