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Deputada norte-americana Alexandria Ocasio-Cortez revela que sofreu violência sexual

Parlamentar democrata compartilhou o trauma no Instagram ao falar sobre a invasão do Capitólio

A deputada norte-americana Alexandria Ocasio-Cortez, do Partido Democrata, ao discursar em 24 de agosto.
A deputada norte-americana Alexandria Ocasio-Cortez, do Partido Democrata, ao discursar em 24 de agosto.POOL (Reuters)
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FILE - In this July 23, 2020, file image from video, Rep. Alexandria Ocasio-Cortez, D-N.Y., speaks on the House floor on Capitol Hill in Washington. Rep. Ocasio-Cortez's impassioned remarks on the House floor against the vulgar words of a male colleague and a toxic culture that allows it, have resonated with women who say such language has been tacitly accepted for far too long. Rep. Nydia Velázquez, D-N.Y., is seated right. (House Television via AP, File)
O poderoso discurso feminista de Ocasio-Cortez ante os insultos de um congressista republicano

Uma emocionada Alexandria Ocasio-Cortez revelou na noite desta segunda-feira a seus seguidores numa live do Instagram que foi vítima de uma agressão sexual anos atrás. A deputada democrata compartilhou o fato, sem entrar em detalhes, enquanto narrava o que viveu durante o ataque de 6 de janeiro ao Congresso norte-americano. Segundo a deputada, ambas as experiências ―não relacionadas entre si― lhe causaram um trauma. A democrata criticou os republicanos que desejam “virar a página” do ato de insurreição sem apurar responsabilidades. No seu entender, esta atitude responde ao padrão dos abusadores. “Achei que ia morrer”, disse, entre lágrimas, sobre as cinco horas que passou dentro do Congresso sitiado.

Ocasio-Cortez é conhecida por ser uma política muito próxima de seus seguidores. Nesta segunda-feira, por volta das 21h (23h em Brasília), iniciou uma live no Instagram, um hábito que já tinha e intensificou depois do ataque ao Capitólio. Nervosa, pediu desculpas a amigos e familiares pelo que ia relevar. “Muita gente não sabe”, disse com a voz embargada. “Sou sobrevivente de uma agressão sexual”, revelou.

A congressista afirmou que os legisladores republicanos que buscam minimizar o ataque ao Capitólio a fazem recordar as “táticas dos abusadores”. “Como sobrevivente de uma agressão sexual”, ela afirma que estes traumas têm duas caras: o momento em que acontecem, e o que vem depois, a reação do ambiente. “Pensei que não deveria compartilhar minha experiência do ataque ao Capitólio porque diriam que o que quero é falar sobre mim”, afirmou. Mas afinal decidiu seguir as recomendações dos terapeutas do Congresso, que a estimularam a compartilhar o trauma.

Dois dias antes da invasão, a democrata disse que já sentia “ânsias de vômito por causa do medo” do que poderia ocorrer em 6 de janeiro, o dia da manifestação dos seguidores de Donald Trump que resultou na ocupação do Capitólio. Por volta de 14h daquele dia, ouviu pancadas muito fortes nas portas que levam ao seu gabinete, como se alguém as quisesse derrubar. Mas não ouviu vozes, nem gritos – ninguém se identificava.

“Bum, bum, bum”, descreveu a congressista. Um assessor que estava com ela a aconselhou a se esconder. Entrou no seu lavabo e fechou a porta. “Cadê ela?! Cadê ela?!”, gritou um homem que entrou no gabinete. “Naquele momento pensei que tudo estava acabado (...). Retrospectivamente, talvez tenham sido cinco ou dez segundos, mas muitos pensamentos passaram pelo meu cérebro. Achei que ia morrer.”

Então ela enfrentou o homem, branco, que a olhava “com ira e hostilidade”. Não usava crachá, e a deputada, angustiada, continuava sem entender o que estava acontecendo. Seu assessor identificou o homem como agente da polícia do Capitólio, embora não soubesse se estava lá para ajudá-la ou para agredi-la, “de tão hostil que era sua aparência”. O agente ordenou-lhes que fossem para outro edifício. Sem escolta e sem localização específica. Nesse momento, diz Ocasio-Cortez, sentiu que fazia parte da longa lista de pessoas que não podem contar com a polícia.

Por fim conseguiu se refugiar com a deputada Katie Porter. Olharam dentro dos armários para comprovar que não havia ninguém, e pediu uma roupa esportiva emprestada a Porter para se trocar. “Precisava de um traje adequado caso tivesse que saltar pela janela. Estava de salto alto.” Levaram quase cinco horas para poder sair. “As pessoas tuitavam: ‘Estou bem, estou segura’. Não fiz isso porque não me senti segura em momento nenhum naquele dia”, lamentou.

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