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Situação ‘muito grave’ leva Alemanha a suspender o relaxamento de restrições e anunciar rígido confinamento na Páscoa

A maioria das lojas fechará de 1 a 5 de abril. Merkel antecipa que será exigido PCR negativo de viajantes de qualquer país, mesmo que não seja área de risco

Merkel fala à imprensa na manhã desta terça-feira, com o prefeito de Berlim, Michael Müller, à direita, e o governador da Baviera, Markus Söder, à esquerda.
Merkel fala à imprensa na manhã desta terça-feira, com o prefeito de Berlim, Michael Müller, à direita, e o governador da Baviera, Markus Söder, à esquerda.Michael Kappeler (AP)
Elena G. Sevillano

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A situação que a Alemanha atravessa é “muito grave”, disse a chanceler (primeira-ministra), Angela Merkel, na madrugada desta terça-feira, após uma reunião de quase 12 horas com os dirigentes regionais do país para decidir quais medidas tomar em face do avanço da coronavírus. O Governo federal e os Estados concordaram em interromper a tímida desaceleração que começara havia duas semanas porque “o número de casos está aumentando exponencialmente e os leitos de terapia intensiva estão ficando cheios novamente”, disse Merkel. O país ficará quase totalmente paralisado na Semana Santa: entre os dias 1 e 5 de abril, todas as lojas estarão fechadas, com exceção das de alimentos, que só poderão abrir no dia 3, e serão proibidas as reuniões ao ar livre.

A chanceler falou à imprensa quando já passavam três horas da manhã para anunciar que o confinamento que está em vigor na Alemanha desde novembro terá que ser prorrogado até 18 de abril. Bares, restaurantes, academias e museus permanecerão fechados até essa data. Duas semanas atrás, Merkel e os governadores dos 16 Estados federados concordaram em começar a abrir pouco a pouco a vida pública. Permitiram, por exemplo, que o comércio não essencial pudesse abrir com hora marcada e estava prevista a abertura das áreas externas de bares e restaurantes. O aumento da incidência de casos tornou isso impossível, segundo a chanceler. As reuniões privadas, que tinham sido relaxadas para permitir o encontro de mais pessoas, ficam novamente restritas a uma única unidade de convivência, além da casa da própria pessoa, e a um máximo de cinco pessoas.

A Alemanha obrigará todos os viajantes a apresentarem PCR negativo ao chegarem de qualquer país do mundo, mesmo que venham de lugares não considerados de risco. Até agora, na maioria dos casos só se exigia uma quarentena de 10 dias dos procedentes de áreas de risco, o que poderia ser reduzido para cinco após um teste negativo. Há poucos dias, o Instituto Robert Koch, a autoridade no assunto, eliminou as Ilhas Baleares e outros territórios da lista de áreas de risco, o que na prática equivalia a permitir o turismo, já que não era necessária a quarentena no retorno. A decisão provocou protestos do setor de turismo alemão e dos Estados federados onde esse setor é mais importante, já que na Alemanha está proibido pernoitar em hotéis se não for por motivos de trabalho.

Faz três semanas que os contágios estão aumentando. Nesta terça-feira a incidência acumulada está em 108 casos por 100 mil habitantes em sete dias, quando em meados de fevereiro esse indicador beirava 60 casos por 100 mil habitantes. Na Espanha, a incidência em sete dias é de 62,5. Nas Ilhas Baleares, de 26,4. A Alemanha constata a pressão aumentando novamente nas unidades de terapia intensiva, onde atualmente há mais de 3.000 internados.

Merkel e os líderes regionais tiveram que interromper sua reunião por videoconferência horas após o início, depois das três da tarde. Segundo a imprensa alemã, não conseguiram chegar a um acordo sobre as medidas. A chanceler defendia o aumento das restrições, enquanto alguns Estados pressionavam por permitir o turismo no interior e continuar a desaceleração. Finalmente, passadas as três da manhã, Merkel saiu acompanhada do prefeito de Berlim, Michael Müller, e do governador da Baviera, Markus Söder.

A Alemanha, declarou a chanceler, sofre “uma nova pandemia” que é “claramente mais letal, claramente mais infecciosa e é contagiosa por mais tempo”. A penetração de novas variantes do coronavírus já é muito alta no país. De acordo com os últimos dados do Instituto Robert Koch, 75% dos novos casos são provocados pela variante britânica.

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As restrições da Semana Santa são as mais duras que se impõem no país desde o início da pandemia. Merkel e os líderes regionais concordaram em estender os feriados oficiais, de forma que quinta-feira, dia 1, e segunda-feira, 5, também serão considerados feriado. Neste período, as lojas de alimentos só poderão abrir no sábado, dia 3, e todo o resto do comércio permanecerá fechado. Não poderão ser celebrados presencialmente missas e outros atos religiosos.

A vacinação avança muito lentamente na Alemanha, como no restante da União Europeia. Até o momento, foram administradas 11,1 milhões de doses, de modo que 9,2% da população alemã foi imunizada com pelo menos uma dose da vacina. No país, as pessoas com mais de 80 anos foram consideradas grupo prioritário desde o primeiro dia. No total, 60% dos cidadãos alemães com mais de 80 anos tomaram pelo menos uma dose.

Atualização: No dia seguinte, nesta quarta-feira, a chanceler Angela Merkel recuou da decisão e atribui a um erro seu. Leia na reportagem publicada em 24 de março.

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