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Macri reaparece na política argentina com um livro e insinua interesse de voltar à presidência

Líder da oposição apresenta ‘Primer tiempo’, um texto no qual faz um balanço dos seus quatro anos na Casa Rosada

Enric González
Mauricio Macri, ex-presidente da Argentina, durante a apresentação de seu livro, em Buenos Aires.
Mauricio Macri, ex-presidente da Argentina, durante a apresentação de seu livro, em Buenos Aires.Guido Martini (Cortesía)
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A shipment of doses of the Sputnik V (Gam-COVID-Vac) vaccine against the coronavirus disease (COVID-19) is transported after arriving at the Ezeiza International Airport, in Buenos Aires, Argentina January 28, 2021. REUTERS/Agustin Marcarian
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Mauricio Macri voltou. O ex-presidente entra em campo novamente do mesmo modo escolhido por sua arquirrival na política, Cristina Kirchner: lançando um livro. Se o dela se chamava Sinceramente, embora não fosse totalmente sincero, o de Macri se intitula Primer tiempo – o que leva a crer que o ex-presidente ainda pretende jogar um segundo tempo, ter uma segunda chance de “transformar a Argentina”.

O homem que em 2019 foi derrotado pela dupla peronista dos Fernández, Alberto e Cristina, apresentou seu livro (que, segundo a editora, já teve 70.000 exemplares encomendados na fase de pré-venda) a um público fiel e dedicado. O Centro de Convenções de Buenos Aires, ocupado pela metade devido à pandemia, explodiu em palmas quando Macri afirmou que “o kirchnerismo é a forma terminal do populismo” e prognosticou que, depois do fracasso do atual Governo, chegariam “vinte anos de reformas e prosperidade”.

Mauricio Macri recorreu ocasionalmente à demagogia (como quando disse que suas políticas teriam permitido “que na Argentina agora houvesse vacinas para todos”), mas concentrou sua mensagem em justificar os erros do seu mandato e salientar os feitos positivos. “Aprendemos com os erros e não voltaremos a cometê-los”, prometeu. A atual crise sob um governo peronista representa também, segundo ele, “um aprendizado” para a sociedade argentina.

No capítulo dedicado ao fracasso econômico, causa fundamental de sua derrota para os Fernández, ele reconhece que houve equívocos. Mas conclui que não deve ser severo consigo mesmo, porque não era possível fazer mais com a ruína que Cristina Kirchner lhe legou. “Quando assumimos o Governo, a Argentina estava em quebra assintomática”, afirmou na noite de quinta-feira, durante o ato de apresentação.

O ex-presidente não esclareceu se pretende disputar a eleição presidencial de 2023, embora o tom eleitoral da apresentação desse alguma pista a respeito. Insistiu que, durante seu mandato, foram obtidas muitas coisas, entre elas uma administração transparente e uma atitude respeitosa com a independência judicial (este, um ponto discutível), e defendeu uma retomada urgente do caminho das reformas. É preciso abrir a Argentina ao comércio mundial, disse, e transformá-la novamente no “gigante” que era um século atrás.

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Macri já não é o líder indiscutível do macrismo. A ex-governadora de Buenos Aires María Eugenia Vidal, o prefeito da capital federal, Horacio Rodríguez Larreta, e a ex-ministra de Segurança Patricia Bullrich alimentam aspirações presidenciais. Poderia acontecer com Macri o mesmo que com sua adversária Cristina Kirchner: desperta muito entusiasmo, mas também muita rejeição, o que dificulta a obtenção de uma maioria eleitoral. Em todo caso, Macri mantém uma intensa conexão emotiva com os seus seguidores. Foi o líder de um movimento muito estimulante para muitos argentinos, e inclusive nos últimos meses de seu mandato, quando tudo era amargura e a reeleição já parecia claramente impossível, conseguia reunir milhões de pessoas nas ruas.

Durante o ato, foram exibidas breves declarações em vídeo de personalidades (como Mario Vargas Llosa, Fernando Savater, Julio María Sanguinetti, Pilar Rahola e Juan José Campanella) que, após os protocolares elogios à obra e ao autor, lhe formulavam uma pergunta. Sanguinetti, ex-presidente do Uruguai, quis saber quando começaria o “segundo tempo” do macrismo. “O segundo tempo já começou”, proclamou Macri. “É preciso entrar em campo.”

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