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Giuseppe Conte renuncia ao cargo de primeiro-ministro e tentará formar novo Governo na Itália

Decisão, já esperada, visa abrir formalmente uma crise para dar ao atual premiê carta branca para montar seu terceiro gabinete em três anos. Ele terá cerca de 48 horas para reunir apoios

O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, numa entrevista coletiva em Roma, em 18 de dezembro.
O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, numa entrevista coletiva em Roma, em 18 de dezembro.Mauro Scrobogna (AP)
Daniel Verdú
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O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, apresentou nesta terça-feira sua renúncia ao presidente da República, Sergio Mattarella. Conte foi ao Palácio Quirinale, sede da chefia do Estado, depois de uma reunião extraordinária matutina do Conselho de ministros, onde comunicou sua decisão de abdicar do cargo para abrir formalmente uma crise de Governo e permitir um rearranjo de forças. O premiê governa em uma coalizão formada pelos partidos Movimento 5 Estrelas, Partido Democrático e Livres e Iguais. A decisão de Conte, forçado pela falta de apoios no Parlamento depois da retirada do Itália Viva, de Matteo Renzi —que se opôs, entre outras coisas, ao plano de recuperação para sair da crise econômica—, mergulha novamente a Itália em um cenário de incerteza.

Conte pediu a Mattarella que lhe encarregue novamente de formar um gabinete —o seu terceiro em três anos— e sondará as forças políticas para tentar reunir um novo grupo parlamentar que aglutine opositores dispostos a lhe dar o apoio necessário. Depois de se reunir com o presidente italiano, Conte se dirigiu ao Parlamento para anunciar sua decisão aos presidentes da Câmara dos Deputados, Roberto Fico, e do Senado, Maria Elisabetta Alberti Casellati.

O presidente Mattarella fará na quarta e na quinta-feira uma rodada de consultas com os líderes de todas as formações políticas, para averiguar o grau de solidez do eventual novo Executivo liderado por Conte. Espera solucionar o impasse antes do fim de semana. Mas é uma crise em mar aberto, e cabe também a possibilidade de que nesse intervalo apareça um novo nome de consenso para formar o Governo, e que o presidente da República o encarregue disso. Por isso o premiê relutava em renunciar até agora.

A solução passa por formar um novo Executivo do zero, que permita envolver os novos sócios e alcançar um pacto para a legislatura. O problema é que Conte não acredita que, na transição entre os dois gabinetes, surja um nome capaz de substituí-lo.

O grupo de vira-casacas que o Palácio Chigi (sede do Governo) teria conseguido reunir à base de prometer cargos e vantagens no Parlamento —incluindo descontentes do Força Itália, do chamado grupo misto e talvez também do Itália Viva— queria que a crise fosse formalizada para adquirir a visibilidade e a dignidade suficientes para um novo grupo. Mas Conte exigia certas garantias de que será o escolhido para comandar esse terceiro Executivo —algo difícil se Renzi se encontrar no centro do jogo.

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O florentino, inimigo jurado do primeiro-ministro, continua considerando que Conte pode ser substituído facilmente. Se a formação de um terceiro Executivo depender dele, pressionará para desalojar definitivamente o premiê e o seu entorno de confiança do Palácio Chigi. Alguns deputados do Itália Viva, entretanto, prometeram lealdade a Renzi em troca de que ele não mergulhe novamente o país no caos se tiver a oportunidade de formar um novo Governo e resolver a atual crise.

A hipótese de um Governo de unidade nacional só é defendida atualmente pelo Força Itália. O ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, sempre de olho em suas empresas, considera que isso daria mais estabilidade ao país. A outra opção seria que seu partido entrasse para a coalizão, algo que o PD e o próprio Conte veriam com bons olhos. Já o M5S teria muitos problemas para explicar isso aos seus eleitores. Os demais partidos da oposição (a Liga e Irmãos da Itália) preferem a convocação de eleições o antes possível, como recordou no domingo o líder da Liga, Matteo Salvini. A crise começa nesta terça-feira.

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