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Reino Unido se torna o primeiro país a autorizar a vacina de Oxford com a AstraZeneca

Governo de Boris Johnson espera dispor de quatro milhões de doses nos próximos dias, de um total de 100 milhões encomendados ao laboratório

Rafa de Miguel
O ministro britânico da Saúde, Matt Hancock, após ser informado da aprovação da vacina Oxford/Astrazeneca nesta quarta-feira.
O ministro britânico da Saúde, Matt Hancock, após ser informado da aprovação da vacina Oxford/Astrazeneca nesta quarta-feira.DPA vía Europa Press (Europa Press)

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O Governo do Reino Unido autorizou nesta quarta-feira o uso da vacina desenvolvida conjuntamente pela Universidade de Oxford e o laboratório farmacêutico anglo-sueco AstraZeneca. “Depois de rigorosos ensaios clínicos e da análise dos dados por parte dos especialistas da MHRA (agência reguladora), concluiu-se que a vacina reúne os critérios mais rigorosos de segurança, qualidade e eficácia”, disse o ministério britânico da Saúde em nota.

A vacina de Oxford é a grande aposta do Governo Bolsonaro no combate ao novo coronavírus. No Brasil a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) firmou uma parceria com a AstraZeneca que prevê a compra de mais de 100 milhões de doses do imunizante, além da transferência de insumos para a produção local. O primeiro lote da vacina deve ser entregue no início de fevereiro. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disse nesta quarta-feira que foi informada por representantes da AstraZeneca que o pedido para uso emergencial da vacina será feito pela Fiocruz. A nota não menciona qualquer prazo para a apresentação desse pedido.

A nova vacina demonstrou uma eficácia de 62% em seu ensaio mais amplo, com 11.636 voluntários. Entretanto, em uma prova posterior com um subgrupo de 2.741 voluntários no Reino Unido, aos quais foi administrada uma primeira meia dose e uma dose completa quatro semanas depois, a eficácia alcançou 90%.

O Governo britânico encomendou 100 milhões de doses à multinacional e espera receber quatro milhões já nos próximos dias. A nova variante do vírus surgida no país, com capacidade de contágio muito maior, fez disparar o número de infectados nas ilhas britânicas, e a comunidade científica pediu às autoridades que acelerem ao máximo o ritmo da campanha de vacinação. O Executivo anunciou inicialmente sua intenção de alcançar um milhão de vacinados por semana. “Confio, com a nova aprovação, que possamos ter vacinado já nesta primavera [entre abril e julho] suficientes pessoas vulneráveis para que vejamos uma rota de saída desta pandemia”, afirmou o ministro do setor, Matt Hancock, ao canal Sky News.

A vacina da Astrazeneca não exige uma logística de conservação e distribuição tão complexa quanto a da Pfizer, aprovada para uso em 2 de dezembro pela MHRA e que já foi administrada a centenas de milhares de indivíduos. A fórmula do laboratório norte-americano precisa ser conservada a -70o C e só mantém sua eficácia durante pouco mais de três dias com uma refrigeração convencional. A da Astrazeneca, por outro lado, pode ser armazenada a uma temperatura de 2o C a 8o C, como numa geladeira comum.

A MHRA utilizou para a autorização da nova vacina o mesmo mecanismo de emergência adotado no caso da Pfizer, podendo assim acelerar seus trâmites em relação aos da Agência Europeia do Medicamento. Sob a proteção da legislação europeia, à qual o Reino Unido se encontra submetido até esta quinta-feira, quando acaba o período de transição do Brexit, a agência se amparou na emergência da pandemia para agir de modo unilateral. “A notícia da autorização emergencial da vacina de Oxford não poderia ter chegado em um momento mais adequado, dada a rapidez de transmissão da nova variante do vírus”, afirmou Ravindra Gupta, professor de Microbiologia Clínica da Universidade de Cambridge, ao site de divulgação científica SMC. “Os planos para fornecer uma primeira dose ao maior número possível de pessoas são sensatos, mas é necessário dar prioridade ao pessoal sanitário do National Health Service (Serviço Nacional de Saúde, na sigla em inglês), porque se os profissionais sanitários adoecerem, isso representará um maior número de mortes durante este inverno.”

O Comitê Conjunto de Vacinas e Imunizações (JCVI) recomendou ao Governo britânico que utilize as vacinas disponíveis da Pfizer e Astrazeneca para administrar uma primeira dose ao maior número de pessoas vulneráveis, em vez de fornecer as duas doses no prazo recomendado pelos fabricantes. A segunda dose deveria ser injetada nos pacientes em até 12 semanas. “Asseguraremos deste modo que mais pessoas em situação de risco consigam uma proteção significativa nas próximas semanas e meses, e reduziremos assim o número de mortes e aliviaremos a pressão sobre o sistema sanitário”, disse o Ministério da Saúde no comunicado.

Enquanto as vacinas desenvolvidas pela Pfizer e Moderna (esta última pendente de aprovação) são desenvolvidas a partir de uma técnica de última geração que injeta RNA sintético nas células para que elas se encarreguem de desenvolver os antígenos que acionam as defesas, a da Astrazeneca se baseia em um método com mais de 10 anos de vigência, que usa o DNA debilitado do vírus do resfriado comum dos chimpanzés, no qual é inserido material genético do SARS-CoV-2. A vacina recém-aprovada tem um custo de aproximadamente três euros (cerca de 20 reais), contra uma média de 15 euros da fórmula da Pfizer.

A Astrazeneca se comprometeu a assegurar uma distribuição equitativa, suficiente e sem fins lucrativos em todo o mundo enquanto durar a situação de pandemia.

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