_
_
_
_
_

Trump se despede da América Latina com novas sanções a Cuba e Nicarágua

A quatro semanas de deixar o poder, o presidente dos Estados Unidos atinge a indústria turística da ilha e congela os ativos de três membros do círculo de Daniel Ortega

Uma mulher à porta de um bar em Havana, Cuba.
Uma mulher à porta de um bar em Havana, Cuba.EFE/Yander Zamora (EFE)
Jacobo García

Os Estados Unidos impuseram nesta segunda-feira sanções a várias empresas de Cuba dedicadas ao turismo e a três altos funcionários do Governo de Daniel Ortega na Nicarágua: o vice-presidente da Corte Suprema, um deputado governista e o chefe de polícia da cidade de León, acusado de coordenar a repressão a jornalistas.

Apoie nosso jornalismo. Assine o EL PAÍS clicando aqui

O Departamento do Tesouro acusou três empresas cubanas de usarem uma filial panamenha para fugir das sanções de Washington. Entre elas está o GAESA, um grupo empresarial controlado pelos militares que abrange de hotéis e supermercados a serviços portuários e alfandegários. Desde os anos 1990, controla amplos setores econômicos vinculados ao turismo, o motor econômico da ilha. O diretor do GAESA é o general Luis Alberto Rodríguez López-Calleja, ex-genro do ex-presidente Raúl Castro, também alvo de sanções dos Estados Unidos. As outras duas empresas penalizadas são a Financiera Cimex e a Kave Coffee, dedicada ao café.

O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, criticou as medidas e afirmou que Cuba seguirá em frente “sem importar quantas entidades eles incluírem em suas listas espúrias”. “Cada ação da política externa dos Estados Unidos reforça o isolamento e o descrédito internacional ao qual Trump e sua equipe a conduziram”, disse o chanceler. A equipe de Donald Trump, que deixará o poder em 20 de janeiro, argumentou que as sanções são parte de seu compromisso de “atacar o regime cubano por seu comportamento maligno e suas tentativas de fugir das sanções norte-americanas”, segundo o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin.

Mais informações
O ano em que os EUA viveram tudo
(FILES) In this file photo taken on September 15, 2020 View of a sign reading "CUC are not accepted" at a grocery store in Havana. - Cuba will unify its two currencies, the Cuban peso and convertible peso, as of January 1, ending a unique system that has existed for nearly three decades, President Miguel Diaz-Canel said on December 10, 2020. (Photo by YAMIL LAGE / AFP)
Cuba unifica sua moeda e aprofunda reformas econômicas do país
El presidente saliente de EE UU, Donald Trump, en la Casa Blanca, este jueves.
Saída de Trump prenuncia volta do multilateralismo nos organismos econômicos globais

As sanções se somam ao pacote de medidas contra a indústria turística da ilha aprovadas há três meses. Essas restrições afetam viajantes norte-americanos e 433 hotéis e complexos turísticos que fazem parte de uma lista de alojamentos proibidos em Cuba, além de mais limitações às importações de bebidas alcoólicas e charutos produzidos e comercializados na ilha.

“As medidas estão orientadas para privar o regime cubano dos recursos que utiliza para oprimir a população cubana e financiar sua ingerência na Venezuela”, disse então o secretário de Estado, Mike Pompeo.

No caso da Nicarágua, os três funcionários punidos nesta segunda-feira são o vice-presidente da Corte Suprema do país centro-americano, Ramiro Aguilar, o deputado Antonio Gutiérrez e o comandante da polícia de León, Fidel de Jesús Domínguez. Segundo os EUA, Ramiro Aguilar é vice-presidente da Corte Suprema de Justiça e o secretário político sandinista encarregado de garantir que apenas os funcionários afins ao regime cheguem a postos-chaves. Para o Departamento de Estado, como secretário político nacional Aguilar trata diretamente com o presidente Daniel Ortega e com sua vice, Rosario Murillo, para coordenar a perseguição de membros da oposição.

Walmaro Antonio Gutiérrez é deputado da Assembleia Nacional e presidente da Comissão de Produção, Economia e Orçamento, acusado de impulsionar a polêmica Lei de Agentes Estrangeiros, que exige que pessoas e entidades da Nicarágua que recebam recursos do exterior se cadastrem e enviem mensalmente detalhados relatórios mensais ao Ministério do Interior. Fidel de Jesús Domínguez Álvarez, chefe da Polícia Nacional da Nicarágua em León (noroeste do país), é acusado de ter coordenado pessoalmente várias agressões contra jornalistas e opositores.

O Departamento do Tesouro indicou que os três são responsáveis por “apoiar a sistemática identificação, intimidação e castigo dos opositores realizado pelo regime de Ortega”, denunciou o secretário Mnuchin. A sanção implica o bloqueio de qualquer ativo deles no sistema financeiro norte-americano.

Assim como no caso de Cuba, as medidas anunciadas nesta segunda-feira se somam às sanções de outubro quando o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros impôs sanções à procuradora-geral da Nicarágua, Ana Julia Guido, ao secretário da presidência, Paul Oquist Kelley, e à Caixa Rural Nacional, uma cooperativa de economia e crédito próxima do sandinista. Com estas sanções, todas as propriedades e capitais dessas instituições e pessoas nos EUA passaram ao controle das autoridades. Também em outubro a União Europeia decidiu prorrogar por um ano suas sanções contra o círculo de Ortega, dada a “deteriorada situação político e social” no país centro-americano.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_